O Discurso do Príncipe

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Os soldados chegariam em Paris dali algumas horas, mas o voo seria muito rápido.

Lynae já estava sentada na poltrona de couro ao lado da janela. À sua frente estava uma mesa onde ela apoiara um livro de ficção cientifica intocado, ao lado, havia um copo de suco de laranja.

As palavras do rei Markus ficavam vagando em sua mente, por mais que ela as quisesse distanciar.

A princesa certamente não engravidaria nessa viagem, a menos que estuprasse Ryland.

Para sua surpresa, Ryland se sentara ao seu lado, mesmo com diversos lugares vagos pelo jatinho. Ele estava muito ereto, suas costas pressionadas com força contra o encosto de couro e as mãos apertavam o braço da poltrona com tanta força, que suas juntas estavam esbranquiçadas. Seus olhos estavam muito fechados e a boca contorcida, fazendo ele ficar com uma careta esquisita.

– Ryland, você tem medo de voar? – Lynae perguntou, enquanto sorria.

Ele engoliu em seco, seu pomo de adão subiu e desceu quando ele o fez. Ryland abriu os olhos lentamente e a olhou, a pupila estava muito contraída.

– Eu acho que se eu tivesse asas, provavelmente não teria, mas não sou eu que controlo o avião, nem se ele vai cair ou não.

– Sabia que a probabilidade de você morrer tropeçando no banheiro é imensamente maior do que morrer por queda de avião?

– Isso não é reconfortante, Lynae!

Ela riu diante da cara de espanto dele.

– Desculpe.

De repente, o avião começou a tremer por causa dos turbinas que foram ligadas e, em um ato instintivo, Ryland agarrou a mão de Lynae com força e pressionou ainda mais a cabeça contra a poltrona de couro, quase se fundindo a ela.

O avião manobrou por um minuto na pista, até começar a ganhar velocidade sobre ela, fazendo com que o príncipe segurasse a mão dela com mais força, chegando até a doer.

Quando a aeronave deixou o chão, Lynae sentiu aquele friozinho na barriga e a pressão da altitude começar a atingi-la conforme o avião foi subindo cada vez mais alto. Achava a sensação muito boa, mas Ryland não parecia compartilhar desse sentimento.

O príncipe cometeu o erro de olhar de esguelha para a janela e ver a cidade ficar cada vez menor. Ele até mesmo soltou um gritinho, que fez com que Lynae tivesse que fazer muito força para não rir. Supôs que não era a situação para tal.

Assim que o avião se estabilizou a metros do chão, Ryland largou sua mão, lentamente.

– É só fingir que está em um carro. – Lynae tapou a janela e se virou pra ele.

Ryland respirou fundo e olhou pra ela.

– Por favor, não conte a ninguém que gritei.

Ela sorriu pra ele.

– Seu segredo está seguro comigo, príncipe.


Assim que o avião pousou, Ryland saiu, arrastando Lynae consigo, o mais rápido que pode sem correr. Quando já estava fora da aeronave, ele pode respirar mais relaxado, soltando a pressão dos ombros.

Ele a guiou até o carro, o tempo todo com a mão apoiada na lombar da princesa. Ryland estava andando realmente próximo a ela, apesar de Lynae não estar achando exatamente ruim, não entendia porque ele queria ficar tão perto, mesmo depois de ter saído do avião. Talvez fosse o cavalheirismo francês.

Ambos entraram em um carro, que os levou até o lado leste do aeroporto, onde o primeiro pelotão de soldados snöleses cegaria dali a algumas horas.

Perto da pista onde o avião pousaria, havia um amplo espaço organizado para a recepção dos soldados, com grandes tendas armadas; uma mesa enorme, onde estariam comidas e bebidas. Mesas estavam dispostas pelo local, havia uma especial, mais afastada, com cadeiras altas – sem dúvida a que era dedicada a ela e Ryland.

A Rainha da NeveWhere stories live. Discover now