Sem Mais Segredos

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Nos últimos sete dias Lynae não dormiu sozinha. Anneli ocupava o lugar que deveria ser de Ryland ao seu lado na cama. Ao menos dois dias, Lars dormira com elas também, ficando do outro lado da cama, de forma que Lynae ficasse no meio de um sanduiche humano.

Naquele dia em questão, Lars estava ali com um dos braços apoiado no quadril dela e, Anne estava de frente pra ela quase colada ao seu corpo. Lynae podia sentir a respiração quente de sua dama contra a pele de seu pescoço. Também podia ouvir o ronco baixo de Lars atrás de si.

A primeira vez que Anneli disse que dormiria com ela, Lynae negou veemente, alegando que não precisava disso e que estava bem. É claro que Anne a ignorara totalmente e dormira com ela de qualquer forma.

Três dias depois, Lynae ficou feliz de tê-la por perto. A presença de Anneli e Lars fazia Lynae se sentir mais tranquila e ela conseguia dormir melhor. Na verdade, conseguir dormir a noite toda já era uma grande vitória.

Lynae deslizou pelo colchão a fim de sair de entre os dois e ficar em pé. Andou até o banheiro e fechou a porta atrás de si.

Olhou-se no espelho reparando em seu rosto. Três dias atrás os vergões em seu pescoço tinham desaparecido completamente. Os hematomas em suas bochechas eram apenas lembranças, tinham sumido quatro dias atrás, os primeiros. Mas o hematoma em seu queixo ainda aparecia, amarelado, prestes a voltar ao normal também.

Ela ainda usava o curativo na testa, apenas por aparência. Os pontos já tinham se dissolvido em sua pele, mas o ferimento já tinha progredido para uma cura avançada, que em uma pessoa normal não aconteceria. O normal seria que uma linha branca marcasse sua pele, porém, o corte já estava quase desaparecendo.

Sua costela já nem doía mais, exceto quando ela se abaixava, mas era apenas um desconforto suportável.

Lynae abaixou a alça de sua camisola e puxou o curativo do ombro. Droga, droga, droga, droga.

A maioria das pessoas provavelmente se animaria com uma regeneração tão boa, com a ausência de dor, com a cicatrização de um machucado, afinal, isso significava melhora. Mas não Lynae, porque pra ela isso era literalmente o fim.

O que era antes um buraco feito por uma faca, basicamente uma mina de sangue, transformou-se em um amontoado de pele lesionada suturada depois que o médico a tratou. Agora que a sutura já tinha dissolvido, o feriento estava avermelhado e um pouco volumoso, mas sem duvida não se parecia com o que deveria ser. Uma laceração, era isso que deveria parecer.

Lynae trocou o curativo apenas por habito, porque o velho estava branquinho, exatamente como estava quando ela o colocara na noite passada. Também trocou o curativo de sua testa.

Ela ficou se encarando no espelho, em pânico.

Mesmo que passasse maquiagem pra fingir que ainda tinha hematomas, não podia fazer o mesmo com o corte e a ferida. Não podia maquia-los. E também não podia cobri-los pra sempre com os curativos, porque quando chegasse a hora de tira-los, não teria nenhuma cicatriz. Seria como se nunca tivesse se ferido.

Ontem foi o dia que Lynae deveria ir para o hospital para que o médico acompanhasse sua recuperação.

Só que ela estava ótima. Até demais.


Oliver não gostava das novas medidas de segurança impostas após o ataque a Lynae.

Havia muito mais guardas agora, postados em todas as entradas, nas portas dos quartos, andando de um lado a outro pelo jardim, pelos campos, pelo bosque. Guardavam os muros do castelo e os portões; esses em especial não usavam simples pistolas, mas grandes rifles.

A Rainha da NeveWhere stories live. Discover now