O Herdeiro Britânico

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Naquela manhã, após o café, Lynae estava com Anneli se dirigindo ao salão de festas, onde aconteceria o ensaio de casamento.

– Não sei porque precisa ter um ensaio pra um casamento. Um padre vai ficar lá na frente, dizer coisas, vamos repetir, então ele vai fazer a pergunta "aceita Ryland como seu legitimo marido?", eu vou dizer sim, nos beijamos e pronto.

– Essa última parte vocês já andaram treinando, hum? – Anne esfregou o ombro em Lynae, incitando-a.

Lynae tinha contado para Anne tudo que acontecera quando ficara sozinha com Ryland. Até mesmo a parte constrangedora da banheira – e quando ouviu sobre isso, Anne ficou cinco minutos inteiros rindo.

Apesar de Lynae ter deixado claro, que tudo que a dama vira nos jornais fora apenas fingimento de Ryland, Anne tinha dito que ao menos Lynae tinha ganhado um beijo, o que sempre era bom.

– Bem, como você não sabe nada sobre casamentos católicos, acho que é bom haver um ensaio. Além do mais, você precisa treinar a dança dos noivos. – Anne parecia absurdamente animada com a perspectiva do casamento, mais até do que a própria noiva, que era quem deveria estar feliz.

Na noite passada, Lynae tinha pesquisado sobre casamentos católicos, a cerimonia em si. Tinha toda aquela pompa religiosa, o padre, as frases longas.

Em seu país nórdico, os casamentos geralmente ocorriam ao ar livre, no verão, com um mestre de cerimonias, que podia ser um juiz ou uma pessoa com título. Os noivos apenas juravam amor eterno, prometiam se cuidar, aceitavam se casar e depois se beijavam. E os casamentos geralmente possuíam algum tema. Para os snöleses, a festa era sempre mais importante do que a cerimonia em si, já que o casamento era apenas a assinatura de um contrato e a promessa de um amor, que o casal já tinha antes de se casar, geralmente.

O que mais a surpreendeu foi o vestido de noiva. Em Snöland as noivas se vestiam geralmente com cores pasteis, rosa, vermelho, azul ou verde, a cor que mais combinava com a personalidade da mulher ou simplesmente a sua favorita. Já na Grã-Francia, a noiva usava branco. Mas essa parte ela já sabia, porque seu vestido estava pronto a meses.

Pra Lynae, não fazia a menor diferença. Ela só queria que isso passasse logo.

O casamento seria dali há três dias e um frio já tinha se instalado na barriga de Lynae.

No salão de festas, para o ensaio, estavam todos os irmãos de Ryland, ele próprio, sua irmã, Katie, seus pais e a organizadora de festas do castelo

– Ah! Princesa Lynae! Sou Eloisa. – A mulher gorducha veio praticamente saltitando em sua direção e fez uma reverencia. – Que bom que chegou. Já podemos começar então.

O salão no qual estavam era onde aconteceria a festa, após o casamento. Era um lugar imenso, com teto alto e janelas com quase quatro metros de altura, o que fazia o lugar parecer muito maior do que realmente era. Como todo o castelo, aquele lugar também tinha acabamento dourado, candelabros de cristais, pinturas renascentistas que mostravam homens e mulheres festejando. Mas havia algumas peculiaridades, como a cúpula de vidro no centro do teto, o piso escuro lustroso e a completa falta de móveis e decoração.

Sendo um salão para festas, ele só ficaria magnificamente enfeitado e mobiliado para o dia do casamento.

– Certo, vamos ter que usar um pouco da imaginação aqui. – Eloisa bateu uma palma e falou alto para que todos pudessem ouvir. – Vamos fingir que essa é a nave por onde você vai entrar – A organizadora apontou para um espaço vazio à frente da princesa. – Você deve ser lady Anneli, certo? – perguntou a mulher gorducha sorrindo para Anne.

– Sim. A dama mais gata de Lynae.

– Você é a única que eu tenho – rebateu Lynae, rindo.

– Shhhhh.

A Rainha da NeveWhere stories live. Discover now