Neve Caindo

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Já fazia três dias desde que Ryland chegara no Alto da Francia e não estava mais perto de chegar aos raptores dos aviões do que estava quando chegara.

Tinham montado uma espécie de escritório para Ryland no aeroporto, com paredes brancas, um quadro com a imagem de um avião decolando, uma mesa metálica, uma janela logo atrás dele com persianas brancas encardidas e um armário de metal fechado. Com certeza deveria ser a sala de algum dos funcionários do aeroporto. Era uma sala pequena e nada digna de um príncipe, mas era a sala mais perto da sala de comando, onde o príncipe queria ficar. Ryland só precisava de um lugar para analisar os fatos, um lugar onde pudesse ficar sozinho com seus pensamentos.

Em cima da mesa havia um computador e uma pilha de relatórios e arquivos, que o príncipe já deveria ter lido pelo menos sessenta vezes.

Todos relatavam mais do mesmo. Os aviões estavam com quinze minutos de diferença de decolagem, ambos estavam sobrevoando o Mar do Norte quando simplesmente sumiram dos radares, do rastreamento por satélite e as peças ratreaveis pararam de emitir sinais; os sinais começaram a desaparecer um a um, como se tivessem sido desarmados um depois do outro.

Já que tinham sumido no meio do mar deveriam ter sido pegos por um navio, mas como os sinais começaram a sumir sucessivamente e não de uma vez, indicaria que o avião não foi simplesmente abatido, mas verdadeiramente raptado, o que significava que alguém conseguira fazer os aviões pousarem no mar.

Para desativar o restreamento dos aviões precisaria conhecer a montagem dos aviões, sua engenharia e funcionamento, e como eram modelos nativos, só um engenheiro do país saberia fazer, então havia um traidor. Mas Ryland checara os funcionários, a polícia interrogara os engenheiros, mas nenhum deles tinha alguma informação sobre o sequestro, apenas souberam explicar como eles desligaram os sinais emitidos pelos aviões para que eles se tornassem invisíveis.

Ryland cogitou a ideia de membros de seu próprio país terem feito isso, mas precisariam de um enorme navio e tecnologia pra isso e, se fossem grão-franceses, o material utilizado seria provavelmente da Grã-Francia e notariam o sumisso de um navio também.

Ele pensou nos países inimigos, como a Nova Bretanha, o reino Irlandês e o Ibérico, mas nenhum deles teria coragem o suficiente de declarar guerra dessa forma contra a Grã-Francia.

Mas com certeza o crime fora cometido por pessoas que não apoiavam a aliança, porque esse ato certamente coloca a relação entre a Grã-Francia e Snöland em xeque.

Faltava dois dias para o prazo final para a entrega dos grãos e, a menos que Ryland racionasse a entrega de alimento em parte de seu país, ele não tinha uma safra a mais para mandar para Snöland. Eles teriam que esperar. Seria perigoso demais negar comida à seu próprio povo, eles veriam ainda mais motivos para detestar essa aliança e ela já não precisava de mais objeções.

Ryland apoiou seus cotovelos na mesa e afundou seu rosto nas mãos.

Só conseguia pensar em uma pessoa que tinha influência e a cara de pau de fazer isso. Jonathan. Mas infelizmente ou felizmente estava longe demais dele para fazer justiça com as próprias mãos.


Jonathan não parava de pensar que conquistara sua primeira vitória. Dois aviões grão-franceses sob a posse de seus aliados era mais do que motivo para animação. As coisas ficariam ainda melhores quando o grande país nórdico tiver conhecimento de que sua safra de grãos não vai chegar e, portanto, a Grã-Francia não cumprirá sua parte do acordo.

Assim que os soldados snöleses se recusarem a lutar por um país que não honra suas dividas, a Península Itálica pode finalmente emergir com um movimento separatista, que vai enfraquecer notoriamente o reino grão-francês.

A Rainha da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora