A Herança de Sobrevivência

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– Você beijou o Mitchell?!

– Fala baixo, Anne! O quarto do Ryland é ai em frente. – Lynae estava sentada na cama aninhada as cobertas, por mais que estivesse calor lá fora. Ela costumava colocar o ar condicionado em uma temperatura baixa que a lembrava de casa.

– Quando eu disse pra você arranjar um amante como o Ryland estava me referindo ao Jonathan e não ao Mitchell. – Anne estava sentada diante da princesa, abraçando as próprias pernas. – Mas na minha opinião, você arrasou. Eu não sou muito fã de loiros, mas tenho que admitir que Mitchell representa muito bem.

Há muito tempo Lynae aprendera a tratar os comentários de Anne com humor, de forma que, mesmo agora, um pouco apavorada por ter beijado o irmão mais velho de seu futuro marido, estava rindo diante das baboseiras que saiam da boca de sua amiga.

– Anne, Mitchell não vai virar meu amante. Foi só um beijo. – Lynae desviou os olhos para a ponta de seus dedos do pé, que eram a única parte de seu corpo fora do cobertor.

Ela gostava de Mitchell, como um amigo com quem ela podia contar. Ele era bonito e naquele momento, Lynae sentiu vontade de beija-lo, mas por motivos físicos e não emocionais. Ela era uma mulher afinal e tinha esses desejos. Sentia-se horrível por ter "usado" Mitchell pra isso, mesmo que por alguns segundos.

Mulheres também tem desejos impulsivos, ás vezes. Foi o que o próprio Mitchell dissera.

– Uma pena pra você, amiga. – Anne saiu da cama e ficou em pé – Vamos para o café. Você não pode evitar o Mitchell pra sempre, sabe.

– Não estava evitando ninguém. Eu só precisava de um tempo sozinha.

Não era totalmente mentira. Quanto mais tempo passava na Grã-Francia sendo a noiva de Ryland, mais sentia falta de ser uma anônima em Snöland, ou uma princesa de araque, como costumava dizer.


Ryland estava no escritório de sua mãe logo depois do café. Eles tinham comido antes de todos, para evitar que qualquer pessoa pudesse ocupar seu tempo. Isso de acordo com a rainha.

O príncipe estava pronto para que sua mãe desse um cronograma de reuniões para aquele dia e já sentia o sono pesando sobre sua cabeça.

– Como hoje é a véspera de seu casamento, Ryland, vou te dar esse dia de folga.

Ele estava sentado em frente à mesa onde a rainha se sentava do outro lado, fixando seus olhos penetrantes em seu filho. E mesmo assim tão perto, foi difícil para Ryland raciocinar as palavras que sua mãe acabara de pronunciar.

– Dia de folga? – Um sorriso de mais pura felicidade surgiu no rosto de Ryland.

Emilie sorriu e, dessa vez, não pareceu ter alguma coisa perversa por trás do sorriso.

– Sim, querido, um dia de folga.

Ryland se levantou da cadeira com um pulo e contornou a mesa da rainha. Ele segurou o rosto dela com as mãos e deu vários beijos consecutivos em sua testa.

– Mãe, eu te amo tanto.

– Tá bom, tá bom – Emilie deu tapinhas no braço de Ryland, sinalizando para que ele se afastasse.

O príncipe se afastou todo sorridente.

– Seu primo Jonathan vai passar o dia hoje com a princesa da Ibéria no jardim leste. Sugiro que você evite ele se quiser um dia tranquilo.

– Como você sabe onde ele vai passar o dia?

Emilie esboçou um sorriso perverso, se inclinou pra frente e entrelaçou os dedos a frente do rosto.

A Rainha da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora