Cair Lutando

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 Os próximos cinco meses passaram muito rápido.

Depois que o corpo de Lynae se acostumou com os exercícios e seus músculos pararam de doer todos os dias, o aquecimento se tornou uma tarefa mais fácil.

Tinha aprendido a atirar direito e era até que boa nisso, mas desmontar a arma para limpar e remonta-la ainda era algo que ela demorava para fazer, mesmo com Howe a ensinando toda vez.

Era realmente boa no combate, mesmo depois de apanhar para Nil, não perdeu sua motivação para melhorar nessa aula, na verdade, foi bem ao contrario, treinava com mais determinação para ficar mais forte. Sentia-se mais confiante para ir para um combate novamente, mas depois daquilo, o sargento não chamara mais seu nome. Diziam que o sargento estava com medo, de que a princesa ficasse muito quebrada e o rei achasse ruim. Era bem capaz de Markus se satisfazer com isso.

Ela era uma das melhores nas aulas teóricas, tirava as melhores notas nas provas. Imaginava que a educação que recebera no castelo a ajudara significativamente.

Todos os seus esforços a fizeram subir para a classse beta.

Felizmente, depois da luta, Nil desistira de implicar com ela. Howe dizia que era porque ele ainda sentia o chute no saco.

Infelizmente, ele foi o único que desistiu das provocações, mas outros recrutas tomaram seu lugar.

Howe era parte do motivo pelo qual o tempo estava passando mais rápido. Não sabia o quão solitária estava naquele lugar, até ele decidir se tornar seu amigo.

Inicialmente, Lynae hesitou em aceitar a simpatia de Howe, ficou desconfiada e não conseguia acreditar direito que ele queria ser seu amigo, achou que tinha algum motivo por trás disso ou que ele fosse se mostrar um babaca no fim. Mas ele era muito insistente e se aproximava dela sempre que tinha a oportunidade, jogando a amizade que ele tinha a oferecer na cara dela, até que Lynae cedera.

Ela e Howe estavam no refeitório para a hora do almoço e Howe estava em mais um de seus monólogos sobre comida. Ele gostava de falar o quão ridícula a comida do QG e de Snöland era se comparada com outros países. E sempre era de uma forma animada.

Howe não viera de família rica, mas viveu sua vida viajando porque seu pai trabalhava em uma empresa de exportação, pilotando o avião e, desde seus dezesseis anos, ele ia junto para ajuda-lo.

Lynae sabia algumas coisas sobre o Howe depois de diversas semanas de convivência. Ele era bom com armas porque sua mãe o havia ensinado, ela era do exército e morreu em combate como heroína por salvar treze pessoas de um incêndio causado por inimigos, o que foi parte do motivo pra ele se alistar. Ele adorava a neve e todas as vezes que eles iam para a floresta quando estava nevando, Howe ficava olhando pra cima e abria a boca para pegar flocos com a língua. Ele não tinha irmãos e não conhecia seus parentes, porque moravam no extremo norte do país, então, a única pessoa que tinha era seu pai. Ele amava Snöland, mas se tivesse a oportunidade, deixaria o país. A cor favorita dele era branco, a comida favorita dele era pão, ele gostava muito de rock, só conseguia dormir de bruços e gostava de sentir o vento no rosto.

– Sabe, tem um festival que acontece em Adler na primavera e é fantástico. Tem comidas que são melhores do que sexo, quer dizer, não, mas está no páreo. Eu poderia te levar algum dia.

– Me levar? – Lynae sorriu pra ele.

Howe a olhou por um momento, o sorriso vacilou em seu rosto.

– Ah é, eu esqueço que você é a pincesa. – ele riu e coçou a sua nuca. – Você é a princesa e mesmo assim, nunca saiu de Snöland. Isso é meio esquisito, porque você é super rica, deveria poder ir onde quisesse.

A Rainha da NeveWhere stories live. Discover now