Epílogo

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Dois dias. Foi o tempo que ficou sem ver Ryland e ele sem falar com ela.

Nesse meio tempo, Lynae passou caminhando por todo o castelo e descobrindo os lugares onde nunca tinha ido. A biblioteca ficava na ala leste; era muito grande, tinha dois andares e cheirava a papel, madeira encerada e pinho, que deveria ser o cheiro do produto de limpeza usado ali. Na ala sul havia uma pequena capela muito bonita com bancos de madeira brilhante, vitrais de anjos, um altar com imagens de santos e de Jesus Cristo; ela podia não acreditar, mas ainda assim achava bonito. No topo da torre da ala norte havia uma sala com teto abobadado, um projetor que mostrava os planetas e um enorme telescópio na sacada de pedra, apontado para o céu.

Era um castelo lindo que o rei Edward tinha projetado para ser um maravilhoso lar para todos os seus filhos.

Lynae estava na praia na encosta do castelo. Estava usando um vestido azul claro de alcinha feito com um tecido leve, que dançava suavemente em seu corpo, batendo levemente contra suas coxas expostas. Ela caminhava pela beira da água, os pés mergulhados nela, tremulando ao redor de seu tornozelo conforme ela andava.

O dia estava lindo demais. O céu estava azulzinho e perfeitas nuvens brancas e fofinhas deslizavam por ele preguiçosamente mudando de direção. O sol brilhava forte fazendo o calor abraçar o corpo de Lynae feito um casaco natural. A leve brisa refrescante vinda do mar fazia com que a temperatura ficasse perfeita.

O cabelo comprido de Lynae balançava com o vento e mexas dele chicoteavam suavemente contra sua bochecha. Nos últimos dias, ela não tinha feito penteado algum e muito menos qualquer tipo de tratamento com ele de forma que ficava sempre solto com suas naturais ondulações, sempre levemente armado. Lars costumava chama-la de leãozinho por causa de seu cabelo e ela detestava, quando era criança.

A princesa caminhou mais para dentro do mar, deixando a água na altura de seus joelhos, quase molhando a barra de seu vestido.

Mesmo estando há quase dois meses na Grã-Francia, em Nice, em um castelo na beira do mar, não tinha entrada na água ainda, isso porque não usava um biquíni. O mais engraçado era que, apesar de Lynae amar o mar, não sabia nadar. Precisaria de uma boia ou até um colete se quisesse ir mais para o fundo.

A ideia a fez rir. Fora para o exército, mas nem mesmo lá eles a ensinaram a nadar. Não tinha ido para a marinha, então teoricamente essa habilidade não era útil.

Estava aproveitando esse mar, enquanto ela podia. Então, deveria aproveitar de verdade. Ela mergulhou sentindo a água fria fazer seu corpo se arrepiar. Quando levantou, seu cabelo molhado pesado caiu em suas costas, pingando.

Ela passou a mão no rosto, tirando os fios grudados em sua pele e olhou para o sol. Um sorriso surgiu em seus lábios. Lynae respirou fundo, sentindo o cheiro salgado do oceano.

A capela construída no terreno do castelo era pequena, feita de pedra cinzenta com uma cruz dourada na ponta do telhado em forma triangular. Cravos brancos rondavam a construção, dando vida a capela que ficava vazia quase sempre.

Ryland entrou pelas portas duplas de entrada trabalhada em madeira escura.

Dentro havia duas fileiras de bancos, cada uma continha três deles, embora o príncipe soubesse que todos esse bancos jamais foram usados ao mesmo tempo. As paredes continham três vitrais com imagens de anjo em cada lado da igrejinha, feitos com vidros coloridos, fazendo com que a luz do sol entrasse parecendo um arco-íris ao banhar o chão com todas aquelas cores. O altar à frente da capela tinha uma mesa de pedra onde estava uma enorme bíblia aberta; atrás da mesa estava uma enorme cruz com Jesus Cristo pregada a ela.

Ryland sempre achara terrivelmente mórbido ficar olhando para o momento mais doloroso e triste da vida de Jesus. Mas talvez fosse essa a intenção. Mostrar para as pessoas que até mesmo Deus poderia ser magoado. Era normal.

A Rainha da NeveWhere stories live. Discover now