Mutações Genéticas

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Utilizando as pesquisas do Projeto Genoma Humano, Snöland – na época um reino recém formado – decidiu iniciar o Projeto Evolução Humana, que consistia em diversas pesquisas que visassem cobrir as falhas do corpo humano e fazer melhorias no DNA. Na época, isso animou muita gente. Imagina poder impedir doenças genéticas? Ao invés de precisar de transplantes, os órgãos podiam se regenerar sozinhos. Até mesmo neurônios, células que não se regeneram normalmente, podiam ganhar essa capacidade.

Era incrível. Genial. Um milagre da ciência.

Snöland avançou muito nessas pesquisas e conseguiu fazer órgãos se regenerarem, inclusive o coração, quase acabando com a necessidade de se esperar em uma fila de transplante.

Mas então, a guerra começou. Snöland quis expandir seu território, aderir a si mesmo países frágeis para sua nação a fim de mais recursos, já que suas terras eram gélidas e o plantio tinha que ser feito em caras estufas artificiais. Vários outros países não aceitaram isso, como a Grã-Francia, União Russa, Irlanda, e vários outros. E com tantos países contra eles, Snöland fez algo que mudaria a guerra.

O Reino Nórdico fez experimentos genéticos com soldados voluntários fazendo com que a pele, carne e órgãos deles se regenerassem muito mais rápido do que de pessoas normais. Eles também tinha sentidos, reflexos e funções cognitivas mais aguçados. Eram basicamente super-humanos, supersoldados.

Eles eram imbatíveis no começo, até tudo desandar. Vários soldados começaram a sofrer de câncer; metástases extremamente agressivas que surgim quase que do nada e matavam na mesma velocidade. Os que não morriam de câncer se tornavam estéreis ou seus filhos eram aberrações com três braços, sem coração, sem cérebro, sem pernas, ou mesmo sem olhos.

Por causa disso, a Organização das Nações Unidas, depois do país nórdico perder a guerra, proibira terminantemente que Snöland continuasse com suas pesquisas e tampouco eles poderiam fazer qualquer pesquisa envolvendo DNA. Não sem uma analise cuidadosa e a permissão oficial da ONU.

Isso há cinquenta anos atrás. Lynae tinha vinte anos. Era fácil entender que Snöland descumprira a proibição.

Os soldados mutados tinham sido responsáveis também pela mutação do Rabies virus, o vírus da raiva, que se transformou na doença vermelha, uma doença extremamente degenerativa. Recebia esse nome porque o corpo todo da pessoa ficava extremamente vermelho, como se estivesse prestes a pegar fogo.

E Lynae era uma dessas pessoas mutadas com habilidade sobre-humanas. Tinha se regenerado como nunca antes Ryland já vira na vida e ele não conseguia nem olhar mais na cara dela.

Foi por causa de gente como ela que o pai dele morrera. Gente como ela modificara um vírus que matara seu pai. Gente como ela fizera milhares de pessoas morrerem por causa de uma epidemia sem cura.

A porta de seu escritório se abriu, mas Ryland estava ocupado demais com o olhar fixo na madeira de sua mesa. Ele já estava sentado com os cotovelos apoiados na mesa e o queixo apoiado em seus dedos entrelaçados há horas. Já era noite, mas ele ainda não tinha se mexido.

Mitchell teve que bater palmas para chamar a atenção de Ryland.

– Você mandou me chamar com urgência, Ry. O que houve? – Mitch não estava alarmado porque já estava acostumado a lidar com problemas. Ryland gostava dessa forma calma dele de lidar com as coisas.

– É sobre a Lynae.

– Ela está bem? – A tranquilidade de Mitchell ameaçou ruir, mas ele era bom demais em manter o controle para perde-lo agora.

– Sim, ela está ótima, perfeita, praticamente curada. – Ryland cuspiu com raiva.

Foi então que Mitchell deu a volta na mesa e puxou o encosto da cadeira de Ryland para faze-lo ficar de frente para ele. Seu irmão mais velho o encarou com preocupação, do jeito que fazia quando buscava algum tipo de problema escurecendo o olhar de seus filhos adotivos, que no caso, eram seus irmãos.

A Rainha da NeveWhere stories live. Discover now