Fúria de Reis

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Mitchell estava com o coração acelerado desde que contaram a ele o que tinha acontecido. E já faziam quase três horas. Seu corpo pedia desesperadamente para que ele se acalmasse, mas ele não era capaz.

Após a cirurgia bem sucedida de Lynae, ela fora alocada para um quarto particular, mas ninguém podia entrar ainda, por ordens do médico. Era estranho para príncipes e uma rainha seguirem ordens de outras pessoas, mas era o melhor a se fazer de qualquer forma, Lynae precisava descansar.

A sala de espera, onde todos estavam, ficava em frente ao corredor que dava para o quarto. Tinha um sofá, três poltronas e duas plantas altas que enfeitavam os cantos da sala próxima ao corredor. Na parede havia quadros que retratavam o mar, calmo, agitado e em uma tempestade. Uma larga janela permitia que a luz da lua manchasse o chão de prateado e revelasse o céu azul escuro da noite. As lâmpadas fluorescentes no teto deixavam o local muito claro, quase brilhante.

Na sala estava a rainha, sentada em uma das poltronas, o cotovelo apoiado no braço dela e o queixo apoiado em seu punho; seus olhos focavam em algum lugar a quilômetros dali. Steven estava na poltrona logo ao lado e sua perna balançava incessantemente, por um milagre, Emilie sequer comentara sobre isso. Todos os três soldados snöleses que faziam parte da guarda pessoal de Lynae estavam ali, Erik, Vellamo e Axel, em pé ao lado do corredor como se o guardassem, prontos para impedir qualquer um de se aproximar. Anneli estava sentada no sofá chorando nos braços de Lars, que tentava consola-la.

As criadas de Lynae estiveram ali antes, mas voltaram para os aposentos da princesa pouco tempo depois, provavelmente por acharem que aquele não era um ambiente pra elas, mesmo que Anneli tivesse insistido para que elas ficassem.

Mitchell estava em pé, encostado contra a parede ao lado da porta que dava entrada a sala de espera. Seus braços estava cruzados sobre o peito e ele estava com uma expressão neutra, como se não se importasse.

O capitão Axel explicara como encontrou Lynae para a rainha. A princesa estava no caminho entre o bosque, caída, sangrando; ao lado dela estava o corpo morto de um soldado com o uniforme da guarda grã-francesa. Então, ele a pegara do chão e a trouxera direto para o hospital, enquanto Erik ficara, até que os soldado grão-franceses chegassem para ajuda-lo a carregar o corpo para o castelo.

Mitch não conseguia pensar em alguém que pudesse ter motivos para tentar matar Lynae. Matar. A palavra fazia o corpo todo de Mitchell estremecer.

De repente, a porta da sala de espera se abriu com um estrondo furioso e quase atingiu Mitchell, em cheio, por sorte, ele desviou a tempo.

Ryland parecia um furacão, pronto para destruir tudo. Seus olhos estavam injetados, o maxilar rígido, os ombros tensos, os punhos cerrados e a veia saltada no pescoço. Parecia prester a acertar um soco em quem quer que tivesse a audácia da entrar em seu caminho.

– Eu quero ver Lynae – Ele marchou, batendo os pés no chão em direção ao corredor. Automaticamente os guardas de Lynae se posicionaram, mas temendo que Ryland fosse soca-los em resposta e que isso gerasse uma briga horrenda, Mitchell se apressou, junto com Steven, para ficar na frente dele, impedindo o príncipe regente de continuar.

– Ryland, precisa se acalmar... – Mitch começou.

– Me acalmar?! –Ryland praticamente gritou – Alguém tenta matar a Lynae e eu tenho que ME ACALMAR?! – agora ele efetivamente berrou.

Ele deu as costas para Mitchell e passou as mãos no cabelo, as mãos estavam trêmulas. Ele inteiro estava tremendo.

– EU QUERO VÊ-LA AGORA! – Ryland gritou ao se virar de frente para seus irmãos novamente. Seus punhos se cerraram com tanta força que seus dedos esbranquiçaram. Por um segundo, Mitchell achou que fosse levar um baita soco, mas ao invés disso, Ryland socou com toda a sua força a parede, estourando a pele de sua mão e deixando uma mancha de sangue na parede.

A Rainha da NeveWhere stories live. Discover now