Ferida

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 – Não gostei do jeito daquele guarda. Você sabe, um grão-francês mal encarado, não dá pra confiar. – Erik franziu o cenho, consternado. – Além do mais, tinha algo errado. Dava pra sentir.

Axel não dissera nada depois que Lynae dispensara a proteção deles, ficou apenas parado, olhando fixamente para o corredor por onde Lynae tinha saído, como se esperasse que ela fosse voltar e se desculpar por tê-los rejeitados.

Erik costumava falar muito quando estava irritado e, como sempre, Axel o ignorava completamente. Ele já estava acostumado em lidar com o silêncio do capitão, mas hoje estava mais frio e analítico do que nunca.

– E eu acho que a princesa...

– Aquele guarda estava nervoso. Estava com os punhos cerrados, a jugular estava pulsando fortemente, então o pulso dele estava acelerado, não suava e os ombros estavam rígidos. – disse Axel, ainda sem olhar para Erik – A adrenalina estava a mil nesse cara.

Erik aprumou a postura, sentindo-se um imbecil completo por não ter reparado nada disso. A única coisa que reparou era que ele era um grão-francês enorme e muito mal encarado. Por isso, não achava à toa que Axel era capitão, mesmo sendo tão jovem.

– O que isso significa, capitão?

– Significa que devemos ir atrás da nossa princesa.

Quando Axel ficava tenso de verdade a cicatriz em seu rosto ficava mais repuxada, tornando-a mais evidente e seu rosto mais tenebroso.

Antes mesmo que Erik entendesse a gravidade da situação, Axel começou a marchar rapidamente pelo corredor e o outro soldado foi logo atrás, seguindo seu capitão.


Lynae estava tonta e sua cabeça estava doendo ferozmente com um corte aberto em sua testa. Além de seu couro cabeludo que parecia queimar com seu cabelo sendo puxado, como se fosse uma corda.

Ela tentou dar socos no punho do guarda, no pulso, na perna, em qualquer lugar que o fizesse solta-la. Mas nada o machucava, nada o fazia solta-la.

O guarda a arrastava incessantemente para mais longe do castelo.

Seu coração batia a mil, esquentando todo o corpo da princesa, deixando ela em total estado de alerta. Quase podia sentir a adrenalina fluindo em seu corpo e a dando a força que precisava para agir, fosse para lutar ou para fugir. Seu corpo estava lutando para sobreviver e ela faria o mesmo.

Então, ela impulsionou seu corpo com as pernas, jogando todo o seu peso contra o guarda que ainda segurava seus cabelos. Suas costas foi de encontro as pernas do homem, desestabilizando-o e fazendo com que o guarda caísse de joelhos no chão e afrouxasse, mesmo que minimamente, o aperto contra as mechas negras dela. Foi o suficiente para que ela puxasse seu cabelo da mão dele, mesmo que vários fios fossem arrancados dolorosamente de seu couro cabeludo.

Ela se afastou o máximo que pôde, andando feito um animal com os braços e as pernas no chão. A princesa tentou se levantar, mas uma mão forte agarrou seu ombro a empurrando em direção ao chão, pressionando o corpo dela contra o concreto áspero.

Antes que ela pudesse pensar em reagir, sentiu o cano frio de uma arma pressionar sua nuca.

– Não pode atirar em mim – disse Lynae com a voz trêmula – Vai chamar muito a atenção.

– Por isso ela está com um silenciador, princesa.

Tão perto assim, era fácil desviar de uma arma. Na teoria.

Com um movimento brusco, Lynae foi para o lado, jogando sua cabeça para a esquerda e o guarda agiu, atirando. A bala atingiu o concreto levantando poeira e fazendo um buraco nele. O cheiro de pólvora invadiu as narinas de Lynae, trazendo-a se volta a realidade fatal, deixando seus sentidos à flor da pele.

A Rainha da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora