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Não trocamos uma palavra desde o momento em que entrei no carro até chegarmos em casa. Eu sentia o clima pesado mesmo quando Mikey, sentindo minha tensão, punha a mão em meus ombros e sorria amigável. Não conseguia evitar sentir culpa.
Mamãe me lançava alguns olhares estranhos através do retrovisor interno, fazendo-me estremecer.
Ele continuava aconchegante, mesmo que em alguns pontos de suas paredes a tinta já estivesse em falta e a fita de alguns posteres já não mais os segurasse contra parede. Aquele quarto sempre fora o meu lugar favorito no mundo, ele quem me viu gritar e chorar, sorrir e cantar, morrer e renascer, sozinho. Toda a minha história estava ali, no quarto em que eu e Mikey costumávamos a passar horas brincando juntos.
Meus devaneios de adoração pelo local são interrompidos pelo batucar de meu irmão em nossa porta.
-Podemos falar um pouquinho? -Ele diz, adentrando o local e fechando a porta atrás de si.
-Claro.
-Já te disse que senti sua falta, não é? -Mikey abriu um sorriso, parecido com aquele que eu amava ver, mas ainda não era ele. Meu irmão se aproxima, envolvendo-me em um abraço.-É bom ter você de volta, irmão, tão bom!
-Não faz assim, Mikey, você sabe que eu sou bem emotivo.
Gargalhamos juntos e ele passou a mão pelo canto de meus olhos como se limpasse uma lagrima.
-Vai por o seu pijama, descansar um pouco. Tô sentindo a porra do seu hálito alcoólico daqui.
-E-eu não bebi muito, Mikey, foram só dois copos que o Ray me deu e... -Fui interrompido pela mão de meu irmão em meu ombro e seu sorriso acolhedor.
-Tá tudo bem, você não me deve explicações alguma.
Eu não pude evitar, o abracei forte, muito mais forte do que já havia feito qualquer outra vez. Sentia verdade em meu irmão, ele era e sempre seria o meu porto seguro e eu odiava o fato de que ainda não o havia salvado do inferno que é "nossa" casa.
Mikey se levanta, deitando-se em sua própria cama e respirando fundo.
-Lembra de quando éramos crianças e esse quarto virava uma Estação Espacial? Nós lutavámos contra aliens super poderosos. Sinto falta desse tempo, daquela inocência. -Ele diz melancólico, sorrindo fraco para o teto.
Me levantei, aproximando-me e me ajoelhando ao lado de sua cama. Me ocupei em acariciar seus cabelos descoloridos, ao que observava os traços de sua feição. Meu irmão era um homem, o tempo havia passado.
-Você merece o mundo, sabia? -Ele me encara.- Se eu pudesse, tiraria você desse lugar e daria a melhor vida do mundo e eu juro que tô tentando. E-e eu vou te retribuir todo esse apoio, eu prometo!
-Gerard, você sabe que essa coisa de irmão mais velho salvador da pátria é só uma lenda para filhos primogênitos dormirem, não é?
Fiquei em silêncio. Era nítido que não sabia. Mikey sempre fora mais esperto que eu.
-Você pode me fazer um favor? -Ele questiona, deitando-se de lado de forma que ficava face a face comigo.- Me conta uma daquelas história para dormir, como fazia quando éramos crianças?
-Claro! -Levantei-me, cobrindo Mikey até a altura de seu peito com seu cobertor. -Era uma vez, um lindo menino chamado Mikey. Ele tinha um bom coração e amava unicórnios, mas todos sempre diziam que eles não existiam. Um dia, caminhando pela floresta, Mikey encontrou um lindo portal lilás brilhante que o deixou encantado e...-Fui interrompido.
BẠN ĐANG ĐỌC
Hig School For Bad Good Guys (Frerard, Livro 1)
FanfictionGerard Way sempre fora um bom menino, até perceber que estava deixando sua vida passar sem vivê-la devidamente. Sua mãe, Donna Way, decepcionada com as atitudes do filho e em meio aos conflitos que o envolviam, decide que a melhor opção seria deixá...