Dez: Aquele em que o Frank narra

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Sábado.

    Acordar sem "Luke, eu sou seu pai" foi uma experiência estranha naquele ponto. Confesso que já estava começando a me acostumar com a voz asmática do vilão.

   Peguei meu celular abaixo de meu travesseiro, checando que já eram nove horas e dezessete minutos e que já era hora de levantar porque, caso contrário, minha mãe arrancaria minha orelha.

   Um arrepio correu por todo o meu corpo quando meus pés tocaram a superfície fria do quarto, mas logo caminhei em direção ao banheiro para tirar a água do joelho e fazer minha higiene matinal. Desci as escadas em direção à cozinha, onde minha mãe já se encontrava, sentando-me em uma das cadeiras postas próximas a mesa.

-Bom dia querido, achei que você não acordaria! -Ela diz, aproximando-se e servindo me com uma boa porção de ovos mexidos.

-Bom dia, só tava esperando por você para puxar minha orelha... -Resmunguei encarando-a, sorrindo em seguida.-Eu só estou um pouco cansado, nada demais. Onde está o meu pai? Ele não me dirigiu uma palavra desde quando foi me buscar.

-Saiu cedo, está no escritório. A empresa do seu pai irá abrir uma nova filial em um grande país da America Latina, ele está tão atarefado que mal para em casa.

                                                Ergui uma de minha sobrancelhas.

-Em pleno sábado, mãe?

-Sim querido, não entendo muito essa coisa toda mas negócios são negócios.

-Ah, é. "Negócios".

-Frank, o seu pai, ele...-Minha mãe desliga o fogão, sentando-se na cadeira em minha frente.- Ele sonha em um dia te ver na presidência da empresa que ele lutou tanto para chegar a esse ponto no mercado. Você é jovem, ainda dá tempo de fazer as pazes com ele e...

-Mãe, eu não vou fazer isso, me perdoe. Existem coisas na vida que não foram feitas para certas pessoas e a porra de um punk de meio metro de altura ser presidente de um empresa com fama mundial, é uma delas. Entre o meu pai e eu, a única maneira de fazermos as pazes é com ele me aceitando do jeito que eu sou, e isso inclui os meus sonhos. Mãe...-Segurei suas mãos, podendo notar que seus olhos encontravam-se marejados.- Mãe, o meu pai não me ama. Ele ama aquela maldita empresa.

-Frankie, quando você era pequeno, eu já sabia que não iria ser como sempre desejávamos. Você aprontava muito, principalmente quando seus avôs vinham para te levar, você adorava! Eu sei que fui uma mãe um tanto quanto dura em relação à sua educação, mas filho, eu estou dizendo a você: Siga seus sonhos, se é isso o que você quer.

    Meu queixo caiu. Certo, eu sabia que ela tinha sido uma pessoa não muito boa durante grande parte de minha infância e adolescência, porém, eu também sabia que parte daquilo era culpa única de meu pai. Por que aquilo agora?! Quero dizer, que diabos mordeu ela?!

-Mãe, você tá bem?! É sério, tô ficando preocupado. O meu pai te fez algo? Ele te bateu ou, ele gritou com a senhora? Sabe que pode me contar, não é?! Sabe que eu acabo com aquele desgraçado sem nem deixar rastros.

   Linda gargalhou. Aproveitei a deixa para limpar as lágrimas que desciam seu rosto.

-Você já é um homem, Frankie, sabe o que é certo e o que é errado e mesmo que nossas diferenças se encontrem ai, eu percebi muita coisa durante esse tempo que ando sozinha nesta casa.

-Sozinha?! Mas e o meu pai?!

-O seu pai, filho, você sabe. Está certo quando diz que ele apenas ama aquela empresa, ele se tornou um homem ainda mais frio desde o dia em que decidiu mergulhar fundo com os negócios e eu fico aqui, sozinha. Ele passa horas, até mesmo dias no escritório, sai para viagens de trabalho e nem se quer me leva para uma delas. Não atende meus telefonemas, não responde minhas mensagens. Ele não é mais o homem que conheci.

Hig School For Bad Good Guys (Frerard, Livro 1)Where stories live. Discover now