5 | Alguma coisa contra invasão de propriedade?

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Você tem que se lembrar de alguma coisa, senão não teria chegado até aqui, nem teria me encontrado. Então vamos começar do começo: o que você estava fazendo antes de... — procurei as palavras certas — invadir minha casa aquela noite?

Os dedos dele esfregaram a própria testa e Zayn apertou os olhos. Assim que os abriu, me encarou. Seus cotovelos ainda estavam apoiados nos joelhos. Não fazia ideia do que se passava em sua cabeça naquele momento, mas parecia que estava se preparando para contar uma história longa, e era exatamente do que eu precisava: informações.

— Eu estava em Lincoln.

— Lincoln, Nebraska? — Assentiu. Eu puxei uma pequena quantidade de ar para dentro — Isso é... longe.

Fiquei imaginando uma explicação para essa atitude durante os segundos em silêncio pelos quais passamos depois da minha fala. Meu olhar voltou-se ao dele.

— Percorreu mais de setecentas milhas só para pedir a minha ajuda? — Tinha quase certeza que era essa a distância até Fort Collins, no Colorado.

— O lugar onde eu ficava antes de vir para cá era gerenciado por um homem, o nome dele é Thomas. Eu costumava colocar muita confiança no que ele dizia até descobrir todas as mentiras. — Os olhos do Zayn permaneciam presos em mim enquanto provavelmente se recordava das coisas que estava contando — A começar pela minha esposa que ele escondeu. Então, um dia, eu acessei os arquivos do computador da sala dele e...

Notei a distância entre nós dois diminuir com o movimento de suas costas deixando o apoio do encosto do sofá no qual sentávamos, assim ficamos mais próximos, o suficiente para que eu percebesse alguns detalhes em seu rosto que não havia percebido antes, incluindo uma pequena cicatriz na sobrancelha.

— ...tinha o seu nome em todo lugar, fotos suas. Eu não sei o porquê, mas várias informações sobre você estavam arquivadas lá, em um fundo privado, separado dos outros.

Eu estava supresa demais para ter alguma frase na ponta da língua, porém não levei muito tempo até ser tomada pela curiosidade em relação aos espaços em branco da história.

— O quê? Como assim? V-você — fiquei observando a maneira como me olhava, tentando digerir as informações novas — simplesmente viu a minha foto nesses arquivos e resolveu me procurar? Por quê?

— Eu vi as notícias a cerca da investigação, os desaparecimentos, tinham recortes das manchetes publicitárias com seu rosto nelas. — Franzi o cenho. Zayn analisou minhas expressões e pude percebê-lo respirar fundo, se aproximar e continuar: — Achei que pudesse me ajudar a encontrar a minha esposa, que você tivesse algo a ver e por isso ele estava tão obcecado.

— Isso foi um enorme tiro no escuro, Zayn.

Thomas.

Esse é um nome comum, mas eu me lembraria se já tivesse escutado ou lido em algum lugar. Não conseguia lembrar.

— Eu sei. — falava baixo, visto que estava perto o bastante — Mas eu precisava acreditar. Você era a única pista, tudo o que eu tinha naquele momento.

Thomas.

Havia perguntas em excesso tirando a minha concentração. Por que esse homem teria fotos minhas? Ele é o responsável pelos sequestros? A mulher que procuramos é uma vítima do mesmo caso que eu estava investigando? Será que o conhecia antes da amnésia? Se eu conhecesse, minha família teria me contado, não teria?

Sim. Tyler e Emily teriam dito, sem dúvida.

— Ainda é. — completou.

— Você não me conhece. — neguei com a cabeça.

Submersos | Z.MOnde as histórias ganham vida. Descobre agora