22 | O que te faz se sentir humano

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Fort Collins, dias atuais

No momento em que abri os olhos, enxerguei a Zoe. Ela me encarava de maneira curiosa; seu pequeno indicador traçava levemente um caminho pela minha bochecha parcialmente coberta por barba. Quando percebeu que eu a olhava de volta, parou.

— Oi.

Estávamos deitados no sofá miúdo do quarto hospitalar da Barbara. Levantei rápido a cabeça para vê-la, mas seu estado não era diferente daquele em que estava antes que eu cochilasse com Zoe em meus braços.

— Oi, pestinha — respondi.

— Podemos acordar minha mãe? — pediu com um olhar mais do que atento. Suspirei ao ajeitar seus cabelos enroladinhos.

— Ainda não. Ela precisa dormir mais um pouquinho.

— Mas já passou um pouquinho.

— Eu sei. Vamos esperar outro pouquinho, pode fazer isso?

Zoe apenas balançou a cabeça, contrariada. Chequei o horário no relógio da parede. Eu havia cochilado por mais de uma hora; antes disso, fiquei acordado por algumas outras. E Barbara continuava dormindo. A enfermeira nos disse, ao deixar o quarto pela última vez, que era só questão de tempo até que ela acordasse, embora fosse ficar aqui por mais tempo, descansando e esperando resultado de exames. Não achei que demoraria tanto.

Eu estava tão impaciente quanto Zoe, porém sabia disfarçar melhor que a tampinha.

— Você está com fome? — perguntei.

Não obtive resposta, porque não deu tempo. Nesse segundo, um homem alto, de cabelos escuros e curtos, entrou no quarto de hospital. Ele não estava vestido com uniforme, então presumi que não era funcionário, no entanto não precisei pensar muito sobre isso.

— Tio Tyler! — A fala dela esclareceu um pouco as coisas. Saiu do meu colo para ir para o do seu tio.

Levantei-me na intenção de cumprimentá-lo, contar o que aconteceu e explicar quem eu era — talvez ele estivesse se perguntando por qual motivo eu, um desconhecido, estou com sua irmã — contudo esperei-o terminar de abraçar a menor.

— Eu estava muito preocupado! Você está bem?

Zoe fez que sim.

— Mamãe fez um dodói.

Ao contrário do que eu imaginei, não houve espaço para apresentações. O homem apenas virou-se para a maca confortável na qual Barbara dormia e, aproximando-se da mesma, mexeu em seus cabelos devagar e deixou um beijo em sua testa.

Sequer olhou-me no durante.

— Sim, mas ela vai melhorar logo — respondeu.

Ainda sem entender sua postura diante da minha presença, resolvi iniciar o contato eu mesmo:

— E aí? — Estendi a mão. — Sou o Zayn. Eu que socorri a...

— Você já pode ir, Zayn — interrompeu Tyler, dirigindo-se a mim pela primeira vez. Franzi o cenho quando, depois dos meus segundos de vácuo, ele caminhou até a porta do quarto e deu-me passagem.

— Eu só...

— Obrigado por cuidar da minha irmã e trazê-la até aqui. — Apontou sutilmente a saída.

Fiquei parado onde estava, tentando decidir o que faria a seguir. Claramente não estava esperando que o parente da Barbara simplesmente mandasse-me embora; esperava, ao menos, que ele estivesse curioso sobre como chegamos até aqui, nessa situação. Além disso, eu não planejei ir embora sem vê-la acordar primeiro, mas tudo o que eu disse foi:

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