6 | Contentamento descontente

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São seis metros de altura. — apontei lá para baixo, sentindo o vento fraco, porém gelado, empurrar meus cabelos para trás. Zayn tinha encontrado uma forma de sairmos do escritório senão pela porta, visto que havíamos ficado trancados depois que Alex deixou o local — Eu não vou pular. Você pode conseguir se curar, mas eu sou feita de carne e osso e estou afim de continuar com todos eles no lugar.

— Não tem outra saída e essa é a melhor janela, porque tem uma lixeira lá embaixo, nessa direção, ela vai amortecer a minha queda e eu vou amortecer a sua. — explicou. Balancei a cabeça, no entanto, antes que eu argumentasse contra o plano, ele me interrompeu: — Não pensa, só pula.

E se inclinou.

— Não, não, espera! Zayn! — Estiquei o braço para puxa-lo e impedir que pulasse, mas sua roupa apenas esbarrou nos meus dedos. Usei a mão que não estava apoiada na janela para tampar os olhos logo depois de ouvir o barulho do seu corpo se chocando com o latão vazio da lixeira seis metros abaixo.

Chequei no celular: quarta-feira, dia de coleta.

— Esquece! — falei alto, também inclinando o corpo na janela para vê-lo. — Eu não vou pular! Não mesmo.

— Eu estou bem! — respondeu, de pé e com os braços erguidos. — Vem, eu te pego.

Desejei ter a possibilidade de negar mais uma vez, mas sabia que eu precisava pular se quisesse sair dali antes que amanhecesse.

Soltei o ar pela boca, apertando os olhos com força ao passar uma das pernas, hesitante, pelo peitoril. Eu me segurei no vidro acima da minha cabeça para passar a segunda e sentar. Teria que abaixar a janela antes de saltar ou toda essa fuga seria em vão, então fui escorregando o corpo para frente enquanto puxava a haste para fechar. Prendi a respiração ao notar o quão alto era. Meu corpo inteiro tremia — vamos dizer que não sou uma das fãs mais fiéis em relação à altura, nem estou incluída nessa categoria.

— Não precisa ter medo, Barbara, eu estou aqui. Pula!

Desviei o olhar do meu próprio corpo quase pendurado para ele lá embaixo.

— Não vai funcionar se você ficar me apressando!

— Tudo bem. Acho que posso esperar a cafeteria abrir e tomar um café antes de você sair daí. — Escutei seu riso. Quis muito soca-lo por fazer graça disso, e faria se não estivesse com tanto medo.

— Você é inacreditável!

— Vou receber como um elogio.

Escorreguei até certo ponto, então soube que era o momento de soltar. Estava começando a me preparar mentalmente para a sensação de queda quando a haste soltou-se sozinha e a janela fechou com velocidade. Minha mão automaticamente desprendeu com o impacto, o que me fez despencar sem aviso prévio pelos seis metros direto para o Zayn. Lembro de fechar os olhos e reprimir um grito antes de senti-lo me rodear com os braços. Em seguida, seu corpo cambaleou e nós dois caímos no solo da lixeira. Se os vizinhos já não tivessem acordado, agora com certeza acordaram.

Só tornei a abrir os olhos quando senti segurança, ou seja, quando o Zayn resmungou com a voz entrecortada embaixo do meu corpo. Seus braços ainda me apertavam, ele estava imóvel e estirado.

— Eu disse que não ia funcionar! — Acertei o punho contra seu peito ainda tomada pelo nervoso mesmo sabendo que isso causaria cócegas nele, no máximo.

— Espera só... um segundo, está bem? E aí você pode gritar comigo o quanto quiser. — tentava falar. Observei seu rosto, percebendo seus olhos fechados, regulando a respiração. Aproveitei para tomar fôlego.

Submersos | Z.MOnde as histórias ganham vida. Descobre agora