14 | Capitão Reid

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Dias depois, Fort Collins

— Céus, você está se parecendo com uma adolescente enfrentando seu primeiro episódio vergonhoso no ensino médio! — Hailey deixou meu celular sobre a cômoda ao lado da cama na qual eu estava deitada, embaixo do meu edredom e sem alguma vontade de levantar dali. — Poderia responder uma mensagem, ao menos. Não foi nada demais.

— Hm — resmunguei, esticando o braço para fechar a cortina que ela abrira há pouco.

— Vamos! Já te deixei aproveitar sua conversa interior o suficiente por hoje, Hawkins. — A loira tirou o cobertor de cima do meu corpo e voltou a abrir a cortina. A luz forte do sol em meu rosto me fez sentar na cama no mesmo instante.

— São oito da manhã, Hails. — Cocei os olhos.

— Sim! Oito da manhã. E sua filha precisa levantar, tomar café da manhã; vocês precisam se arrumar porque a sua mãe volta hoje para a América, esqueceu? Disse que queria deixar tudo em ordem para recebê-la.

O barulho das palmas da minha amiga preencheu o quarto, atordoou-me os ouvidos e, se já não tivesse acordado Zoe, com certeza acordaria em breve. Eu bocejei e levantei enquanto Hailey me observava.

— Responda o seu amigo misterioso, beijoqueira! Esse drama todo está para lá de exagerado, acredite, não é necessário. — Piscou, logo depois sumiu pela porta.

Passei as mãos pelo rosto e caminhei até o banheiro para tomar banho, escovar os dentes e vestir uma roupa melhor. Dei uma olhada no celular, vendo que Zayn não havia desistido, durante os últimos dias, de falar comigo; apesar disso, ele também não entupiu minha caixa de mensagens, mas mandava uma vez ou outra.

— Bom dia, meu pinguinho de gente favorito! E essa boca suja de pasta? — disse ao pegar minha bebê no colo e seguir para o andar de baixo. Passei o dedão pela lateral dos seus lábios e a sujeira saiu, deixando o sorrisinho dela mais chamativo.

— Tia Hailey e eu estávamos escovando os dentes.

— Hmm, que ótimo! Está com fome?

— Muita, mamãe. Meu estômago já está até ronronando como o Snow — comparou ela. Snow era o gatinho da nossa vizinha, Tatiana, que apareceu de visita algumas vezes por aqui. Zoe acostumou a dizer que o barulho que ele faz é igual ao do estômago dela quando fica muito tempo sem comer panquecas; essa é sua comparação favorita, não importa quem diga que o certo é roncar.

— Oh, tudo bem, eu faço suas panquecas em um instante.

Quando o olhar de Hailey recaiu sobre mim, lembrei-me, automaticamente, de seu último aviso antes de deixar o meu quarto alguns minutos atrás. Ela passou o tempo que pôde me dizendo que o fato de eu ter beijado, desrespeitosamente, um homem casado cuja esposa eu estava tentando encontrar não era nenhuma vergonha, tampouco motivo para as coisas ficarem estranhas, disse que eu devia respondê-lo e simplesmente seguir em frente.

Confesso que era uma tortura toda vez que chegava uma mensagem dele ou uma ligação e eu não podia responder quando fazer isso era o que eu queria, contudo a ideia de que ultrapassei seriamente os limites não me deixava a cabeça.

O pior de tudo, na verdade, não era isso — era que, apesar de ter me arrependido por causa da nossa situação, eu não conseguia negar que havia sido bom, muito bom ceder àquela vontade. Eu não sabia como me desculpar por algo que gostei de fazer e isso é péssimo, nem sabia descrever o quão péssimo é que eu tenha me sentido tão acolhida e confortável nos braços de um homem comprometido.

Submersos | Z.MOnde as histórias ganham vida. Descobre agora