Capítulo 22

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Maria Carmichael.

O baile de inverno chegou tão rápido quanto minha ansiedade, mesmo que Danny não se incomode com qual roupa vou desfilar ao lado dele. Ele deixou claro que estamos nessa juntos, mesmo que eu acabe vestindo uma caixa de papelão.

É o primeiro baile da minha vida. Eu nunca cheguei nessa parte!

Será que ainda sei dançar? Faz tanto tempo que não danço na frente das pessoas. Meus shows são particulares dentro do banheiro ou na frente do espelho. Minha irmã me chamaria de paranóica idiota se me visse agora, sendo que aquela desnaturada era a primeira a zombar quando via. Ariel nunca foi sinônimo de delicadeza, mas eu ainda amo aquele projeto de demônia. Sinto falta até das carrancas azedas que ela me lançava.

Alisei o vestido rosa bebê, ele pendeu apenas de um lado segurando o discreto tomara-que-caia. O tecido na altura das coxas é leve, harmonizando o corpete rendado com detalhes prateados. Melissa fez uma fitagem, na minha opinião, profissional em meu cabelo. Está definido e brilhante como nunca, preso de lado com uma presilha delicada.

Só, e só depois da maquiagem, constatei que estou parecendo uma elfa, ou talvez uma fada. 

─ Maria? Posso entrar agora? ─ Melissa bateu na porta.

─ Sim, quer dizer, acha que...

Ela entrou com tudo, ficando de boca aberta, seus olhos rápidos correram por meu perfil. Um sorriso estonteante marcou a feição da mulher a minha frente, Melissa segurou meu rosto com os olhos úmidos.

─ Você está perfeita, querida, parece alguém da realeza. Linda você já é, essa produção só realçou sua beleza.

Minhas bochechas esquentaram, olhei para baixo engolindo suas palavras com satisfação.

─ Obrigada, tia. ─ Passei os braços ao redor dela, sendo apertada em um abraço. ─ É bom ter a senhora nesse momento.

─ Sempre que precisa, vossa alteza.

Rimos em união curtindo o clima divertido que nos envolveu. Ela se tornou especial, convivendo todos os dias aqui, só me mostrou como é bom a sensação de ter uma figura maternal. Claro que vovó sempre cuidou de mim perfeitamente, mas Melissa é uma experiência nova, ela lembra minha mãe.

Minha heroína de cabelos cacheados, ela era tão desastrada, recordar dos nossos momentos juntas me faz querer sorrir.

─ O Danny está esperando você lá embaixo.

─ Mas já?

─ Já? Vocês estão muito atrasados. Desce logo, vamos vamos. Eu arrumo tudo aqui.

─ Certo, boa noite.

─ Aproveite a festa, meu bem.

─ Pode deixar... Eu vou tentar.

Meus passos causaram barulho na madeira por conta dos saltos de bico fino, são baixinhos, do contrário eu cairia de cara no chão ao primeiro passo. Danny me esperava em seu terno azul marinho, segurando um saco cheio com biscoito de polvilho.

─ Espero que esses biscoitos sejam para sua acompanhante.

Ele pulou assustado e logo me deu seu veredito final. Boquiaberto, Danny se aproximou oferecendo a mão como um perfeito cavalheiro.

─ Com todo respeito ao seu namorado bonitão, você está um verdadeiro pecado. ─ Me fez girar. ─ Se eu não gostasse da mesma fruta que você, pode apostar que nem passaríamos perto daquele colégio.

─ Danny! ─ Abri a boca perplexa, ficando vermelha.

─ Virgem. ─ Afirmou para si mesmo, pensativo. ─ Bom, pelo menos ele tem senso.

A BRUXA SURPRESA | ᵈᵉʳᵉᵏ ʰᵃˡᵉWhere stories live. Discover now