Capítulo 28

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Maria Carmichael.

Hoje é lua cheia.

Não estamos tranquilos com a transformação de Scott, agora que ele virou um ômega, as possibilidades são imprevisíveis e não temos a menor ideia do que pode acontecer. Eu disse que ele deveria pedir ajuda ao Derek, mas Scott se recusa a aceitar. Está confiante que possa conseguir com a ajuda da Allison.

É bom que Allison faça um belo truque de mágica para acalmá-lo. Se ela não conseguir essa proeza, Scott que me perdoe, mas eu vou fazer do meu jeito.

Tranquei o armário encostando a testa nele, a cabeça martelando milhões de coisas ao mesmo tempo. Como vou me concentrar na aula de geografia com a mente cheia?

— Hum... — O fotógrafo, Matt, encostou rente a meu corpo esbanjando um sorriso amigável. — Tudo bem, Maria? Parece cansadinha.

— Só entediada demais para assistir aula. — Sorri fraco erguendo o olhar, um cacho caiu na frente do rosto. — Não é como se eu gostasse tanto assim de geografia.

Matt se apressou tirando ele da frente, estranhei sua atitude, mas deixei passar. Nunca tive a oportunidade de trocar palavras com ele antes.

— Entendo, eu vou passar pela sua turma, quer companhia? — Ofereceu o braço ansioso.

— Vai me arrastar? Eu não estou curiosa com o assunto de hoje. — Brinquei entrelaçando nossos braços. Fiz meu sincero drama. Ele riu me guiando com cuidado.

— Pensei que fosse estudiosa.

— Eu sou, mas não quer dizer que gosto de todas as matérias. Muitos cometem o erro de pensar isso a meu respeito. — Retruquei parando na porta da sala. — Obrigada pela companhia cavalheiro, sem sua ajuda jamais chegaria no meu invejável destino. 

— Não há de quê, bela dama. — Acenou teatralmente, ainda sorrindo. — Eu que devia agradecer por começar o dia bem, olhando alguém tão-

— Carmichael! Vai ficar plantada na entrada para sempre? — A professora colocou as mãos na cintura. — Sente-se!

Assustada entrei correndo, vendo Stiles escondendo o riso com a mão. Desnaturado. Me acomodei do lado dele, logo Scott ocupou o outro assento.

— Você não vai acreditar! — Stiles murmurou. — Hoje no jogo de lacrosse, descobrimos outro.

— Outro o quê?

— Tem outro lobisomem na escola. — Scott respondeu inclinado em minha direção.

— Ainda não entendi o motivo do Derek ter escolhido o Isaac. — Stiles batucou os dedos confuso. Que?

Esse nome... Claro! O garoto de ontem.

— Isaac! — Estalei os dedos incrédula. Não acredito que Derek está tranformando pessoas desconhecidas em lobisomens! — Que diabos, ele seleciona adolescentes? Logo a geração dos hormônios mais instável do planeta.

— Peter disse que se a mordida não transforma, ela mata. Pode ser que jovens tenham mais chances de sobreviver. — Stiles deu de ombros.

— O pai do Isaac foi assassinado, se ele é um suspeito, seu pai pode prendê-lo? — Scott perguntou temendo a resposta.

— Só com provas concretas ou testemunha.

Ah pronto... Tem como piorar! Um lobisomem encarcerado na delegacia em plena lua cheia. Não vai dar certo de jeito nenhum. Derek vai me ouvir bem, como ele deixa Isaac se quer sair de vista justamente HOJE?

— Esperem. — Esfreguei a têmpora me virando na cadeira, chamei a atenção de Danny. — Ei lindeza, você viu o Jackson?

— Na diretoria falando com o xerife Stilinski.

— Porquê? — Stiles sondou.

— Jackson é vizinho do Isaac. — Danny declarou como se fosse óbvio.

Ótimo, piorou ainda mais.

— Testemunha já achamos. — Resmunguei me ajeitando na cadeira. — Temos que ir na diretoria.

— Como vamos fazer isso? — Scott perguntou baixo.

Stiles amassou uma bola de papel e jogou na nuca da professora. A mulher saltou, dando um giro raivoso. As risadinhas da turma só deixaram ela mais fula.

— Quem fez isso?!

Afundei na cadeira e tapei o rosto com as duas mãos, não antes de ver meus amigos apontarem o indicador um para o outro em sincronia. A professora praticamente nos expulsou da sala diretamente para a área da gestão. Nos sentamos nas cadeiras de espera ao lado da entrada.

Scott não perdeu tempo e grudou a orelha na parede, feito um bom fofoqueiro. Puxei um mine pacote do bolso e abri fazendo barulho de propósito, ri quando ganhei um peteleco impaciente do Scott.

― Biscoito de polvilho? ― Stiles sussurrou sarcástico, tentando não atrapalhar Scott. ― Se eu roubar seu estoque você entra em abstinência, vossa polvilheza?

― Uh-hum, você quer? ― Mastiguei um punhado, oferecendo o pacote. ― Duvido que consiga me impedir de comer. Isso é elite, Mieczysław, nunca fica enjoativo.

― Você disse certo! ― Engasgou incrédulo. ― Como?

― Querem calar a boca? ― Scott reclamou, ainda com a orelha grudada na parede. ― Ai não, meu Deus!

— Ouviu?? Ouviu?? Ouviu?? — Chacoalhei seu ombro apressada, ele tentou me estapear cegamente, acertando o ar.

— Sai MM! Temos um problemão.

Antes que perguntássemos o xerife saiu empurrando Jackson consigo. Fiquei ereta mordendo o lábio inferior. Stiles cobriu o rosto com uma revista escorregando na cadeira. Lutei contra vontade de gargalhar, recebendo a famosa encarada conformada de Noah Stilinski.

Ele nem se importa mais com nossos casos investigativos. Não sei se isso é bom ou ruim.

— Eaí, Scott... — Cumprimentou entredentes e me encarou em seguida. Ignorando Stiles totalmente. — Maria...

— Oi tio! — Sorri alegre dando tchau, ele seguiu por entre o corredor dobrando na esquina e sumindo.

— Crianças! — Aquela voz me assustou, virei lentamente pousando a atenção no diretor. Deixei o queixo cair, trocando olhares com Scott e Stiles. — Entrem.

O que infernos Gerard Argent estava pensando, quando resolveu se enfiar nessa escola? Como diretor ainda por cima! As palavras de Derek ecoavam na minha mente, num loop infinito, exitei antes de atravessar a soleira.

Tinha a impressão de pesar uma tonelada, sentei na cadeira parecendo uma pedra tensa. O velho se acomodou atrás da mesa abrindo cerca de cinco pastas até encontrar algo. Nosso atestado de óbito?

— Scott McCall, academicamente não é um dos melhores, mas se tornou um atleta e tanto. Especificamente esse ano. — Leu comedido. Amaldiçoar se tornou meu mantra nesse momento. — Sr. Stilinski, notas perfeitas e sem atividades extracurriculares. — Fitou meu rosto com seriedade, apertando os lábios em uma linha fina. — Maria Carmichael, aqui mostra que você é brilhante, uma aluna bastante aplicada. Olhem eu sou o diretor, mas não quero que me vejam como inimigo.

— Há! Tá falando sério? — Stiles bufou.

Inimigo não, arqui-inimigo! Ele sabe que os alvos do alfa estão nessa escola, ter passe livre para perambular por aqui foi uma jogada de mestre. Temos que salvar Isaac da polícia, depois que sairmos dessa sala.

Alguém tem que ficar aqui, é meu dever apoiar os professores.

— Eu fico! — Stiles se adiantou. Encaramos ele simultaneamente, recebendo um claro sinal para cair fora. — Minha vez, lembram?

— Sim, sim. — Levantei tentando parecer uniforme. — Se cuida, a gente vai pegar a matéria, não se preocupa.

Stiles assentiu compreendendo, sei exatamente o motivo dele querer ficar. Está tentando evitar que fiquemos sozinhos com o caçador, ele é humano, isso é um ponto a seu favor diante desse velho maluco. Arrastei Scott pelo braço ao notar que ele não pensava em se mexer.

A BRUXA SURPRESA | ᵈᵉʳᵉᵏ ʰᵃˡᵉOnde as histórias ganham vida. Descobre agora