Capítulo 1

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27 de março de 1578, Castelo de Chambord, França.

Os primeiros indícios da primavera já estavam evidentes. A paisagem branca e cinza, dava lugar às cores vibrantes da estação mais florida.

O verde volta a colorir os enormes jardins do Castelo de Chambord.
Désirée, desde pequena, sempre amou essa época do ano. Se lembrava do tempo em que era criança, e passava os dias correndo pelo gramado com suas damas de companhia, colhendo flores e procurando por frutos.

A jovem estava em seus aposentos, ainda não tinha se levantado, sabia que quando o fizesse teria uma longa conversa com seu pai, a Escócia estava pressionando pelo seu noivado com príncipe James.

Os raios de sol ultrapassaram a seda das cortinas, aquecendo o rosto da menina, uma forma sutil de incentivo para que se pusesse a postos.

— Vossa Alteza, bom dia. Deseja se trocar agora? Sua Majestade pediu para informar-te que após o café da manhã, deseja falar com a senhora. — Lady Mary, uma das damas de companhia, indaga à princesa, reverenciando-a.

— Bom dia, Mary. Já disse que não precisa me chamar de Alteza, apenas Désirée. Somos amigas. E sim, gostaria de me trocar, por gentileza. — a princesa responde de forma doce, enquanto se aprumava.

O vestido escolhido para o dia de hoje, era um preto justo, de mangas longas, com um decote sutil na altura dos seios em formato oval e alguns detalhes em dourado no entorno do recorte.

Désirée vestiu todas as camadas de roupas íntimas, até chegar ao corset trançado, no qual Mary a auxiliou nas amarras.

— Obrigada. — murmurou a princesa.
A lady saiu logo após terminar de ajudar Sua Alteza a se vestir.

Désirée estava sentada em frente a penteadeira, escovando seus longos cabelos ruivos como fogo, escolheu apenas um ornamento em dourado para enfeitá-los, finalizando o visual com brincos de ouro.

O Castelo de Chambord era um dos palácios mais belas da França, construído pelo sonho de Francis I, hoje era onde a família real passava grande parte dos dias.

Os inúmeros corredores ornamentados com detalhes do mais puro glamour, ouro, mármores e pedrarias enfeitavam as paredes, assim como grandes quadros dos monarcas que antecederam.

Désirée tinha chegado à sala de jantar para o desjejum, fora cumprimentada várias vezes por funcionários e nobres do palácio, mas ainda não tinha encontrado seu pai.

— Vossa Alteza. — anunciou o cozinheiro.

— Bom dia, para hoje temos frutas, pães retirados do forno nesse instante, geleias, manteiga, chás e contamos agora com uma bebida que recém chegada das Índias, o café.

—  Bom dia e obrigada, senhor. — a jovem se sentou à mesa, servindo-se com uma fatia de pão com manteiga, morangos e uvas, aproveitou para experimentar a nova bebida.

O café da manhã prosseguiu tranquilo, Désirée estava comendo sozinha, suas damas de companhia não quiseram acompanhá-la. A princesa sempre tentou tratar suas damas como verdadeiras amigas, tinha grande consideração por elas.

Ao se levantar foi à procura de seu pai, que não estava em seu gabinete e nem mesmo no salão principal do castelo, onde ficava o trono. Deduziu que só poderia estar, por fim, na área externa, local que utilizavam para treinos de luta com espada ou corpo a corpo.

Seu palpite estava correto. O pai estava lá, vestido com roupas de treino, empunhando sua espada.

— Papai. — chamou a menina.

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