Capítulo 17

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26 de maio, de 1518, Palácio de Buckingham, Inglaterra

Henry estava sentado na cadeira em frente à mesa de seu pai, tinha as mãos na testa, acariciando as têmporas. A Inglaterra estava em surto. Faziam dias desde que a carta do confidente misterioso chegou na corte alertando da guerra, seu pai não quis acreditar que uma rainha tão nova e inexperiente fosse capaz de tomar essa atitude. A Rainha Désirée não tinha absolutamente nenhum conhecimento sobre guerras, declarar uma contra a imponente Inglaterra era um tiro no pé, seu pai dizia.

Pois bem, não demorou dois dias após o alerta, uma carta nova dos nossos correspondentes na Escócia avisando que a França havia interferido e matado cerca de vinte homens ingleses que já estavam prontos para invadir Edimburgo.

A essa altura, o rei William já se descabelava, aos gritos que poderiam ser escutados por todo o reino.

— Papai, gritar para que todos escutem não é a nossa melhor saída, creio eu. — Henry tenta apaziguar os ânimos, os gritos de seu pai estavam lhe dando nos nervos.

— Oras Henry, não pode ser tão estúpido que não se importa com seu próprio país sendo derrotado em terras onde deveriam ser nossas? — rei William esbraveja.

Henry revira os olhos, não adiantava discutir com o pai, ainda mais no estado que ele se encontrava.

A perda de vinte homens parecia pequena comparada com o tamanho das tropas inglesas, no entanto, a Inglaterra já havia perdido uma guerra para França antes.

O rei William andava de um lado para o outro na enorme sala de seu gabinete. A movimentação deixava Henry irritado e impaciente.

— Que diabos, papai. Ataquemos a França então, levaremos toda a cavalaria e invadiremos o país. — Henry se levanta.

— Não. Melhor, iremos esperar.

O rei para no centro da sala, e apoia a mão no queixo como se tivesse uma ideia brilhante.

— Perdão? O senhor quase abriu um buraco no chão de andar de um lado para o outro, esbravejou tão alto que tenho certeza que o povo do Novo Mundo escutou e agora quer dizer que iremos ficar de mãos atadas? Não iremos contra-atacar? Vamos simplesmente sentar e observar a França conquistando o que é nosso? — Henry estava perplexo e incrédulo.

O rei, calmamente, se dirigiu à sua enorme cadeira, e senta-se, ignorando o olhar julgador de seu filho.

— Você tem razão. Me excedi e esse é um dos maiores defeitos que um rei pode ter. Paciência é uma virtude. Tomar decisões no calor do momento nunca trazem boas coisas. É preciso esperar o momento certo de atacar. Cautela é a chave do sucesso.

— E qual é o momento certo?

— Désirée é apenas uma menina. Pode ser rainha, mas continua sendo apenas uma garota. Ela não sabe lidar com tanto poder, ao ver que teve uma pequena vitória, consequentemente vai se dar por vencida, e baixar a guarda. E é aí que atacamos.

Henry permanece em silêncio. Seu pai, por mais arrogante que fosse, tinha muito conhecimento sobre política, guerras e estratégias de vitória, afinal, fazem mais de 20 anos que ele estava no poder.

O príncipe nada mais havia a falar com seu pai, resolveu sair da sala e organizar os pensamentos.

Os últimos dias tinham passado num piscar de olhos, Henry quase não teve tempo de treinar o suficiente, com uma guerra chegando, era mais do que preciso estar preparado para o combate.

Henry nunca teve que ir para guerra, apesar de ser herdeiro, suas habilidades e experiências se resumiam a torneios que participava pelos países.

Agora ele precisava estar mais do que pronto, o príncipe sabia que em algum momento teria que passar por isso, ir à luta, correr risco de vida em prol da defesa de seu país e de seu povo e

Desejada Where stories live. Discover now