Capítulo 12

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Castelo de Chambord, França.

O burburinho de pessoas comentando sobre o que tinha acabado de acontecer era a única coisa que quebrava o silêncio ensurdecedor que se fazia no jardim.
James estava de joelhos em frente Désirée, segurando um anel de diamantes, enquanto a princesa estava pálida, a qualquer momento iria desmaiar, e do lado esquerdo, assistindo tudo de camarote, havia Henry que não conseguia esboçar nenhuma reação.
A menina engoliu em seco quando percebeu que já faziam alguns minutos que estavam naquela posição. O momento que foi preparada sua vida toda havia chegado.

O que antes era apenas a ideia de um casamento político, agora deu o primeiro passo para a concretização.

Ela precisava responder, sabia que precisava, não tinha outra resposta a não ser sim, ela sempre teve em mente que esse dia chegaria, que de fato, seu livre arbítrio de uma união por amor, seria tomada por interesses políticos. Ela sempre soube. E isso não lhe incomodava, a garota nem sequer tinha pensado sobre isso durante os 10 anos que se passaram desde que aquele menininho atravessou o jardim de Chambord. Só que agora era real. E nunca pensou que seria tão difícil essa decisão. Até a chegada de um certo príncipe loiro de olhos azuis.

Sentiu vontade de vomitar ao pensar em Henry, a estranha sensação de estar perdendo algo que nunca nem ao mesmo foi seu de verdade.

— Eu a-aceito. Aceito me casar com você. — a voz trêmula da princesa não demonstrava a emoção de quem tinha acabado de ser pedida em casamento, mas sim, a triste história de uma menina abdicando de seus desejos.

James sorriu largamente para ela, colocando a jóia no anelar esquerdo da menina. Logo em seguida, a rodopiou e abraçou forte. Désirée não esboçava reação nenhuma, apenas deixava ser guiada.

Uma dor insuportável a atingiu no momento em que seus olhos pousaram sobre os olhos tristes de Henry. Désirée estava abraçada a James e mantinha contato visual com Henry.
Um milhão de palavras não ditas ficavam explícitas naquele olhar. A sensação arrebatadora de perder algo que nunca teve doía muito. Para ambos.
Henry, por fim, virou-se de costas e sumiu por entre as pessoas. E James beijou os lábios de Désirée pela primeira vez.

A princesa estranhou o toque imediato, mas lembrou-se que aquilo se tornaria cada vez mais frequente, afinal, seriam marido e mulher. Por mais que o beijo de James não tivesse lhe arrepiado como o de Henry.

Henry. Henry. Henry. A lembrança do único beijo e a expectativa do que poderiam ter tido, agora, não passava de uma neblina se desmanchando no fundo das memórias de Désirée.

Diversos convidados vinham cumprimentar o novo casal. Lorde Edward comemorava aos berros pela maior conquista escocesa nos últimos anos: o casamento com uma rainha.

— Minha filha, como estou orgulhoso de você. — o rei sussurrou em seu ouvido. — Sua mãe estaria orgulhosa de você.

Désirée conteve uma lágrima teimosa que insistia em cair de seus olhos.

— Obrigada pai. — foi a única coisa que conseguiu responder.

O rei Charles parabenizou James pela atitude e disse que abençoava a união.
O futuro casal decidiu dar uma volta de canoa no lago, no caso, James sugeriu e Désirée não teve outra opção, a não ser aceitar.

— Devemos marcar uma data. — James falou.

— Data?

— A data do casamento, a cerimônia, o quanto antes, se possível. 

— Ah claro, a cerimônia. Sim, devemos. — Désirée respondeu completamente alheia, observando o reflexo bruxuleante das velas no lago.

— Está tudo bem? Você parece distraída.

Desejada Where stories live. Discover now