Capítulo 10

100 11 2
                                    

Castelo de Chambord, França. 

O sol tímido da manhã aquecia gentilmente o rosto de Désirée que estava sentada numa mesinha tomando chá com James. Desde a chegada de Henry, as coisas entre eles tinham ficado um tanto quanto esquisitas. Então, a garota aceitara de bom grado, ou então, apenas por peso na consciência mesmo.

— Eu me dediquei ao máximo e não consegui. Não sei qual a parte pior, para ser sincero, se foi ele te dando flores ou ele saindo com aquele sorrisinho arrogante. — James bufou.

Désirée apenas bebericou calmante seu chá de jasmim, abstraindo os problemas externos.

— Bom, você é bom no arco e flecha e ficou provado isso, vocês quase ganharam. Sobre as flores, a maioria dos vencedores oferecem flores às rainhas e princesas após a partida, você sabe disso. E quanto a arrogância, somente ignore. — Désirée deu de ombros.

— Não gosto dele, não sei dizer o porquê. — o escocês comentou. 

Se ele sonhasse o que aconteceu duas noites atrás, teria motivos suficientes para não gostar dele realmente, pensou a princesa. 

— Você sabe quando ele vai embora? 

— Eu? Não. Por que eu saberia? 

— Vocês dois estavam próximos demais esses dias. 

— Não me venha com essa, sou a princesa e portanto, tão anfitriã quanto meu pai, fui educada com o príncipe em todos os momentos. Apenas isso, e não. Não sei quando ele vai embora. — Désirée mentiu. — Provavelmente, deve ir embora após o fim dos torneios, já que só participou de uma partida até agora. 

— De qualquer forma, qualquer distância entre você e esse insolente ainda é pouco. — James bebeu seu chá. 

Désirée não disse mais nada, apenas continuou apreciando a brisa branda que refrescava sua pele, enquanto o sol a aquecia. 

A companhia de James não era de todo ruim, ele era um rapaz bonito, alto, com cabelos e olhos castanhos, deixaria qualquer mocinha solteira aos surtos por uma oportunidade de se casar com ele. Todavia, Désirée não conseguia sentir o mínimo de atração por ele, mesmo com todos os atributos que o escocês tinha. 

Ela sabia que a maioria dos casamentos entre monarcas era por puro interesse político, amar seu parceiro era exceção e não a regra, então, basicamente a princesa aceitou que seu destino era uma aliança política que acarretaria na ascensão francesa. Entretanto, quisera ao menos se sentir atraída pelo seu futuro cônjuge, afinal, uma hora eles iriam consumar o casamento, e era esquisito ser com uma pessoa que ela não sentisse nada. 

— Você sumiu no meio da festa, esqueci de te perguntar o que houve, aconteceu algo? — James perguntou. 

Désirée sentiu as mãos gelarem com a pergunta.

— Eu fui me deitar, estava com uma dor de cabeças daquelas. — a princesa mentiu mais uma vez.

— Sinto muito, fiquei preocupado com você. Achei que poderia ter sumido porque aquele imbecil a chateou.

— O imbecil a qual o senhor se refere, é o príncipe Henry? Você está dando mais créditos do que ele realmente mereça. — Désirée deu de ombros.

— Eu sei, mas é que ele me...

— Ele te irrita, eu sei. Só que você precisa deixar isso de lado, se será meu consorte um dia, terá que aguentar e ser cortês com meus convidados na corte. — a menina o repreende. 

— Eu sei, perdoe-me, talvez eu esteja agindo de maneira idiota, pelo ciúmes.

Désirée arregalou os olhos ao escutar a última palavra. Era só o que faltava. Casar por conveniência é algo que ela poderia lidar, visto que os interesses da França estavam acima dos seus, mas ter que aguentar crises de ciúmes, já era demais.

Desejada Onde histórias criam vida. Descubra agora