Capítulo 20

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4 de junho de 1518, Castelo de Chambord, França

O tempo se arrastava até chegar o grande dia do casamento. A aliança entre os dois países estava prestes a ser selada.

O dia que Désirée esperou por toda sua existência havia chegado, desde que começou a se dar por si, escutava de sua mãe sobre seus deveres como princesa, sempre dizia-lhe que ela deveria ser uma boa esposa, que ela se casaria com um príncipe e eles seriam felizes. Sua mãe nunca deu conselhos de como ser rainha, afinal, nem mesmo a rainha Claude tinha aprendido a ser rainha, apenas ser esposa, não é como se ela pudesse passar algum conhecimento para Désirée, já que sua trajetória como consorte, fez com que ela somente se esforçasse em ser uma boa esposa e dar herdeiros ao rei. Herdeiros, outro motivo pelo qual a falecida rainha Claude nunca ensinou sua filha a ser rainha, já que pretendia dar um herdeiro legítimo, um verdadeiro varão, passou o resto de seus dias tentando. Não passava pela cabeça de sua mãe que Désirée fosse realmente capaz de um dia assumir o trono legitimamente, sem precisar de um homem para lhe fazer rainha.

Mesmo com toda preparação que sua mãe lhe deu para esse dia, Désirée estava completamente perdida. Era seu casamento e ela não sabia o que fazer.

Quer dizer, ela sabia o que fazer. Diria "sim" perante a Deus, assinaria a união de dois Estados, partiria para suas obrigações matrimoniais.

Sentiu o estômago embrulhar com o pensamento. Nem mesmo anos de preparação mental seriam capazes de acabar com a dor aguda que a ansiedade da consumação do casamento causava à menina.

"Querida, você precisa somente relaxar. Seu futuro marido se encarregará de todo o resto." dizia sua mãe. Désirée gargalhou de nervosismo.

A garota observava o reflexo no espelho da penteadeira, ainda estava de manhã, mas desde muito cedo, a movimentação de pessoas pelo castelo já mostrava que os preparativos para a cerimônia estavam a todo vapor.

Não tinha visto James desde o passeio no jardim, imaginou se ele estava tão nervoso quanto ela. Désirée passou os últimos dias tentando ao máximo trabalhar com a ideia de que, talvez, era melhor ela tentar enxergar James como seu homem, não apenas o marido que seu pai lhe arranjou com interesses puramente políticos.

Não devia ser uma tarefa difícil, já que James, além de ser um cara muito atraente fisicamente, ele era um bom rapaz, talvez os anos juntos tornem a convivência mais amena, talvez...

A garota se levanta e caminha para junto à janela, observando o jardim sendo decorado para a festa que aconteceria a noite. Vários empregados corriam carregando caixas e mesas por todos os cantos.

Désirée se enfiou em devaneios, ao imaginar como seria se tivesse escolhido Henry, se naquela madrugada fatídica, tivesse dito "sim" ao inglês, teria mudado o destino, seu pai ainda estaria vivo? Ela ainda não seria rainha?

Désirée sentiu o amargo do rancor em sua boca, não conseguia acreditar, mesmo passando dois meses, que Henry teria matado seu pai a sangue frio, só que todos os indícios apontavam para ele.

Seu coração tinha acatado essa opção, que ele realmente matou seu pai, que atacou a Escócia por nada. Não tinha como ignorar que Henry era herdeiro do trono da maior potência mundial, não era como se ele fosse colocá-la acima dos interesses da Inglaterra, todavia, ele não precisava tomar decisões tão inescrupulosas.

O som de batidas na porta anunciava que alguém estava por entrar.

- Com licença, Vossa Majestade. O mensageiro pediu para que lhe entregasse esta carta. - um dos guardas que garantia a proteção dos aposentos reais aparece por uma fresta.

Desejada Where stories live. Discover now