Capítulo 3

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Palácio de Buckingham, Inglaterra

Henry estava há alguns minutos tentando dizer a Thomas, o mensageiro real, que o misterioso envelope endereçado da corte francesa, que dizia que só poderia ser aberto pelas mãos do próprio rei William, para que deixasse a carta com ele. Como herdeiro, ele devia estar a par de tudo que estava acontecendo de importante. O garoto repetia que assim que terminasse de ler, iria passar o conteúdo para seu pai, que estava caçando.

O velho Thomas se deu por vencido, era quase impossível fazer Henry mudar de ideia quando colocava algo na cabeça.

Com a carta em mãos, foi para seu quarto para que pudesse ter privacidade. A princípio, Henry estranhou todo aquele mistério, uma carta sem remetente, evidenciando a necessidade de ser lida apenas pelo rei, e não por qualquer outro nobre que trabalhava com a diplomacia.

O conteúdo o surpreendeu mais ainda. Uma pessoa que dizia que traria novas informações sobre a corte francesa; as informações sobre o futuro casamento da aliança entre França e Escócia.
A corte francesa contava com um traidor disposto a falar detalhes confidenciais para os ingleses? A troco de que? Como alguém seria tão benevolente de entregar informações tão sigilosas sem pedir nada em troca.

— Que diabos? — Henry pensou alto.
Guardou a carta dentro do envelope e o fechou novamente.

Estava rezando para que seu pai já tivesse voltado da caçada para que pudessem conversar sobre o ocorrido.
O príncipe saiu de seu quarto, com a carta no bolso de dentro de sua roupa. Passou pelo saguão principal, procurando por seu pai, que não o encontrou, mas encontrou sua mãe, Anne, sentada em seu trono.

— Meu filho, por onde andou o dia inteiro? — a senhora acena sorrindo.

— Sua benção mamãe, estava treinando um pouco. —o menino mentiu, mas sabia que seu pai ficava nervoso quando compartilhava assuntos políticos com sua mãe. — Aliás, a senhora sabe se papai já chegou da caçada?

O casamento dos pais era o exemplo clássico do que era um casamento político. Ambos se odiavam, seu pai tinha um milhão de amantes, diversos bastardos, sua mãe, cumprira com êxito sua missão de lhe dar herdeiros, eles tinham 5 filhos: Henry, Arthur, Isabella, Clarissa e Hendrick.

— Seu pai chegou a pouco tempo, está no gabinete. — Anne responde.

— Preciso falar com ele. Com sua licença, minha mãe. — o príncipe beijou a mão de sua mãe e saiu rumo ao gabinete.

A mente de Henry estava em perfeita confusão, se tinha algo que aprendera com seu pai, é que ninguém é bondoso o suficiente para dar algo sem esperar nada em troca.
A carta em si era muito estranha, não apenas por ser anônima, mas também, porque além de tudo, tinha o selo real com o brasão da família Valois, isso significava que quem escreveu, era alguém que tinha acesso direto aos assuntos do rei.

Henry chegou em frente ao enorme gabinete de seu pai, que estava sendo protegido por dois guardas que o reverenciaram, permitindo a passagem do garoto.

— Com licença, meu pai, poderíamos conversar? — o príncipe chama, e seu pai que estava escrevendo algo, levanta o olhar para ele.

— O que houve, Henry?

O menino nada disse, apenas entregou o envelope para seu pai, sentando-se em uma das poltronas. Analisou minuciosamente cada expressão que o rei fazia enquanto lia a carta.

— Quando chegou isso?

— Hoje cedo.

— Por que não me entregou antes de abrir?

Desejada Where stories live. Discover now