Capítulo 15

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8 de maio de 1518, Palácio de Buckingham, Inglaterra.

Henry estava completamente sem reação. Primeiramente, estava sendo acusado de assassinato, a coisa mais descabida que tinha lido. Uma mentira deslavada, quem diabos poderia inventar algo desse tipo? Ele não tinha matado o rei coisa nenhuma, ele nem sequer tinha motivos para isso, quer dizer, motivos tinham de sobra, e quem olhasse por fora podia realmente achar que o príncipe teria cometido o crime, já que o rei se recusou a aceitar negócios com a Inglaterra, Escócia e França estavam quase consumando a aliança,

Désirée tinha se recusado a largar James por ele. Désirée. Esse era o único motivo pelo qual Henry jamais seria capaz de ter matado o rei Charles.

Por mais que ele soubesse que tudo que Désirée e ele poderiam ter tido, acabou antes mesmo de começar, ele tinha certeza que se fizesse tal ato, nunca mais teria o perdão da garota. E Henry que talvez um dia se reencontrariam novamente.

No momento, Henry estava sentado diante de seu pai, que analisava atentamente cada detalhe da carta.

- Magnífico! - exclamou o rei.

- Perdão? - Henry franziu o cenho sem entender nada.

- É magnífico que você tenha tido uma relação com a princesa, digo rainha. Por que não me disse antes?

Henry revirou os olhos para o pai.

- O senhor ao menos prestou atenção no conteúdo da carta? Estou sendo acusado de assassinato. - o garoto berrou.

- Meu filho, você fez mais do que esperava. Achei que sua ida à França tinha sido em vão, porém vejo que você tomou as decisões corretas. Essa aproximação que teve com Désirée é preciosa, ela é quase rainha. Poderemos usar isso para tentar novas alianças no momento certo.

- Qual a parte do "estou sendo acusado de assassinar o rei" você não entendeu?

O rei William deu de ombros, voltando sua atenção para o documento em sua frente, estava assinando a permissão para que fossem enviadas mais tropas inglesas para continuar a invasão na Escócia. Era o momento oportuno para pressionar os escoceses, e consequentemente a França o máximo possível.

- Você é Henry Stuart. Príncipe de Gales, futuro rei da Inglaterra. Ninguém terá cacife o suficiente para levar qualquer que seja a acusação em seu nome para frente. Agora, se possível, vá procurar algo para fazer. Tenho assuntos particulares a tratar.

Henry pensou em responder, mas achou mais prudente atender ao pedido do pai e deixá-lo sozinho.
Decidiu andar um pouco a cavalo para espairecer e colocar os pensamentos no lugar. Foi até o estábulo e ele mesmo preparou o animal para a cavalgada.

Começou em um ritmo tranquilo, até que o cavalo estivesse cortando as colinas ao redor da floresta, o vento deixava os cachos loiros do rapaz desgrenhados.

Henry tentava imaginar quem poderia acusá-lo de assassinato, principalmente, assassinato do rei, não conseguia imaginar ninguém que quisesse prejudicá-lo dessa forma. Ele nunca seria capaz de matar o pai de Désirée, ele sabia o quão importante o pai era para a menina, por mais que o breve relacionamento que tiveram, fique escondido nas névoas da memória, jamais faria algo que a magoaria dessa forma.
Désirée. Em breve, oficialmente Rainha da França com apenas 16 anos. Henry gostaria de estar lá para que pudesse consolar a garota quando descobriu da morte de seu pai, queria estar lá assistindo na primeira fila sua coroação.

O coração do garoto apertava com a possibilidade de Désirée acreditar que ele teria feito isso. Ela conhecia ele, sabia que não faria isso, era o que ele desejava em silêncio.

Desejada Where stories live. Discover now