Capítulo 18

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26 de maio de 1518, Palácio de Buckingham, Inglaterra

Convite de casamento. União matrimonial. Henry olhava o pedaço com o brasão Valois e a assinatura da rainha.
Désirée ia mesmo se casar. Henry nem ao menos sabia se podia chamá-la somente de Désirée ainda, visto os últimos acontecimentos, muito provavelmente que não.

Seria redundância falar que Henry não sentiu um aperto no peito ao ler o conteúdo da carta, não é como se ele esperasse que um dia uma carruagem ia chegar ao palácio, descendo dela uma Désirée pronta para largar o tratado e governar a França e a Inglaterra juntos. Só que o pegou desprevenido.

Henry percebeu que era hora de usar sua antiga amante como exemplo, era o tempo de priorizar a única coisa que realmente importava para ele: a Inglaterra.

Ao contrário do que seu irmão dizia, ele não ia atrás de um casamento. Não é como se não fosse importante ter uma noiva a altura, só que não era o momento para isso. Henry precisava se dedicar ao máximo para o que estava por vir, uma guerra.

Aliás, outra guerra entre França e Inglaterra. Assim como aquela que seus antepassados lutaram, e aquela que seu avô, o rei Richard IV, consagrou-se como um dos maiores monarcas de seu tempo.

Henry deu uma última olhada para a escrita "A Rainha Désirée I da França e seu noivo príncipe James Smith de Edimburgo convidam Sua Majestade e família para celebrar a união de seu matrimônio", suspirou e guardou o convite no bolso de seu casaco.

Foi direto ao estande de tiro, que era onde ele treinava, tinha uma espécie de espantalho em uma das laterais do local, que servia como base para treinar golpes mano a mano, já era tarde e com certeza ninguém gostaria de treinar luta livre com ele agora, então, o espantalho serviria para isso.

Henry dava várias e várias sequências de socos e pontapés no espantalho, certificando-se de que ao dar um soco, manteria a guarda alta, era uma regra crucial para se ganhar na luta mão a mão: mais importante que os golpes deferidos no adversário, é manter a guarda alta e sempre se manter alerta na defesa. Seria muito mais fácil treinar se tivesse um adversário de carne e osso, mas isso teria que ficar para amanhã e Henry não queria ter que esperar o amanhã para começar a treinar.

O suor escorria pela testa do príncipe e uma dor aguda se acumulava nos músculos de seus braços e nos dedos das mãos, agora calejados, de tantos golpes que dera no espantalho.

— Se seu intuito é destruir o espantalho ou quebrar sua mão está no caminho certo. — a voz fina de uma mulher assusta Henry. Era sua irmã, Isabella.

— Por Deus, Isabella, se quer me matar de susto, você está no caminho certo. — respondeu o garoto com a mão no peito.

A menina dá uma risada gostosa. Isabella era dois anos mais nova que Henry, aliás, a diferença de idade dos filhos do rei William eram pequenas. Henry estava próximo a completar dezessete anos, Arthur tinha quinze, Isabella quatorze, Clarissa doze e Hendrick, o caçula, tinha apenas dez anos.

— O que faz andando por esses cantos do palácio essa hora? — Henry perguntou.

— Estava entediada, não aguento mais ouvir falar do meu casamento, mamãe, Clarissa e as damas de companhia só falam disso, está me irritando.

— Achei que estivesse contente, seu sonho era se casar.

— E é, mas eu mal conheço meu futuro noivo. Muito sei que seu nome é Gabriel e vai ser o futuro rei de Portugal, além de herdar as terras do Novo Mundo. — Isabella respondeu com um sorriso triste e Henry sentiu seu coração apertar. Ele, muitas vezes, se esquecia que ser um monarca atingia seus irmãos também.

Desejada Where stories live. Discover now