Capítulo 2

242 25 21
                                    

10 de abril de 1578, Castelo de Chambord, França.

Désirée estava sentada em uma mesa no jardim, tomando seu chá durante a manhã, assistindo os membros da corte fazendo suas atividades corriqueiras.

— Ouvi dizer que seu amado está chegando muito em breve. — o som da voz de George, seu primo, despertou a menina de seus devaneios.

— Não tenho amado.

O mais velho ri sarcasticamente, Désirée suspira fundo.

— Seu noivo, achei que era seu amado, já que quando era mais nova, dizia que seu sonho era casar com alguém que você amasse.

A princesa apoia a xícara de porcelana com chá de lavanda cuidadosamente em cima do pires, e se vira olhando para seu primo.

— Meu único amor é pela França, se estou noiva hoje, é por amor à França, país pelo qual vou ser rainha. Você sonha tanto em um dia ser rei, deveria saber que sacrifícios são feitos para governar um país. — a ruiva responde, e o garoto bufa.

— Só não sei como reagirá quando tentarem usurpar seu trono, colocando-te apenas como rainha consorte.

— Escute bem George, ninguém irá usurpar o meu trono. Ninguém irá me deixar de escanteio, a coroa é minha por direito e não vai ser a Escócia, nem você, nem qualquer um que irá me tirar do lugar que eu pertenço por direito. — Désirée se levanta, alterando a voz, irritada com o comentário.

Seu primo se levanta, também. E apenas dá um sorriso simpático para a menina.

— Cuidado priminha, inimigos estão por todos os lados, querendo sua cabeça em uma bandeja. — George se despede dando um beijo no rosto de sua prima, que rapidamente limpa com força sua bochecha.

Nem mesmo os raios solares da manhã de primavera conseguiriam melhorar o humor péssimo que Désirée estava após o breve diálogo com seu primo.

George é poucos meses mais velho que ela, é filho do irmão do meio de seu pai, e desde que se entende por gente, vive em uma disputa com ela, pois o sonho do garoto é conseguir passar à frente na linha de sucessão da coroa, pois para ele, uma mulher jamais seria uma boa rainha e quanto menos, governar de maneira adequada a França.

Désirée no começo não dava tanta importância às provocações de seu primo, porém, quanto mais velhos ambos iam ficando, mais ia aumentando o nível de perseguição que o menino tinha com ela.

A garota, por fim, desistiu de terminar seu chá, e decidiu ir para seu quarto repousar. Aproveitou, para solicitar que suas damas de companhia a acompanhassem.
A única coisa boa depois de ter o desprazer de cruzar com seu primo logo no começo do dia, foi ter se lembrado que James chegaria ao castelo hoje.

— Como você está se sentindo? Quero dizer, você vai conhecer seu noivo depois de muito tempo. — Clair, uma de suas damas de companhia e amiga, pergunta à garota, que estava deitada em sua cama.

— Não sei, é uma sensação estranha, para se dizer o mínimo. A última vez que vi ele, tínhamos 6 anos, que foi na nossa cerimônia de noivado, não sei como ele é pessoalmente, os quadros não mostram realmente a forma que a pessoa é. — princesa respondeu, sincera.

— Eu sempre quis me casar, ainda quero, na verdade, mas por amor. — Camille, outra dama de companhia, comenta.

— Casar por amor é um privilégio que eu não tenho. — Désirée dá de ombros.

— Mas o amor nasce com o tempo, talvez com o passar dos dias de seu casamento, você comece a amar James. — Mary tenta confortar Sua Alteza.

— Não é algo ruim de todo modo, eu faria e faço, qualquer coisa pela França. Agora me ajudem a escolher um vestido para recepcioná-lo. — Désirée imediatamente corta o assunto casamento e amor, não é como se ela ainda não tivesse uma pitada de esperança, guardada em um lugar bem escondido de seu coração, sobre o amor, ela só preferia aceitar que definitivamente seu único compromisso era com a coroa.

Desejada Onde histórias criam vida. Descubra agora