6 - 20 Dias

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Dia 20 Depois do apagão

Murphy

20 dias sem ninguém. A eletricidade já tinha sumido em alguns lugares. Murphy começou a reconsiderar regressar na prisão. Teria de retirar todos aqueles corpos, mas pelo menos teria geradores que permitiriam ter luz e alguma água quente.

E, para piorar a situação, alguns animais do Zoológico já tinham conseguido escapar, e estavam esfomeados.

- "Remember me, for centuries!" - Cantou Murphy, andando pela avenida.

Os corvos já comiam os inúmeros corpos que existiam espalhados por todo o lado, batendo as asas e fazendo aquele som estranho, lutando pela carne podre.

Murphy fez uma careta e continuou seu caminho. Achara cigarros e colocou um na boca, acendendo ele. Deu mais alguns passos, olhando para o lado, e quando olhou em frente, depois de escutar um rosnado, parou.

Tinha um cachorro, parado, na sua frente, mostrando os dentes de forma ameaçadora.

Murphy ergueu um pouco as mãos. - Calma aí, amigão. - Disse com sua voz forte.

O cachorro abaixou ligeiramente a cabeça, se preparando para correr.

- Oh merda. - Disse Murphy.

E foi nesse momento que algo que ele não esperava aconteceu.

Uma garota surgiu na esquina do prédio, segurando um arco na mão e chamando um nome estranho ao cachorro.

- Zeus! Volta aqui! Mas o que...

E ela parou, olhando ele como se visse um fantasma.

Murphy franziu o cenho. Era uma garota, uma garota ruiva, de olho verde, vestida de negro. Um ser humano. Um ser humano vivo!

Eles ficaram ali, olhando um para o outro, e a garota tocou na cabeça do cachorro, devagar, e depois, igual cascavel, tirou uma flecha da bolsa que tinha nas costas e mirou a sua cabeça, erguendo o arco. 

Murphy ergueu as mãos.

- Quem é você? - Perguntou ela. - Como está vivo?

Ele assentiu. - Faço a mesma pergunta. Eu pensava que era o último ser humano vivo.

Ela estreitou os olhos, visivelmente nervosa. - Responde!

- Murphy Summers. Quer o tipo sanguíneo e saber de onde eram meus tetravós?

A garota deu um passo em frente, perdendo o nervosismo e parecendo assustadora. Murphy deu um passo atrás.

- Eu estava brincando, abaixa isso! Que mau humor!

- De onde você veio?

Murphy riu. - Daqui. Estou aqui á 20 dias.

Ela abaixou o arco, franzindo o cenho. - Impossível. Eu estou aqui á 20 dias e nunca vi nenhuma pessoa viva.

Ele abriu os braços. - Está vendo agora. - Murphy suspirou e abaixou os braços. - Olha, vamos parar com isso, sim? Sabe me dizer porque motivo estão todos mortos? O que aconteceu? E segundo, posso saber seu nome? Você sabe o meu, já, isso é meio que injusto.

- Tou nem aí. - Disse ela rapidamente. - Você não viu?

- Vi o quê? Pessoas caindo mortas no chão? Sim, querida, vi, bastantes até. Mas você sabe porquê?

- Não.

- É só você?

A garota indicou o cachorro, agora sentado. - E o Zeus.

Murphy respirou fundo, sem saber o que sentir ou o que pensar. Achava que nunca mais iria ver uma pessoa viva na vida, e agora ali estava aquela estranha garota, de olhar ameaçador e armada com um arco, uma katana e ainda trazia uma arma num coldre.

LegadoWhere stories live. Discover now