46 - Estamos a Salvo

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Andei pelo corredor enorme e pouco iluminado, segurando a katana em uma mão e, na outra, a cabeça do irmão do Murphy, que deixava um rasto de sangue por onde passávamos.

Parei em cada porta por onde escutava barulho, matando tudo o que mexesse. Mas eu queria chegar em quem trabalhava diretamente com o Summers. Eu queria acabar com aquilo.

De repente, abri uma porta, totalmente aleatória, e parei.

Tinha um monte de pessoas ali, a maioria estavam deitados nas estranhas mesas, como os meus amigos. E, em redor deles, várias pessoas vestidas de branco pararam, me olhando.

Joguei a cabeça do Summers para dentro da sala, e vi o horror espelhado no rosto de todos eles.

- Oh não. - Disse um dos homens. Depois olhou a mulher. - Chama todos.

Sorri. - Estão mortos. - Sacudi a katana, sujando o chão de sangue. - Isso acaba aqui.

O homem, devagar, olhou a mulher. - Acorda eles.

Percebi que quem estava deitado nas mesas, eram os homens que a gente enfrentara na cidade.

A mulher carregou em alguns botões do laptop, antes de eu lançar uma faca que se espetou na sua cabeça.

Todos começaram a gritar, fugindo, mas a única saída era atrás de mim, e eu fechei a porta, trancando.

Cada um, pegou em vários objetos para tentar me parar, mas eu matei cada pessoa que se aproximava, antes de os corpos nas mesas começarem a se mexer.

Abaixei um pouco e ergui a katana, preparada para o que viria.

O líder, pelo menos eu sempre vira ele sendo o líder, me olhou, reconhecendo e avançou sobre mim, tirando uma faca do cinto.

Girei e bati com o punho da katana mas suas costas, empurrando sobre outros dois homens e girando, cortando a cabeça de mais um.

- Vou acabar com você, patricinha!

Sorri. - Não conseguiu na cidade, acha que consegue aqui?

Avancei e senti a faca dele cortar o meu braço, abrindo um ferimento fundo. Ergui o cotovelo e bati no seu nariz.

Apenas restou ele e eu, lutando naquela sala cheia de corpos e coisas espalhadas, o que tornava nossos movimentos pouco precisos.

Meus braços estavam doendo, mas minha raiva pela morte de Bill e Jared eram maiores, então eu não desistiria.

O homem segurou o meu pescoço e me jogou na parede, me prendendo com seu braço e sempre apertando meu pescoço. Tentei me libertar, mas ele apenas sorriu.

- Acabou, loirinha. - Falou. - Não matei vocês na prisão, mas você vai morrer aqui. Depois irei atrás da ruiva.

Abri os olhos e sorri. - Gostaria de ver isso.

- E verá, lindinha. Junto com o seu pai de mentira.

Me sacudi, mas ele me segurou com força.

De repente, senti sua mão na minha blusa, levantando ela e olhei ele.

- Vamos brincar, primeiro. - Falou.

De repente, lembrei que minha mão ainda segurava a katana. Ergui a mão e espetei a katana na sua barriga.

Ele me olhou, chocado, e de olhos muito abertos. Sorri e puxei a lâmina para cima, sentindo seu sangue e suas entranhas caindo sobre mim.

Ele parou de me apertar e caiu no chão.

Larguei a katana e deixei que as forças me abandonassem. Estava terminado. Tudo acabara. Sentada no chão, chorei, chorei bastante e depois ergui a cabeça.  Peguei a katana e levantei, indo até junto do laptop que acordara os homens.

Encolhida no chão, estava uma mulher, chorando e tentando se esconder de mim. Ergui a katana na direção dela.

- Levanta.

Ela ergueu as mãos e levantou. - Não me mata, por favor. Eu... Eu só estava fazendo meu trabalho. Minha família morreu naquele dia, também.

Indiquei a porta. - Ótimo. Assim saberão que em breve estará com eles. Anda!

Levei ela pelo corredor, de volta na sala de vidro e depois indiquei meus amigos.

- Acorda eles.

Ela me olhou. - Eu não posso.

Encostei a katana no seu pescoço. - Agora!

- Eu preciso das impressões digitais do Summers para ativar o sistema que fará eles acordarem.

Inclinei a cabeça para o lado. - Porque não falou antes?

Me aproximei do corpo morto do Summers e cortei a mão dele, com um único e simples golpe da katana. Depois fui de novo na direção da mulher e entreguei a mão a ela.

- Usa.

Ela estremeceu, mas usou o os dedos dele para ativaro sistema e as luzes no laptop começaram a piscar. Depois soltou a mão, como se queimasse e me olhou.

- Está pronto. Alguns minutos e eles vão acordar.

Me aproximei dela, olhando nos seus olhos.

- Vocês mataram todo o mundo. - Falei. - Eu perdi pessoas por causa das ideias brilhantes de vocês.

- Ashley, eu não...

Sorri. - Foi a primeira aqui dentro que acertou no meu nome.

Movi a katana num movimento muito rápido e a cabeça dela caiu aos meus pés antes mesmo do corpo bater no chão.

Olhei os tubos e me aproximei deles. Guardei a katana e peguei o machado de Murphy, que estava junto dele, regressando nos tubos. Respirei fundo e bati com força no de Bill, fazendo ele quebrar, fazendo com que um monte de água e vidro se espalhasse pelo chão.

O corpo dele caiu, e me aproximei, chorando. Tirei alguns fios de cabelo do seu rosto e encostei a testa na sua.

- Você foi o melhor avô que eu tive.

Depois levantei e quebrei o tubo do Jared.

Assim que ele caiu no chão, abaixei junto dele, colocando a katana junto de mim.

Comecei a chorar e toquei no seu rosto.

- Lamento Jar. Lamento não ter estado lá para proteger você. - Fiz carinho no seu rosto. - Você não podia morrer. Não assim.

Enquanto chorava, nem percebi que tinha movimento atrás de mim. Não antes de sua voz chegar até mim.

- Ash?

Levantei de um pulo, pegando a katana e erguendo, colocando na minha frente.

Murphy estava ali, de pé, me olhando. Claro que ele seria o primeiro a acordar.

Larguei a katana e corri, abraçando ele, que parecia perdido, sem nem me importar com a minha roupa sujade sangue.

Eu tinha apenas dezasseis anos. Só dezasseis anos, e eu matara todo mundo ali dentro. Sozinha. Eu matara todos eles.

- O que aconteceu aqui? Onde estamos? E porque...

Me afastei, vendo Murphy olhar Bill e Jared. Ele parecia perturbado.

- Eu descobri, Murphy. Eu descobri a verdade. Acabou tudo

Ele me olhou, de cenho franzido. - O quê?

Limpei as lágrimas. - Estamos a salvo.

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