24 - Condenado

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Murphy

10 anos antes...

- Vai dormir aí?

Ele olhou para o lado e sorriu.

- Terminei já.

Levantou, passando as mãos nos jeans gastos e arrumando suas ferramentas. Saiu da sala ampla, lavou as mãos, pegou as chaves do carro e saiu.

Assim que chegou na rua, pegou um cigarro e acendeu, esperando o amigo que trancou a porta, parou do seu lado e esticou a mão, pedindo o acendedor.

- Mary tá em casa?

Murphy assentiu. - De folga, hoje.

- Da próxima vez temos de marcar um jantar. Eu, Giselle, você e a Mary.

Murphy sorriu, colocou o fumo para fora e passou a língua pelos lábios.

- Faz marcação para cinco.

O outro franziu o cenho. - Cinco? Não. Somos quatro.

- Exato, somos cinco. - Insistiu Murphy.

O outro entendeu e riu, batendo no ombro dele. - Fala sério? O que você fez com a garota, tadinha?

Murphy revirou os olhos. - Quer que eu explique o que eu fiz?

- Melhor não. Poxa, parabéns, cara. Soube agora?

Murphy negou. - Tá de três meses, já.

- Fico feliz, viu? Vocês merecem. Vai lá ter com ela. Amanhã às 6:30h? Assim bebemos um café antes.

Murphy assentiu, andando na direção do seu carro. - Fechado.

Dirigiu até casa, ansioso por chegar, mas sem dirigir nas pressas. Tinha de pensar nas duas vidas que agora tinha para cuidar.

Respirou fundo. Tinha de ligar para a sua mãe, para contar que ela iria ser avó, e já quase imaginava a reação dela. Dela e do seu pai. Iriam stressar, falar besteira, mas quando o bebê nascesse iriam aparecer com presentinho, não ligando nada para ele, somente na criança. E iriam infernizar a mente da Mary, falando como e o quê ela deveria fazer.

Estacionou o carro atrás do da namorada e saiu, vendo as luzes acesas. Tirou a chave do bolso e abriu a porta.

- Cheguei! - Gritou.

Sem ter resposta, Murphy foi na direção da sala, para colocar sua jaqueta, mas parou assim que chegou na porta. A jaqueta caiu no chão e ele ficou ali, parado, sem reação.

Mary estava deitada no chão, de olhos fechados. Em seu redor, uma poça de sangue gigante se formava, manchando o tapete. Ela tinha dois tiros no peito e um outro na barriga.

- Mary... - Murphy ajoelhou no chão, junto do corpo, ignorando sua calça no sangue. - Mary, acorda!

Ele colocou a mão no seu pescoço, não sentindo pulsação. - Não, não faz isso comigo. Acorda, por favor. - Suas mãos tremiam.

Depois seus olhos viram a arma, junto do corpo, e ele pegou, franzindo o cenho. Mas o que...? Olhou o corpo e começou a chorar. Alguém tinha feito aquilo? Alguém matara ela?

Tirou o celular do bolso e ligou para a emergência, só conseguindo na terceira tentativa, de tanto tremer.

- Eu preciso de uma ambulância! Rápido! - Murphy passou a mão pelo cabelo. - Minha namorada foi baleada! Tem uma arma aqui.

- Senhor, calma. Está dizendo que tem uma arma? O atirador deixou a arma?

- Eu... Eu não sei! - Gritou. - Anda logo! Tem uma arma e minha namorada não está respirando. Ela estava grávida!

LegadoWhere stories live. Discover now