48 - Protegida

24 1 24
                                    

Meses depois...

Lauren

Suspirei, cansada, e fechei os olhos por dois segundos, segurando minha filha, que estava sentada na minha frente, na minha cama.

Escutei a porta abrindo e vi Murphy entrar, com um pano no ombro e uma mamadeira na mão. Ele se aproximou e esticou os braços, pegando na Jill.

- Eu fico com ela. Vai tomar um banho e descansa. - Falou.

Sorri. - Você é incrível, Murphy.

Ele riu. - É, vamos fingir que eu acredito nisso. - Ele se afastou na direção da porta e ergueu o braço da minha filha  devagarinho. - Dá tchau para a mamãe. Tchau, mãe!

Eu ri. Era estranho ver ele com a minha filha nos braços, porque Murphy era enorme e ela era tão pequena... Mas eu sabia que não existia lugar mais seguro no mundo, para ela, do que nos braços do Murphy.

- Murph. - Chamei.

Ele me olhou.

- Você deveria ter tido a chance de ter um.

Ele assentiu. - Mas eu tenho. Agora eu tenho. Você me deu ela, mesmo que não seja minha. - Ele saiu levando a minha bebê. - Não temos hora para regressar, mamãe! - Disse Murphy, antes de fechar a porta.

Sorri e me joguei nos travesseiros. Eu precisava desse tempo sozinha e Murphy parecia saber sempre quando eu precisava. Aliás! Ele era incansável.

Murphy vinha pegar minha filha quando ela não queria dormir, e não me deixava descansar; ele fazia ela parar de chorar; ele tomava conta dela quando eu tinha de fazer meu papel de líder. Ele alimentava ela para eu poder comer ou tomar banho. Murphy era uma verdadeiro pai para a Jill.

Eu sabia que ele prometera algo para o Jared, no dia da sua morte, mas não sabia o que era, apesar de desconfiar. E, se eu estivesse certa, Murphy estava cumprindo direitinho.

Além disso, nunca houve nada de romântico entre nós, mesmo que ele já tivesse pegado no sono, na minha cama, junto comigo e a bebê.

Fui no banheiro, adorando aqueles minutos de paz, mesmo que minha filha não desse um único problema, mas era bom estar um momento sozinha.

Tomei um banho demorado, como não acontecia á muito tempo.

Olhei meu pulso, onde eu gravara o nome de Jared com uma máquina de tatuar que a gente achara na cidade. Ashley tatuara a minha pele.

Senti uma lágrima caindo pelo meu rosto. Eu tivera tão pouco tempo com ele.

E o meu pai... Ainda hoje eu tinha pesadelos com a sua morte.

Saí do banheiro e vesti roupa limpa, tratando do cabelo e depois fui na janela.

A gente tinha um bairro simpático, onde erguemos muros a toda a volta, que iamos aumentando á medida que precisávamos de espaço.

Deixámos a prisão, fazendo dela uma espécie de armazém, e vivíamos todos ali.

Ashley se tornara uma verdadeira médica. Aliás, foi ela quem fez o parto da Jill.

Saí do quarto e fui no quarto do lado, abrindo a porta e entrando, mas parei, olhando a cena na minha frente.

Murphy estava deitado na cama, dormindo, e, protegida nos seus braços e deitada no seu peito, estava minha filha, dormindo profundamente.

Sorri e fiquei ali, observando aqueles dois.

Murphy merecia o mundo.

Pensei em levar minha filha para a cama dela, mas ao mesmo tempo, achei que deveria deixar que ela dormisse ali.

Eu sabia o quanto Murphy gostava da minha filha e ela dele, e nada passaria por ele.

Dei as costas e regressei no quarto, deitando e respirando fundo.

LegadoWhere stories live. Discover now