45 - Realidade

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Ashley

Abri os olhos, sentindo algo frio sob a blusa. Tinha várias luzes ali, luzes brancas. Franzi o cenho. Onde eu estava?

Sentei e olhei em volta, atenta. Aquilo não era a prisão.

Levantei da espécie de mesa onde eu estava deitada e puxei alguns fios que estava colocados em mim, fazendo careta de dor.

Olhei um pequeno laptop, do lado da cama, onde estava o meu nome e todos os meus dados vitais. Naquele momento, eles estavam a zeros, pois eu retirara os fios que me ligavam a ele.

Levantei, sentindo uma tontura, peguei a katana, e depois parei, o meu olhar preso em dois tubos enormes, de vidro, cheios de um líquido estranho, parecendo água borbulhante.

Senti um arrepio e só queria gritar, mas não consegui. Fiquei parada, sem conseguir fazer qualquer tipo de movimento.

Dentro dos tubos, de olhos fechados e cabeça baixa, estavam Bill e Jared. Os dois com vários fios presos nos braços e na cabeça.

Bill morrera, como estava ali? E Jared? Porque ele estava ali?

Finalmente, ganhei coragem e me aproximei, as lágrimas caíndo pelo meu rosto, e toquei no vidro do Bill.

O que era aquilo?

- Vejo que acordou.

Pulei de susto e olhei para trás.

Um homem vestido de negro estava de pé, junto da porta, me olhando e sorrindo.

Girei devagar, sempre olhando ele.

- Eu sei que deve ser um choque. - Indicou os tubos. - Mas sim, eles estão definitivamente mortos.

Franzi os olhos. - Eles? - Senti as lágrimas escorrendo.

- Lamento, Blondie, Jared morreu antes de você acordar.

Olhei o chão, a minha visão turva por causa das lágrimas, o peito doendo pela dor. Eu perdera o Jared? Ele era o meu pai! Não de sangue, mas ele me protegera.

Ergui o olhar, a raiva crescendo dentro de mim, e olhei o homem.

- O que está acontecendo? Onde estou?

O homem deu alguns passos em frente e eu recuei.

- Ashley, bem vinda á realidade.

Franzi o cenho. - O quê?

Ele indicou a sala do lado, de vidro, que eu nem tinha percebido.

Deitados sobre várias mesas, estavam Lauren, Murphy, Mark... e todos os outros. Todos menos Zeus.

Tirei a katana da bolsa e ergui na minha frente, encarando o homem.

- Que merda é essa?

Ele riu. - Jason te ensinou bem. Isso, minha querida, é a realidade. Jared e Bill estão mortos, todos os outros estão vivos, vivendo suas próprias simulações.

- O...?

- O  mundo acabou, essa parte é verdade. Todo mundo morreu. Vários experimentos deram errado e isso se espalhou pelo mundo, fazendo com que os humanos morressem. - Deu um passo em frente. - Mas nem todos. Algumas pessoas, inacreditavelmente, sobreviveram. Então, o que restou do Governo, ordenou que essas pessoas fossem capturadas. - Indicou o espaço em redor. - Estamos fazendo isso por todo o mundo. A tecnologia que temos  nos permite criar simulações, para onde podemos enviar as pessoas, para tentar entender o porquê de elas estarem vivas.

Neguei com a cabeça. Aquilo era demasiado.

- Então... É tudo mentira?

- Não, vocês estão vivos, mas vivendo em uma outra realidade, igual a verdadeira, mas onde nós criamos situações para descobrir como podemos trazer o mundo que conheciamos, de volta.

- Eles estão mortos! - Gritei, indicando os tubos.

O homem deu de ombros. - Preços a pagar.

- Você está vivo.

Ele sorriu. - Alguém tem de resolver as coisas.

Aquilo foi o suficiente para que eu corresse até ele, erguendo a katana e fazendo ela cair sobre a sua cabeça.

Mas o homem tirou uma espécie de vara de metal, de dentro do casaco, algo pequeno, mas que aumentou de tamanho quando ele sacudiu ela, e ele bloqueou o meu ataque, como um ninja.

Franzi o cenho. Mas que raios...?

Ataquei de novo e ele se afastou.

- Pára Blondie!

- Meu nome é Ashley! E você matou minha família! - Gritei.

Ele me empurrou e eu acabei caíndo no chão, fechando os olhos.

- Eu não sabia que você era tão forte, minhas apostas estavam no Jared e no Murphy. Nunca esperei que você acordasse. - Ele abaixou do meu lado. - Não pensa que para mim é fácil, mas isso é necessário.

Abri os olhos e sentei, tentando fazer a máxima força possível, e bati com a cabeça no nariz dele, fazendo ele cair para trás, segurando o nariz.

Peguei a katana, levantei e encostei a ponta no seu pescoço e foi quando olhei a placa de identificação que ele tinha presa na roupa. " Summers".

Franzi o cenho. - Summers?

Ele me olhou, abaixando a mão e sorriu.

- O idiota do Murphy é meu irmão!

Me afastei. Minha cabeça doía, nada daquilo fazia sentido. Que mundo era aquele onde simulações tão reais existiam? Onde as pessoas morriam, de verdade, dentro delas? Quem guardaria corpos mortos dentro de tubos gigantes?

- O... - Neguei com a cabeça. - Ele sabe?

O homem riu. - Não. Desde que ele foi preso, nunca mais vi ele. Mas ele sempre foi um idiota, nem sei como a namorada dele aguentava.

Gritei, avançando e tentando abrir sua cabeça.

- Ele não é um idiota! Você é!

Ele levantou, pegando a vara e bateu na minha katana, afastando. Depois ele sorriu e eu vi algumas semelhanças com o Murphy.

- Se eu fosse você, eu parava de tentar me matar. Seus amigos podem morrer.

Ele indicou a sala de vidro e eu respirei fundo.

- Eu vou acordar eles.

Ele riu. - Força. Mas deve saber que sua amiga está grávida.

Aquilo foi um choque tão grande, que eu parei, olhando ele. Lauren estava grávida? Meu Deus, ela deveria estar de rastos pela morte do Jared, principalmente nessas condições.

Rodei a katana, sentindo a raiva tomar conta do meu corpo. Como acontecera na faculdade.

- Eu vou matar você.

- Querida, tem um edifício subterrâneo cheio de pessoas.

Sorri torto. - Se quase todos morreram, vocês não devem ser assim tantos.

Corri para ele, erguendo a katana em direção do seu pescoço.

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