Irmãos Mancini - Dante (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo VII

Mia Munhoz Mancini

Dante sai do quarto e sinto minha forças se esgotarem por completo, uma dor fina atinge meu peito. A minha voz está sufocada, meu coração parece estar sendo engolindo por um buraco no espaço.
O ar me falta e sinto meus dedos apertarem com força o lençol branco da cama de casal.

Lágrimas caem sem cessar... O que está acontecendo, ou melhor, o que aconteceu...

Eu sei que ele não estava mentindo, nunca entendi essa amizade do Cass com o Mattia, essa realmente sempre foi uma incógnita que eu não sabia resolver, nunca entendia por que  Cassiano sempre o protegeu, mesmo o Victor deixando bem claro o quanto achava os Mancini repugnantes.

Isso não pode ser verdade...

Me levanto cambaleando e seguro na cabeceira da cama. Parece que as pessoas em frações de segundos desviraram e parece se encaixar perfeitamente... não, isso não pode ser? Quem mais poderia matar o Cassiano? Se ele não era alvo dos Mancini, então quem poderia o ameaçar?

Imagens do seu corpo magro e quase sem vida surge em minha mente, ele não tinha ninguém contra ele, era apenas uma criança. Como ele poderia fazer inimigos? Se não são os Mancinis, quem são meus inimigos?  (Meu corpo perde a força e sinto minhas pernas tombarem no chão gelado.)

Me sento abraçando meus joelhos, uma dor fina me atinge e toda amargura de anos atrás parece bater na porta para retornar.

Olho sem vida para o quarto, eu me enfiei nessa casa com uma única missão destruir o Mattia e toda a sua família, mas que serventia tem o nome Mancini agora? É como se todos esses anos eu corresse atrás de algo que nunca existiu.

Eu sei que preciso verificar esse lado novo da história, não sou idiota ao ponto de ver o antigo caderno do Cass e achar que não houve nenhuma alteração, porém a letra era exatamente a dele, a cada palavra escrita eu me lembrava do quanto ele falava bem do Mattia. O motivo que me levou a odiar tanto esse homem, pode não existir. Isso é atordoante!

Então aquele filho da puta nojento e asqueroso não só me manipulou, como tentouusar minh própria vingança para calar minha boca. Ele sabia que se eu descobrisse tudo isso, jamais teria ficado ao seu lado, jamais estragaria a vida do Mattia, jamais me casaria com o Dante.

Porra Mia, parece que realmente você fez merda! (Lágrimas caem sem cessar) Desculpa Cass, se realmente tudo isso foi verdade, eu fiz tudo ao contrário do que você gostaria. Se tudo realmente for um jogo, eu não sou digna nem mesmo de citar seu nome, quem dirás seu amor. Nutri ódio por todos dessa família, e se eles realmente te ajudaram, o que isso faz de mim? O que eu fiz para você, meu amor?

Ainda sem entender nada, me levanto sentindo minh mãos e pernas trêmulas, entro no chuveiro, a água quente cai sobre meus ombros e me lembro do seu sorriso, das nossas conversas na sacada, de quando eu era feliz. Jamais vou me perdoar se não encontrar quem realmente tirou a sua vida, quem estava o ameaçando.

Eu preciso entender tudo o que está acontecendo, preciso ver se realmente é verdade e se for, descobrirei quem o matou e por que o papai e o Victor mentiram para mim. Estou quase fechando o chuveiro quando as palavras de Dante surge em minha mente.

"Por que você acha que a nossa família reina a anos na Itália? Sabemos o nosso lugar, eu posso ir além se ficar exatamente onde estou, por que criaria guerras desnecessária, se posso ter tudo que quero no meu próprio lugar."

Uma corrente de ar invade o banheiro e faz toda a minha pele se arrepiar. Mesmo que toda essa história seja verdade, eu não posso voltar atrás nesse maldito casamento, então acho que suas palavras podem me ajudar... (E como se o vento trouxesse a responda, vejo meus pensamentos se realinhando.) Esse lugar pode me dar exatamente o que eu preciso, poder o suficiente para descobrir tudo que é necessário . E até mesmo acabar com a vida daquele cretino idiota.