Capítulo 34. Viagem no tempo & redenção

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Uma chuva forte havia atingido Nova Orleans pela manhã, as ruas se encontravam congestionadas e o tempo frio e úmido. A melhor opção para quem tivesse a oportunidade de ficar em casa, sendo aproveitar mais algumas horas de sono, assim como uma xícara de chocolate quente.

O sol havia se escondido completamente atrás das nuvens carregadas, sendo assim, demorou um pouco para que o feiticeiro despertasse e percebesse a ausência do namorado na cama.

Os olhos azuis foram abertos preguiçosamente após uma das mãos tatear pela cama em busca de Noah, não demorando muito para que Josh notasse que o mais novo estava apenas alguns metros de distância.

Noah havia acordado algumas horas antes. Bem, sejamos sinceros, ele sequer havia conseguido dormir. Ainda mais se dando pelo fato de que havia passado a noite em claro enquanto chorava baixinho no colo do namorado.

É, aquele dia não poderia definir melhor o estado de espírito do moreno.

Os cabelos úmidos denunciavam que Noah havia recém saído do banho, o corpo estava trajado por um suéter e uma calça moletom confortáveis devido o tempo frio. Os olhos verdes fitavam a rua com atenção, estando sentado em sua cadeira gamer próximo a janela guilhotina de seu quarto.

Havia uma pequena bolsa roxeada abaixo de cada olho, assim como a coloração vermelha predominava ao redor das íris esverdeadas. Noah estava um caco.

Josh suspirou pesado e se levantou com cuidado da cama, esticando uma das mãos ao se aproximar da cômoda ao lado e pegar em uma das gavetas uma toalha de rosto limpa, se aproximando do namorado em seguida.

— Bom dia, coração. — O bruxo disse baixinho, envolvendo os cabelos castanhos que já possuíam o comprimento até o início do pescoço de Noah, passando a enxuga-los com calma em seguida. — É melhor secarmos esse cabelo, uh? Não quero que você pegue um resfriado.

Noah suspirou baixinho e fechou os olhos por uma fração de segundos, e levando uma das mãos até a do namorado e entrelaçando os dedos, o puxou delicadamente para se sentar em seu colo.

— Bom dia, amor. — Envolveu uma das mãos ao lado do pescoço do feiticeiro, selando ambos os lábios em um longo selinho em seguida. Sendo retribuído de bom grado. — Você dormiu bem? — Perguntou e Josh assentiu com a cabeça, voltando a enxugar os cabelos do mais novo.

— E você? — Josh perguntou, não demorando muito para que se levantasse do colo do outro e puxasse o namorado pelo pulso para voltar para a cama.

Noah suspirou e acompanhou o outro mesmo que a contragosto, se sentando na ponta da cama enquanto o feiticeiro se ajoelhava atrás de si e dava continuidade ao que estava fazendo.

— Eu não dormi. — Disse verdadeiramente, dando de ombros enquanto um sorriso melancólico era repuxado de seus lábios. — Foi como na noite em que ele me abandonou pela primeira vez.

Os olhos azuis se arregalaram levemente, e após o bruxo enrolar a toalha no cabelo do outro, se sentou ao lado do mesmo na cama e entrelaçou uma das mãos com o namorado para conforta-lo, silenciosamente. O incentivando a continuar com o olhar.

— Eu tinha apenas oito anos. — Noah fungou, o sorriso melancólico ainda presente. — Ele e a minha mãe sempre discutiam, eu os ouvia atrás da porta, ou sentado na escada. E todas as vezes eu ouvia ele me culpar pelo fracasso do casamento, pela falta de sexo entre eles, e até mesmo pelos motivos mais imbecis que ele conseguia achar. — Lágrimas se acumularam nos olhos verdes e Josh sentiu seu coração se apertar em ver o outro daquela forma, deitando a cabeça em um dos ombros do namorado enquanto envolvia a outra mão na cintura do mesmo. — Mas aí tinha dias que ele me acordava da melhor forma possível e me levava para brincar no fliperama, só nós dois, e era tão bom quando nós competíamos no Pac-Man e eu vencia dele, era bom ouvir as gargalhadas e o quanto ele estava orgulhoso de mim. — Bufou em frustração, logo negando com a cabeça. — Também tinha vezes que ele buscava eu e os meus amigos no colégio e nos levava para tomar sorvete, e o Louis e a Lin me diziam o quanto eu era sortudo por isso, já que o pai deles sequer os levava para o colégio, quem dirá para tomar um sorvete. E acredite, Joshy, por algum tempo eu realmente me senti sortudo em ter ele como pai. Eu ficava comparando a minha situação com a de pessoas que eu já conhecia, e concluía que apesar da relação dele e da minha mãe parecer infeliz, poderia ser pior.

Bewitched || N.B Where stories live. Discover now