Hi Cléo... Or Pricila?

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Sexta-feira, Priscila estava mais perdida
do que nunca. Tentava se concentrar no
trabalho, mas a conversa que tivera com
Carolyna durante a madrugada estava a
enlouquecendo.

Era óbvio que a latina sabia, não era necessário ter dúvidas disso. Mas
a curiosidade maior era como, só como ela
descobrira quem Priscila era?

O mais provável era que Dani tivesse
contado, ou talvez Malu com o intuito
de conseguir algo com a melhor amiga de
Carolyna. Priscila não sabia como ela descobrira aquilo, e também, a jovem estava offline desde às 04am.

Carolyna iria enlouquecer Priscila.
Durante o dia foi a mesma coisa, anoiteceu
e Carolyna não ficou online uma hora sequer. Priscila estava preocupada, mandou algumas mensagens, que obviamente não foram visualizadas.

Estava indo para a boate que tocaria as 01am quando sentiu o celular vibrando em seu bolso, pegou o aparelho e quase deixou a mão escorregar do volante ao ler o nome de Carolyna.

Carol: Boa noite, Mrs. Mistério. Espero
você amanhã na cafeteria para um café da
manhã especial.

P: Quem é vivo sempre aparece né?

P:E espera... O que está aprontando?

P: Carolyna!!!

- Ugh! Carolyna! Que merda. - Bufou frustrada ao ver que não receberia respostas. Jogou o telefone no banco ao seu lado e voltou a prestar a atenção na rua.

Parece que Carol tinha virado o jogo de vez.

****

No sábado de manhã, Priscila estacionou
a Kombi no pátio quase vazio do
estacionamento da Soomin's Coffee. O
sábado era sempre o dia menos movimentado durante a manhã.

Estava ainda meio receosa se adentrava o local ou voltava para casa, mas optou por seguir, sentia saudades do café de Carolyna e também, estava super curiosa. Encostou a mão na porta e a empurrou conforme entrava no local. Olhou para o balcão e logo viu Dani, a mulata acenou para ela e Priscila sorriu acenando de volta.

Não viu Carolyna por ali, ela deveria estar na cozinha preparando o café. Encaminhou-se para sua habitual mesa no final da cafeteria, sacou o celular do bolso e viu algumas mensagens de amigas.

Estava distraída lendo e respondendo as
mensagens quando sentiu a presença de
alguém. Ela nem precisou levantar a cabeça de imediato, sabia quem era ali. O perfume levemente adocicado e nem um pouco enjoativo não deixava dúvidas. Priscila engoliu um pouco de saliva, ajeitando a postura na cadeira. Evitou olhar diretamente nos olhos de Carolyna.

- Café? - Priscila apenas assentiu, focando o
olhar na xícara que era depositada a sua
frente. Carolyna despejou o café e esperou
que a hispânica levantasse o rosto, o que
não aconteceu e isso quase a fez bufar. Era
palpável a tensão no ar. A latina pegou algo
especial que estava sobre a bandeja e colocou sobre a mesa ao lado do café de Lauren. - Tenha um bom café da manhã, Mrs. Mistério. - Disse com a voz mais calma possível. Antes de se virar e sair, ela pôde ver que causara a reação já esperada em Priscila.

Ela tinha feito exatamente o que a latina queria: entregado sua identidade.

Sorrindo, Carolyna voltou para o balcão enquanto Priscila continuava paralisada olhando para o cupcacke a sua frente enfeitado com a bandeira dos Estados
Unidos.

***

Carol terminou de guardar seu uniforme na mochila, pegou uma banana em cima da mesa e saiu da pequena sala.

- Estou indo, Dani. - Avisou a melhor amiga ao chegar perto dela, que estava no balcão dando troco para um cliente.

- Seu pai vai vir te buscar?

- Vou ligar para ele. - Parou ao lado de Dani e ficou um pouco na ponta do pé para beijar a bochecha de sua melhor amiga. Carol era baixa por natureza e ficava ainda mais quando Dani resolvia usar saltos altos. - Até amanhã.

- Se cuida. - Virou-se para beijar a testa de
Camila. - Chegar em casa me avisa.

- Pode deixar. - Carolyna acenou para um de seus colegas de trabalho e colocou a mochila em seus ombros.

Dirigiu-se até a porta e a empurrou, pegou o
celular no bolso de seu short jeans e estava
prestes a desbloquear a tela quando ouviu
alguém a chamar.

- Carol? - Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, não sabia quem era por causa da voz e sim por causa do apelido. - Posso falar com você?

- Depende... - Ela voltou a guardar o celular
em seu bolso e segurou em uma alça de
sua mochila, virando-se para Priscila. - Com
quem eu vou conversar agora? Cléo ou... Priscila? É esse seu nome, não é? -
Soltou a alça da mochila para cruzar
os braços, os olhos brilhavam de modo
desafiador. Parecia que Carolyna estava
testando Priscila, ou melhor, provocando-a.

- Ah... - Priscila abriu e fechou a boca diversas vezes, buscando o que falar. - Como infernos você descobriu que era eu? E como você sabe meu nome?

Carolyna riu, achando graça da pergunta.

- Você se entregou, Priscila... - Ela franziu o cenho. - Sério que você achava que eu não percebia seus olhares em mim? Mas sabe, teve um dia que foi bem mais. Você estava conversando com a Dani, eu cheguei atrasada e você não tirava os olhos de mim. - Esboçou um sorriso e suspirou nostálgica. - Depois disso foi só questão de ligar uma coisa na outra.

- Como... Como assim?

- Vou te explicar... Primeiro: você não sabe
disfarçar, é sério, precisa aprender a ser sutil. - Priscila sentiu as bochechas esquentando. - Segundo: era muita coincidência eu enviar mensagens para a Cléo nos finais de semana e ver que você nunca pegava no celular e parecia tensa. Quem se entregou foi você. E por último e não menos importante, nossas mães se conhecem.

- Eu sou uma péssima stalker. - Priscila
resmungou indignada consigo mesma, e
Carol riu como se concordasse. - Mas espera, nossas mães se conhecem?

- Sim, elas se conheceram na igreja. Eu fui na casa dos seus pais algumas vezes, sua mãe mostrou algumas fotos da princesinha dela e até seus boletins escolares.

- Oh Deus! Ela não fez isso... - Priscila levou as mãos até o rosto, completamente sem graça.

- Sim, ela fez. E sabe? Foi isso que me ajudou a confirmar que era você a pessoa das mensagens. - Colocou as mãos nos bolsos e sorriu com a língua presa entre os dentes, Priscila quase suspirou. Carolyna ficava tão adorável fazendo aquilo. - Licença... -Pediu ao ouvir seu celular tocar, o pegou e viu o nome de seu pai na tela. - Oi, Papai... Já sim, está vindo? Tudo bem. Beijos.

- Eu posso te levar se.... Se você quiser. - Priscila se enrolou um pouco, alisando a nuca sem jeito.

- Não precisa... Mrs. Mistério. - Frisou o nome, sorrindo brincalhona. - Eu... - Foi interrompida pela buzina do carro de seu Pai. - Tenho que ir... Tchau, Cléo.

- Espera, espera... - Ousou segurar o braço
de Carolyna, a latina parou e olhou para ela. - Está chateada comigo? - Carolyna negou com a cabeça. - Podemos continuar conversando?

Carolyna ficou a olhando como se estivesse
considerando aquilo, seu Pai buzinou outra
vez e ela revirou os olhos. Priscila riu daquele gesto.

- Talvez, mas... Sem segredos dessa vez, tudo bem? - Esticou a mão para Priscila, que sorriu e a apertou.

- Tudo bem, eu posso fazer isso.

- Foi um prazer, Priscila.

O prazer foi todo meu, Priscila pensou
enquanto observava Carolyna se afastar e
correr em direção ao carro de seu pai. Ela
acabou sorrindo pelo ato da garota, tão jovem e inocente. Bem, não tão inocente assim. E mais, Priscila tinha se apaixonado ainda mais por Carolyna.

Ela demonstrou ser uma garota inteligente, além de bela tinha seus mistérios e pareceu tão madura lidando super bem com aquela situação ao invés de surtar como uma adolescente faria. Priscila estava com um ótimo pressentimento, aquilo daria certo.

Secrets Of A Heart Where stories live. Discover now