21. Savage

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Kit abre os olhos, e por um minuto, ela pensa que está cega, ela não consegue enxergar absolutamente nada.

Ela se mexe e grunhe ao perceber que suas mãos estão atadas, ela está deitada num chão duro, e em algum lugar subsolo, pelo modo como o ar é frio e úmido.

Uma luz se acende, cegando Kit, ela aperta os olhos, se encolhendo.

Quando ela volta a abrir os olhos,  ela vê o homem do supermercado, de pé a sua frente, braços cruzados, a luz que ele acendeu não ilumina muita coisa, mas Kit consegue enxergar uma cadeira no meio da sala, e quando ela olha rapidamente ao redor, ela identifica o cômodo como algum tipo de cela.

— Quem é você? —  Ela pergunta —  O que você quer de mim?

O homem solta um grunhido, mas não diz nada, ele apenas a olha da cabeça aos pés e sorri de canto.

Kit começa a se ajoelhar para se levantar.

—  Pode ficar quietinha ai docinho —  O homem diz.

Quando Kit ergue a cabeça, seu coração se afunda no peito quando ela vê que ele tem uma arma apontada pra ela.

Puta merda.

Kit volta a se sentar, se encolhendo, sua mente passando todas as alternativas que poderiam acontecer, e a fazendo oscilar com as mais óbvias e mais prováveis.

Kit tem algum uso para aquele homem, de um modo ou de outro, ele não a teria sequestrado por nada.

E a grande chance é que seus interesses fossem sexuais, ou violentos.

Kit começa a suar, seu coração bate rápido no peito, mas ela se mantém firme, se recusando a mostrar seu medo.

Ela escuta o som de passos, então uma porta se abre na lateral da cela, e o segundo homem entra, ele abre um sorriso ao ver Kit.

—  ah então a princesa está acordada — Ele diz, se aproximando, ele se ajoelha em frente a ela, sem nenhuma cautela, o que diz duas coisas, ou ele é muito estúpido, ou ele realmente pensa que Kit é inofensiva. —  Ah, você é muito mais bonita do que o patrão disse—  Ele desliza os dedos pelo rosto de Kit, ela se afasta com violência, fazendo-o rir —  E azeda, eu gosto de você

—  Vá ao inferno —  Ela rosna.

O homem ri e troca olhares com o outro que está de pé, quando ele volta a olhar para Kit, ele a agarra pelo cabelo, expondo a garganta dela.

—  Talvez eu possa brincar um pouquinho com você antes que o patrão chegue —  Ele diz, aproximando o rosto do de Kit —  Assim eu te ensino como ser obediente e mansa huh? 

Ele se inclina na direção da garganta de Kit, ela aproveita a deixa e ataca, mordendo com força a orelha, ele grita e a empurra, tentando se soltar, mas Kit morde com força, e quando ele cai para trás, ela cai por cima dele.

O outro homem a agarra e a puxa com tudo, e nesse momento duas coisas acontecem.

O gosto de sangue enche a boca de Kit, escorrendo pelos seus lábios e queixo, uma quantia extrema de sangue, e ao mesmo tempo, carne se rasga e se separa, fazendo alguém gritar.

Quando Kit é solta, ela cai no chão, batendo a maçã do rosto com força, ela escuta ao primeiro homem berrar e berrar em dor, ela ergue os olhos há uma poça de sangue no chão e escorrendo por entre os dedos das mãos que ele usa para cobrir a parte da orelha que lhe resta.

Kit se ergue, cuspindo a outra metade da orelha no chão, ela abre um sorriso vitorioso quando ambos os homens olham pra ela terrorizados.

 A porta se abre mais uma vez e mais dois homens entram, ambos preparados para atacar.

— Espanquem essa vadia! —  O homem que segura a própria orelha grita 

Ninguém se move.

—  Eu mandei vocês punirem ela ! —  Ele berra se erguendo

— Agora —  Uma voz diz além da porta, um quinto homem entra na sala, mas diferente dos outros ali, ele têm uma elegância em si, suas roupas são de alta costura, seus cabelos são longos e escuros e sua pele é clara como papel, ele é alto e gracioso, e quando ele tira seus óculos escuros, Kit se depara com olhos dourados e sinistros, quase animalescos —  Que tipo de impressão você passaria para nossa convidada com isso, Alec?

O sorriso que ele abre é tão sinistro quanto seus olhos, Kit dá um passo para trás, intimidada, e isso não passa despercebido pelo homem, que olha diretamente para ela.

—  Olha o que você fez —  Ele diz —  Agora Kit se sente encurralada.

—  Ela arrancou minha orelha patrão! —  Alec exclama.

O homem de olhos dourados abre um sorriso.

—  O que é extremamente impressionante —  Ele diz, elogiando-a, Kit franze o cenho, ela ainda sente o sangue no seu rosto. 

Com um aceno, os dois homens que entraram se movem em direção aos outros dois, enquanto isso, ele se aproxima de Kit, e ela recua, sentindo-se apavorada.

Ele para e mostra suas mãos, a única coisa ali são seus óculos.

—  Eu não vou machucá-la Kit —  Ele diz —  Eu quero que você me acompanhe, eu vou levá-la para um lugar mais agradável e menos... —  Ele olha ao redor — Menos como isso.

—  Por que? —  Kit pergunta

Ele inclina a cabeça.

—  Porque você é minha convidada —  Ele diz —  E essa cela não é muito confortável.

—  Sua convidada? —  Ela ri, apesar de estar amarrada e em desvantagem, Kit não morde a língua —  Não sei se você sabe, mas sequestro não é a escolha mais educada de enviar convites.

Ele suspira.

— Bom  — Ele diz — Foi apenas um meio para um fim.

— O fim eu darei eu mesma em você —  Ela rosna.

Ele abre um sorriso, como se achasse adorável o que ela está dizendo 

—  Venha comigo Kit —  Ele diz —  Confie em mim quando digo que você não vai querer ficar pra testemunhar o que acontecerá aqui.

— O quê? —  Alec indaga, ele e o outro homem entram em pânico quando os outros dois se aproximam e os agarram —  Não patrão! Por favor patrão, não faça isso!

O homem de olhos dourados pega Kit pelo braço e a leva pra fora, onde duas mulheres os aguardam, elas os acompanham pelo corredor, e gritos e berros são tudo o que eles deixam pra trás naquela cela, sons tão guturais e dolorosos, que Kit não tem a menor duvida do que está acontecendo lá dentro.

— Aliás —  O homem ao lado de Kit diz —  Deixe-me apresentar, Valeria and Uma —  Ele indica as duas mulheres —  Elas a manterão sobre controle enquanto você estiver aqui.

Kit olha para as mulheres, ambas tem expressões sérias, e ambas são esguias e graciosas como o homem ao lado de Kit.

—  Quem é você? —  Kit pergunta —  E o que infernos você quer de mim?

O homem abre um sorriso simpático, que contrasta com as palavras que ele diz em seguida:

—  Me perdoe pelos meus maus modos, meu nome é Agnar —  Ele toca o ombro de Kit —  E você é minha moeda de troca.

Kit franze o cenho e para no meio do corredor, não há sequer uma janela ou porta, apenas o corredor feito de concreto se estendendo por um longo caminho.

—  Moeda de troca apara quem?—  Ela indaga —  Qual valor tenho eu?

Agnar se aproxima e diz:

—  Para ela, querida, você vale tudo.

—  Ela quem?

Agnar ri, revelando caninos estranhamente longos.

—  Para sua namorada, quem mais seria? Jade Claymore 

We Go Down Together [Versão em Português]Where stories live. Discover now