43. My Blood

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156 ANOS ANTES



Criaturas mágicas têm um diferente ciclo de reprodução, pode demorar centenas de anos para que uma fada possa conceber uma criança.

Por isso, toda vez que uma fada fica grávida, é motivo para longas celebrações e festas, o milagre da reprodução precisa ser adorado com todas as coisas belas que a natureza oferece.

Era confuso para as criaturas mágicas como seres humanos, que podiam reproduzir como coelhos, não achavam tão raro e fascinante ter um bebê como as fadas achavam.

Um único problema com a concepção de uma criatura mágica, é que nem sempre a criança nasce abençoada com magia, às vezes, demora anos para que os primeiros sinais de conexão com a natureza apareçam, e às vezes, nunca acontece.

Esse era o caso da criança que a rainha das fadas, Cherlindrea, carregava em seu ventre, as melhores videntes do reino mágico havia revelado que a criança de Cherlindrea nasceria com magia dormente, que permaneceria dormente até que ela fosse acordada, e isso poderia levar décadas.

Na noite que a menina nasceu, era frio e inverno, e Cherlindrea passou o dia todo em sua casa-árvore, sendo cuidada pelas melhores parteiras do reino.

Era quase hora do nascimento, as contrações eram como tortura para a fada, e a fazia querer arrancar suas entranhas, foi então quando uma longa e afiada dor atravessou seu coração, a levando para as profundezas de uma visão.

Em seu visão, Cherlindrea vê uma jovem de cabelos longos e escuros, olhos azuis e claros como o céu, correndo por um mercado cheio de gente de mãos dadas à outra jovem, de longos cabelos cacheados e vermelhos como fogo, ambas rindo, a visão se deforma e então surge a mesma jovem de cabelos escuros, que estão mais curtos dessa vez, e ela está de frente à um jovem possuído por um dos demônios do Wyrm, defendendo uma jovem garota de cabelos ruivos.

A visão se deforma novamente, e é então que Cherlindrea entende o que ela é a mensagem de sua visão, ao ver a mesma garota, anos no futuro, com a mesma mulher de cabelos de fogo, lutando contra os servos do Wyrm numa batalha árdua e sangrenta.

E quando Cherlindrea vê a si mesma ao lado da jovem, com um rosto diferente, mas ainda a mesma alma, ela compreende seu papel em toda essa história, ela entende o porquê os deuses abençoaram com essa criança.

Quando Cherlindrea retorna da sua visão, ela apressa as parteiras para que chamassem a sacerdotisa para que estivesse presente.

Cherlindrea não estava prestes a dar a luz à uma nova alma, um novo bebê, ela estava prestes a dar a luz à uma alma ancestral, que vinha muito anos antes dela e viria muitos anos depois, a alma da criança que salvaria o mundo da crueldade do Wyrm.

Quando a sacerdotisa finalmente chega, em meio à sua dor, Cherlindrea pede para que ela performasse um ritual, para que Cherlindrea pudesse atar um pedaço de sua alma à da criança, para que quando o dia chegasse, e tivesse passado anos desde sua morte, ela pudesse voltar naquele corpo diferente e pudesse ajudar sua filha quando a última batalha acontecesse, aquela que daria fim ao Wyrm para sempre.

O parto foi doloroso e sangrento, mas no momento que a criança nasceu e Cherlindrea a segurou pela primeira vez e viu aqueles grandes olhos azuis como o céu, a fada soube qual seria seu nome, o mesmo nome que ela vinha carregando desde sua primeira vida.

— Eu te nomeio Kit — Ela diz com a voz embargando de emoção — Princesa das fadas e eu abençoou seu destino, você salvará a todos nós. 

We Go Down Together [Versão em Português]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora