emoldurar o seu olhar

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Ela ficou olhando fixamente para ele. Dividia sua atenção entre a boca e os olhos, não sabendo direito o que dizer. Mil coisas passavam por sua cabeça, e ele se inclinava cada vez mais na direção dela. Os narizes quase se tocavam, e eles ensaiavam um beijo.

- Bom, se.. - Ela engoliu a seco, criando coragem para falar. O olhou nos olhos. - Se você estivesse apaixonado por mim, eu adoraria te ouvir falar sobre isso.

Ele deu uma risadinha, encarando a boca dela, completamente distraído.

- Vamos ver o que eu tenho a dizer sobre ter me apaixonado por você.. - Ele fingiu estar pensativo e suspirou. - A começar pelo óbvio, você é muito linda. Desde a primeira vez que abriu esse sorriso enorme perto de mim eu senti o ar faltar, e fiquei completamente vidrado em você. Até a sua voz rouca é uma delícia. Mas eu particularmente gosto mais dos seus olhos, e principalmente do jeito que você olha pra mim. Se eu pudesse emoldurar o jeito que você me olha nesse exato momento aqui, eu faria. Espero que eu nunca me esqueça. - Ele continuou.

Giovanna sentiu seu corpo tremer por inteiro.

- E aí vem a segunda coisa óbvia que é sua personalidade. Você é a mulher mais.. Amável, mais carinhosa, cheia de energia, simpática e positiva que eu já vi. Você melhora o dia de qualquer pessoa só de passar por um corredor e dar bom dia.

Os olhos dela se fixaram na boca dele, agora já completamente rendida.

- Como bônus, tem o jeito que você trata meu filho, que eu confesso que me ganhou muito, porque o piá é meu bem mais precioso. Nunca vi alguém tratar ele com tanto carinho sem ser da família. Eu imagino que você seja assim com todos seus alunos, o que me faz ficar mais louco em você ainda. E no seu coração, que eu ainda não tive tempo de comprovar, mas que parece enorme por como você cuidou da minha família.

Ela ficou em silêncio, só absorvendo tudo que ele tinha a dizer.

- Nero.. - Ela sussurrou, tentando responder algo. - Percebeu a voz rouca, e ficou quieta ao se lembrar dele falando sobre seu tom de voz. Sentia borboletas no estômago e não podia negar.

Alexandre roçou o nariz no dela, louco para finalmente beijar sua boca.

- Conversar com você é fácil, e você me diverte muito. - Ele continuou enumerando as razões pelas quais tinha se apaixonado. - Eu quero.. Saber onde você tá, o que está fazendo, o que comeu, o que sonhou. E nos poucos dias que a gente não conversou nos últimos meses, pela correria do dia a dia, eu senti saudade. Me peguei pensando em você, em como você devia estar, o que estava fazendo.

Ela tentou comandar seu corpo para se afastar dele, mas não conseguiu. Em resposta, roçou o nariz no dele, e aos poucos sentiu a barba dele tocando seu rosto de tanta proximidade.

- Eu penso em você todo dia. E se isso não é um indício de que to me apaixonando por você.. - Ele suspirou. - Então não me conheço mais.

- Nero! - Ela falou, sem jeito, se afastando. Riu baixo, sentindo como estava tensa. Sentia suas mãos tremiam. - Eu não acho que isso seja apropriado. Né? - Ela olhou pra ele, buscando que concordasse. - Talvez.. Eu não devia ter vindo.

Ela sussurrou, preocupada com o que aquilo iria gerar futuramente. Sempre disse que não se envolveria com ninguém no trabalho, por já ter namorado um outro professor e tudo ter dado errado. Ela nunca imaginou que fosse se enfiar numa situação dessa com um pai de aluno.

- Mas você veio. - Ele murmurou. - Quem define o que é apropriado? Essas coisas acontecem. Você pode virar a esquina e pode se apaixonar por alguém, Giovanna.

- Sim. Ou eu posso virar o corredor da recepção e me apaixonar pelo pai do meu aluno.

- Você definitivamente pode. E não vai ser culpa sua.

- Sim. A culpa é totalmente dele. - Ela concordou.

- Ah, é? - Alexandre riu, mordendo o lábio inferior dela, puxando de leve. - Não tem problema. Acho que ele aguenta levar a culpa.. - Flertou.

Ela levou a mão até a nuca dele, se aproximando. Alexandre não queria tomar a atitude, pra não sentir que estava pressionando Giovanna. Ficou observando atentamente enquanto ela se decidia, e podia ver a confusão em seu olhar. Realmente, devia ser muita informação em pouco tempo.

Ele não sabia o que era se envolver com um ator famoso, pai de um aluno seu, aluno esse que acabou de perder a mãe.. Mas podia imaginar.

Se acalmou, no entanto, quando sentiu o beijo dela. Aos poucos os lábios de colaram em alguns selinhos repetidos, até que ela lhe deu um selinho mais prolongado. Aos poucos abriam os lábios e explorando um pouco mais um do outro, num beijo de língua. Alexandre se empolgou com o encaixe do beijo, trazendo ela para mais perto pela cintura. Giovanna foi arrastada até seu colo, e se ajeitou ali com as pernas nas laterais do corpo dele.

Sentiu as mãos firmes e gigantes dele percorrendo seu corpo. Ele enlaçou os braços fortes ao redor da cintura dela, e ficou beijando sua boca incessantemente.

Ela pensou que não se lembrava muito bem qual tinha sido a última vez que tinha dado um beijo tão gostoso como aquele. As últimas experiências tinham sido terríveis, não que ela tivesse tido muita paciência de experimentar depois do fatídico término.

Ambos ficaram ofegantes, e se afastaram lentamente, quase como se não quisessem se soltar, com os cabelos bagunçados pelas mãos um do outro. Se encararam, recobrando o ar.

- Foi mal.. Eu sou.. Um pouco ogro. - Ele se desculpou por tê-lá colocado em seu colo.

Ela descansou ali, deixando a mão apoiada em seu peitoral.

- Tudo bem. Eu.. Devia mesmo ir embora.. - Ela repetiu.

- Ou.. Você pode ficar aqui, e a gente arranja outra coisa pra assistir.. - Ele sugeriu, sem tirar os olhos dela.

Ela olhava para baixo, timidamente. Era óbvio o turbilhão de coisas que se passavam na cabeça dela.

- Prometo que não te beijo de novo, até você se sentir confortável. - Murmurou o ator, levantando o queixo dela para ele. Deslizou o polegar direito, delineando traços da boca dela. - Por mais que eu tenha certeza que to completamente louco por essa boquinha deliciosa agora. - Ele suspirou, querendo outro beijo.

Assistiu a respiração funda dela quando ouviu isso, e sabia que a tinha provocado, sem querer. Ela voltou para o chão, e tomou um gole grande do vinho.

- Por que você não me mostra algo que fez e gosta, já que o Comendador você achou óbvio? Me economiza uma pesquisa no google.

Sugeriu.

- Certo.. Então vou te mostrar filhos da pátria..

fix youWhere stories live. Discover now