elefante laranja

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Giovanna tinha uma pilha de provas para corrigir, e aproveitou que ia ficar até mais tarde para uma reunião pedagógica depois da última aula.

Ouviu alguém batendo em sua porta.

- Entra. - Falou em voz alta. - Cinco e meio, mais 0,75... - Não deixou de fazer as contas porque sabia que se desviasse a atenção, ia se perder.

Teve que parar, no entanto, quando sentiu o perfume dele invadindo sua sala de aula, agora vazia.

- Oi. Você é a professora do Noá?

Giovanna levantou o olhar para ele, já rindo sem conseguir evitar. Os olhos se comprimiam num sorriso enorme para ele.

- Sou sim. E o senhor é..?

- Alexandre Nero. Prazer em te conhecer. - Ele esticou a mão para ela, e ela apertou. Ele levou a mão dela até sua boca, e deu um beijinho ali. - Sabe o que é? Meu filho tá com muita dúvida na tarefa. Fui ajudar mas também não entendi. Pra colorir o elefante, ele tem que usar que cor?

Giovanna gargalhou, completamente derretida. Mordeu o lábio inferior, tentando manter a seriedade.

- As cores mais reais possíveis. Marrom ou cinza.

- Nossa, que bom que eu vim tirar a dúvida. Tava quase deixando o piá ser criativo e pintar de laranja!

- To sempre aqui pra ajudar com o que for, senhor. - Ela cruzou os braços sorrindo. - Da próxima vez pode ler o enunciado também..

Alexandre gargalhou.

- Hmm.. Quebrei meus óculos, não to conseguindo ler. - Ele fingiu não enxergar o papel de perto.

- É sério.. Por que você veio? - Ela perguntou, curiosa.

- Já faz uns dias que não te vejo, a babá teve que trazer e buscar bastante nos últimos dias por causa das gravações.. Senti sua falta. E também queria te fazer um convite. Noá não vai me deixar esquecer que você foi lá em casa e ele não estava, então pensei de você ir lá de novo sábado agora, que eu to de folga. Eu te busco. E não vale me dizer não, porque agora eu sei onde você mora.

Giovanna riu baixo, desviando o olhar pelas carteiras da sala de aula. Respirou fundo, perdida no dilema de ceder ou recusar.

- Ótimo! Combinado. Umas 10? Perfeito. A gente combina melhor por mensagem. - Ele se aproximou, pronto para beijar a bochecha dela.

Ela sentiu o corpo congelar no lugar, de tanta tensão.
Sentiu o beijo dele no canto de sua boca, e virou um pouco o rosto, instintivamente, querendo beijar sua boca.

- Merda. - Ela riu baixo, abaixando a cabeça e apoiando a mão no peitoral dele, fazendo com que se afastasse. - Sábado, Nero.

Ele assentiu, entendendo o recado.

- Bom te ver. - Ele mencionou, parado na porta da sala antes de sair. Tinha a folha da tarefa em mãos.

- Digo o mesmo. - Ela olhava para ele fixamente.

Ele riu baixo, e encarou a folha em sua mão. Suspirou, frustrado, e assentiu. Saiu dali.

- Meu Deus do céu. - Ela se jogou em sua cadeira, pendendo o corpo para trás. Encostou a cabeça na lousa, e fechou os olhos, respirando fundo.

- O que tá acontecendo com você? Tava super aérea na reunião hoje

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- O que tá acontecendo com você? Tava super aérea na reunião hoje. Normalmente sou eu quem fica boiando e você participando, mas hoje tava tudo desalinhado.

- Foi mal.. - Giovanna suspirou. - Tava pensando. Eu sempre fico obcecada com algum cara, e depois disso eu me canso e nunca mais quero de novo, né? E, obviamente, se todo mundo sabe que o Nero é "mulherengo" então ele também cismou comigo. O jeito de por o fim nesse tormento seria ficando com ele logo, né? - Ela olhou para a amiga esperando aprovação.

Alessandra gargalhou.

- Bom, você realmente costuma enjoar assim que fica algumas vezes com o mesmo cara.. Mas não sei quanto a ele, não conheço, não sei como vai ser, se você vai gostar.. Por que você tá falando isso?

- Porque a existência dele na minha vida me atormenta. Esse negócio mal resolvido, a incerteza. Parece que meu corpo fica eletrizado toda vez que ele toca em mim, e eu não aguento mais isso. Quero me livrar dessa sensação logo. Se meu corpo tá sentindo tanta falta de sexo assim, que seja! Vou dar o que ele quer. E aí chega, quem sabe eu tenha paz.

Alessandra suspirou, olhando para a amiga. A segurou pelo braço.

- Ah não, não me olha assim. - Giovanna pediu. Sabia que ela logo iria receber um sermão.

- Você sabe o que você está fazendo, não sabe?

- Não. - Giovanna disse, impaciente. - Me diga.

- Você tá se sabotando pra não dar certo.

- Eu não to fazendo isso..

- Você deixou o Leonardo entrar na sua vida e a gente sabe o que aconteceu. Ele tomou tudo, e te levou embora com ele. O Alexandre não é o Leonardo. Não é eficaz se proteger das partidas evitando encontros.

Ela olhou para baixo e respirou fundo.

- Você não é assim. E to falando pro seu bem quando te digo pra parar de se obrigar a ser fria com alguém que nem te machucou ainda.

- Ainda. - Giovanna repetiu.

- Pois é. Pode ser que machuque. E pode ser que não. É cinquenta cinquenta. Eu só sei que ele não tem culpa do que o Leonardo fez.

Giovanna desviou o assunto, como fazia toda vez que algo a incomodava. Começava a falar rápido, e fingir que nada tinha acontecido.



Quando ela saiu de casa, encontrou Alexandre de óculos de sol e uma camisa social branca de manga curta, encostado no carro. Ele era realmente muito gato, e dava pra ver que estava malhando porque os braços estavam colados na manga da camisa.

- Cadê o pequeno? - Ela perguntou, se aproximando para cumprimentar o ator com um beijo no rosto. Fez isso, passando a mão pelas costas dele.

- Ele queria vir, mas percebi que minha única chance de roubar um beijo seu era essa agora.. Ou depois que ele dormir.. O que significa que eu vou ficar muito tempo de castigo. - Alexandre a puxou pela cintura, grudando seu corpo ao dela.

Giovanna riu baixo, deixando ele fazer isso. Enlaçou o braço esquerdo ao redor do pescoço dele, e apoiou a mão direita em seu peitoral.

O beijou de língua intensamente, repetidas vezes. Alexandre notou que ela não estava inibida como antes, e se perguntou mentalmente se estava começando a conseguir fazer com que ela ficasse confortável ao seu lado.

- Você tá bem? - Ele perguntou num sussurro, no intervalo entre um beijo e outro.

- Uhum. - Murmurou manhosa, e voltou a beijar sua boca.

Alexandre riu, se afastando. Tirou um momento para olhar em seus olhos.

- Você tá linda.

- E você diz isso toda vez que me vê.

- Porque você tá sempre um absurdo de tão linda.

Ela sorriu, dando um selinho nele.

- Obrigada. Mas bora, meu date de hoje tá me esperando, e eu não posso atrasar. Ele é muito pontual!

Alexandre gargalhou.
Noá realmente odiava atrasos.

fix youWhere stories live. Discover now