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Alexandre se surpreendeu ao vê-la quando aceitou a ligação de vídeo.
- Liguei na hora certa? - Os olhos dele não desgrudavam da tela do celular.
Giovanna deu um sorriso leve. Tinha deixado o celular apoiado no vaso da mesa, e estava sentada na cadeira de jantar, corrigindo algumas provas enquanto tomava whisky.
- Tenho que aproveitar que os meninos não estão em casa de algum jeito. - Ela comentou, dando de ombros.
- Achei ótimo. - Alexandre sorriu, todo apaixonado, achando aquela visão a melhor coisa que já existiu. - Eu dava tudo pra estar aí agora.
Ela sorriu fraco. Evitava olhar para ele. Sentia que estava a ponto de desmoronar e começar a chorar na frente dele a qualquer momento.
- To morrendo de saudade, meu amor. - A voz do outro lado do celular era quente, rouca, desesperada, e quase apagava qualquer coisa que ela estivesse sentindo de ruim, qualquer medo, insegurança.
- Eu também to. - Ela se limitou a dizer.
- Você tá bem? Como estão os nossos filhotes? - Perguntou, usando a palavra que ela sempre dizia.
- Tudo certo, Alexandre. Tranquilo. Já te disse por mensagem.
Alexandre franziu o cenho, confuso.
- Por que você tá falando assim?
- Porque já te disse tudo isso por mensagem. Era só isso? Posso desligar?
- Não vai desligar, não. Que isso? Eu to aqui morrendo de saudade de você, e você me trata assim, Giovanna?
Ela revirou os olhos, encarando a parede ao seu lado esquerdo, toda rabiscada de giz pelos meninos.
- Fala comigo. Eu to vendo que tem alguma coisa desalinhada, eu só não sei o que é.
Giovanna balançou a cabeça negativamente. Alcançou o copo de whisky e tomou um gole que deixou descer queimando sua garganta.
- O que é? Saudade? Tá brava comigo? - Ele tentava adivinhar. - É por que eu não consegui te ligar no sábado? Amor..
Giovanna respirou fundo. Seu coração batia rápido de se lembrar dessa noite, e depois do que tinha lido na internet.
- Eu terminei o show muito tarde, muito tarde mesmo. Fiquei atendendo fã pra tirar foto, perdi a noção de tempo.
Ele conseguia ver como ela respirava fundo do outro lado da ligação. Seu peito subia e descia numa frequência intensa. Estava com raiva, e era perceptível. Por isso ela o estava evitando há tanto tempo.
- Escuta, eu preciso trabalhar. - Ela levou a mão até o celular afim de desligar.
- Amor, pelo amor de Deus, não faz isso comigo. Estamos longe, e eu não vou aguentar ficar brigado com você. Tem mais de vinte dias até eu voltar pra casa, eu simplesmente..
