CAPÍTULO 10

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Não conseguia sentir qualquer coisa pelo Gustavo

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Não conseguia sentir qualquer coisa pelo Gustavo.

Aquilo me deixou triste porque eu gostava dele, gostava de estar com ele, de permanecer naquela casa e fingir que não existia mais nada fora dali. Eu realmente quis que não existisse mais nada para além de nós dois agarrados por incontáveis dias naquela cama, se beijando, transando e fingindo que os toques singelos, e a maneira amável com a qual ele me olhava era amor... mesmo não sendo, mesmo não tendo a capacidade de compreender aquilo.

O fato de ter desistido de ir às aulas aos Sábados e no meu eterno silêncio, Luena persistir nas mensagens, me fez querer que ela desistisse como a Sônia fez, mas Luena era feito o Sol, forçando espaço em tempos nublados.

O pior é eu nem saber onde você tá.

Expeli a fumaça pelos lábios, observando o Beto, os rapazes e o Gustavo reunidos na varanda da casa no outro lado da rua. Alguns estavam sentados no murinho da entrada e outros de pé com a marmita na mão. Diferente da animação da meia dúzia de homens ao seu redor, Gustavo prestava atenção em mim sentado no meio fio.

— Fiquei doente... — Tossi.

Parece que ainda tá.

Não respondi. Joguei as cinzas no chão, observando a trilha de formigas no canto do paralelepípedo.

Fui numa roda de samba e senti falta da tua companhia.

Senti um incômodo no estômago.

— Até parece que você não tá em boa companhia.

Riu alto.

Essa é a sua desculpa pra se afastar? — Soou divertida, mas estava falando sério.

Um silêncio estranho ficou entre a gente.

— Luena, — Suspirei. — eu não tava bem e... — Umedeci os lábios. — queria te ver. — A formiga carregava uma folha verde maior do que ela.

Pena que os dias andam nublados. — Meu silêncio concordou com suas palavras. — A Talita vai embora Sábado, vamos num samba na Sexta. — Traguei o cigarro, voltando a olhar para a casa do outro lado. Gustavo não estava ali. — Assim você conhece ela e eu conheço o Gustavo. — Ela estava animada com aquilo.

Não queria que a relação que tinha com o Gustavo saísse da nossa bolha.

—A obra termina essa semana e a gente tá saindo tarde...

Não tem problema. — Insistiu de maneira doce. — Pensei em ir na Prainha.

Não queria que fosse mais ninguém além de nós dois.

— Tá bom.

Mesmo assim eu aceitei.

Luena pediu para que eu não desaparecesse até lá e nos despedimos. Eu tinha que ajudar na obra e ela tinha que dar suas aulas EAD. Quis estar a distância de mim mesmo também, talvez assim conseguiria perceber coisas que não conseguia perceber nem se olhasse no espelho.

🏳️‍🌈| O Mar que Aqui RetornaOnde histórias criam vida. Descubra agora