Hyunwoo trabalhava na cozinha do Yoo'lisa, um restaurante de prestígio crescente comandado pelo temperamental Yoo Kihyun. Apesar da fama, Hyunwoo sabia lidar com os nervos do chef como ninguém. Tudo estava sob controle, no mais perfeito equilíbrio...
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Kihyun precisou se ausentar da cozinha por alguns minutos, mas não foi Hyunwoo quem tomou o seu lugar na hora de dar bronca devido ao atraso do pedido da mesa sete. Foi Bora quem ralhou com um dos ajudantes e apressou Minghao com o molho, enquanto Hyunwoo resolvia a bagunça causada pela confusão e indecisão dos clientes da mesa dez.
Os pedidos tinham acabado de sair da cozinha quando a porta do escritório se abriu e Hyunwoo viu Kyungsoo, um dos chefs do buffet, confirmando algo para Kihyun com um enérgico aceno de cabeça. Eles trocaram mais algumas palavras antes de Kyungsoo ir embora e o chef voltou ao trabalho, o que fez o ritmo já caótico ficar ainda mais acelerado na tentativa de resolver os contratempos.
Era difícil não questionar. Em outros tempos, Hyunwoo teria perguntado casualmente sobre as diversas reuniões que haviam acontecido naquelas últimas semanas, e esperaria uma resposta direta do chef, sem rodeios ou complicações. No entanto, desde aquele dia, Hyunwoo havia prometido a si mesmo — e ao próprio Kihyun — que não se intrometeria em mais nada.
Se Kihyun desejasse que ele soubesse de algo, então deveria dizer por si mesmo. Se precisasse de sua ajuda, deveria pedir com todas as letras. Se queria uma opinião, que requisitasse com a pompa profissional da qual ele fazia tanta questão.
Mas resistir ao impulso de ler nas entrelinhas e agir em favor de Kihyun se mostrou tão difícil, que ele teve que limitar algumas atitudes extremamente comuns e mundanas. Precisava olhar menos na direção de Kihyun, por exemplo, porque seu corpo parecia agir no piloto automático quando a questão era auxiliá-lo, mesmo sem ser pedido. Também precisava se segurar para não fazer nenhuma pergunta de natureza pessoal, por menor que fosse, e engoliu suas preocupações banais ao fim do expediente, confiando que Junhui tinha, sim, abastecido o freezer.
Uma parte dele repetia conscientemente que estava fazendo aquilo apenas para manter a posição na cozinha e o emprego, que estava só respeitando a decisão do chef em mantê-lo distante de assuntos pessoais e que seu comportamento significava somente que ele estava sendo um bom profissional. No entanto, enquanto sentia aquela queimação insistente e incômoda na boca do estômago sempre que precisava engolir suas — cada vez maiores e mais frequentes — dúvidas, Hyunwoo sabia que não era só isso.
Ele estava sendo teimoso. Queria que Kihyun voltasse atrás com o que tinha dito, queria que ele pedisse ajuda, que ele respondesse por conta própria o que significavam aquelas reuniões infindáveis em seu escritório. Mas é claro que ele não faria isso.
Impossível.
Naquela noite, contudo, quando estava se preparando para ir embora, Kihyun saiu do escritório um tanto inquieto. Ele checou a despensa ao menos três vezes enquanto Hyunwoo continuava bem ali, guardando suas coisas e debatendo consigo mesmo se deveria se despedir e ir embora de uma vez, como sempre vinha fazendo nos últimos tempos, ou se arriscaria dizer alguma coisa.
