Capítulo Quatorze

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Já era fim de tarde quando deixaram o salão de festas

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Já era fim de tarde quando deixaram o salão de festas. Kihyun dirigia devagar e, da janela, Hyunwoo percebia os tons de rosa e laranja que o pôr-do-sol pintava no céu. O clima estava firme na cidade e leve dentro do carro de forma praticamente inédita e, por muitos motivos, aquilo era surpreendente.

Hyunwoo sabia que Kihyun gostava de estar no controle de tudo; mais do que isso, sabia que ele acreditava poder resolver tudo sozinho. Mas ter aquele tipo de permissão para saber mais do que os outros sobre o que Kihyun estava fazendo, dividir aquele segredo, ser a pessoa em quem Kihyun precisava confiar, estava mexendo positivamente com o humor de Hyunwoo mais do que ele gostaria de admitir.

— Não esqueça os doces da sua sobrinha — disse Hyunwoo; uma das mãos segurava a alça de proteção do carro e, quando virou a cabeça na direção de Kihyun, percebeu que ele franziu o narizinho, emburrado — foi você quem prometeu.

— Faça o favor de ficar a pelo menos dois metros de distância da minha Yujin, eu que sou o tio.

Hyunwoo deu risada e olhou para fora da janela de novo. Eles pararam em frente a uma loja consideravelmente grande, onde vendiam todo tipo de mercadoria; havia um corredor só de descartáveis, outro de produtos decorativos, e perto do balcão havia uma grande diversidade de doces. Kihyun cumprimentou a pessoa que estava do outro lado, um senhor grisalho, forte e de costas ligeiramente curvadas, que sorriu e se levantou do lugar para vê-lo melhor.

— Ah, Kihyunnie. Eu não sabia que você estava na cidade. Vi sua mãe esses dias.

— Vou ficar só até domingo — Kihyun respondeu, educado —, mas Yujin já está me cobrando o preço por ficar tanto tempo longe.

Os dois riram, então o senhor se aproximou ainda conversando amenidades enquanto Kihyun escolhia os doces — um pouco demais, na opinião de Hyunwoo. Eles falaram sobre a loja, sobre o restaurante na cidade grande e sobre um cachorro que aparentemente já estava ficando velho, ao passo que o senhor colocava as guloseimas dentro de um saco de papel, e então eles saíram da loja e voltaram para o carro.

— É incrível como todo mundo se conhece aqui — comentou Hyunwoo.

— Essa cidade é um ovo, a gente não tem como não conhecer alguém.

— Sua mãe parece ser muito querida também.

— Ela é. — Dessa vez, Kihyun deu um sorrisinho. — Minha mãe é simpática e muito carinhosa, as pessoas gostam dela de graça. Acho que ela desperta um instinto protetor em quem a conhece, principalmente depois de tudo que ela passou com-

Kihyun se interrompeu. Mal tinha reparado sobre o que estava falando, ou sobre como estava falando demais. Não que Yeojoo fizesse qualquer questão de esconder sobre seu passado ou suas dores, mas Kihyun não achava ter o menor cabimento falar sobre esse tipo de coisa de forma tão despretensiosa.

Era só que Hyunwoo tinha algo que deixava Kihyun muito à vontade; muito mais do que ele achava ser seguro. Ele nunca tinha notado aquilo antes, mas quando Hyunwoo estava por perto, Kihyun expressava muito, fosse pelo olhar, pelas palavras ou pelas ações. Era por isso que Hyunwoo conseguia saber sempre que algo estava desagradando o chef na cozinha; era por isso que ele havia se intrometido em sua reunião com Hoseok e Minhyuk poucos meses atrás; era por isso que Kihyun havia convencido a si mesmo e que eles precisavam se distanciar.

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