▬ 001 𝘠𝘰𝘶𝘳 𝘮𝘪𝘯𝘥 𝘪𝘴 𝘳𝘦𝘴𝘵𝘭𝘦𝘴𝘴.

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CAPÍTULO UM
Eles dizem que você está se tornando melhor, mas você não sente nenhuma melhora.

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AS PAREDES BRANCAS E DESBOTADAS não eram exatamente um incentivo bom o suficiente para melhorar em alguma coisa

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AS PAREDES BRANCAS E DESBOTADAS não eram exatamente um incentivo bom o suficiente para melhorar em alguma coisa.

Os gritos, barulhos de solas de sapatos alçando o chão, batidas em paredes, chaves destrancando portas e sussurros eram perturbadores.

Mas um barulho em questão tirou minha atenção, alguém sussurrava contra a parede ao meu lado, parecia cantarolar uma música calma e antiga. Me aproximei, me sentando no chão e encostando minhas costas na úmida e gélida parede branca para ouvir melhor.

A voz era encantadora, suave e reconfortante. Se voz pudesse ser lar, então essa seria uma casa aconchegante.

Sorri e fechei os olhos, apoiando minha cabeça na parede, tentando calar todos os outros sons indesejáveis e tendo sucesso nisso.

A personificação de lar se foi quando uma porta pesada e barulhenta se abriu, calando a voz do anjo, o ambiente sendo preenchido por protestos e gemidos de dor, algo parecia estar quase se arrastando do chão e de novo, uma porta de fechou.

Me levantei bruscamente e fui até a minha porta, olhando sem muita clareza para um quadrado onde me permitia a ver o lado de fora e eu pude notar metade do rosto daquele anjo.

Marcas roxas preenchiam suas pernas e seus braços, fora algumas manchas pretas, sua roupa que um dia já fora num tom azul claro quase branco, pareciam ter décadas de uso.

E de repente, uma buzina ecoou pelos meus ouvidos, pestanejei, atordoada, tentando focar minha visão a minha frente, tentando me localizar e entender o que estava acontecendo.

Uma placa de 80km/h passava por minha visão, desviei para o ponteiro do carro e vi que estava em 50km/h, olhei para o retrovisor e vi um carro buzinando mais uma vez.

Buzinei de volta e abri a janela do carro, colocando meu braço livre para fora e deixando amostra o meu dedo do meio para o carro de trás.

A estrada estava quase vazia, logo iria escurecer e ele podia muito bem ter me ultrapassado, já que a rua asfaltada era larga o suficiente para caber dois carros de porte médio.

Acelerei o carro, chegando a quase 90km/h e vendo o carro acinzentado de trás ficar cada vez menor, até que desaparecesse.

Aumentei o som da música que tocava na rádio, ao ponto de não ouvir mais nada além das batidas da música e a voz de Thom Yorke que acalmava todas as células do meu corpo.

Tentei me esquecer do que acabara de acontecer, aproveitando a estrada vazia a minha frente e testando minha voz. Fazia tanto tempo que eu não falara um "a" que de começo, saiu rouca. Eu pouco me importei e cantarolei, só havia eu naquela estrada agora, o céu claro se tornava sombrio aos poucos, a estrela mais brilhante do céu deu o ar de sua graça e eu sorri.

Your mind is restless
(Sua mente está agitada)
They say you're getting better
(Eles dizem que você está se tornando melhor)

Acelerei o carro mais uma vez, chegando a 100km/h. Não havia nada além dos meus faróis acesos, o céu em um tom azul escuro no topo e alaranjado nas bordas, algumas estrelas se juntavam a estrela mais brilhante enquanto as batidas da música aumentavam.

But you don't feel any better
(Mas você não sente nenhuma melhora)
Your speakers are blowing
(Seus alto-falantes estão estourando)
Your ears are wrecking
(Seus ouvidos estão destruindo)
Your ears are damaged
(Sua audição danificada)
You wish you felt better
(Você deseja se sentir melhor)

Eu cantava com todo o ar dos meus pulmões — mesmo que a música não fosse exatamente um rock daqueles tipo gritaria, mesmo que me causasse a mesma sensação — sem me importar se eu parecia ridícula ou desafinada.

As batidas ecoavam pelo carro e meus dedos presos no volante seguiam seu ritmo, enquanto eu me esforçava para não fechar os olhos e sentir a música corretamente.

Já era a oitava vez que a música tocava. Sem pausas. A sensação de libertação ecoava pelo meu corpo, a sensação do novo, mas ao mesmo tempo, do estranho, do desconhecido.

A estrada vazia e escura só intensificava ainda mais os sentimentos e deixava essa música ainda melhor do que ela já era.

Olhei para o banco de passageiro e peguei o copo branco e descartável que estava ali junto com um canudo de papelão, tomei o líquido que estava dentro, tentando cessar minha sede e molhar minha garganta, tentando fazer com que minha voz não ficasse mais rouca.

Já faziam pelo menos seis horas que eu estava dirigindo. A parte de trás do carro estava repleto de caixas de mudanças, algumas coisas de decorações, fora o porta-malas que também tinham outros itens.

Era difícil deixar tudo para trás, não tanto quanto seria para pessoas mais sensíveis, mas ainda difícil. Era como um sopro gélido no estômago se jogar no desconhecido.

Mas eu gostava. Era como adrenalina.

Logo o copo estava vazio e eu agradeci quando vi a placa esverdeada escrita "The City of Forks Welcomes You". Logo os altos pinheiros tomavam conta da estrada, dando a uma pequena cidade, parecia monótona até demais.

Eu nunca morei em uma cidade como essa, talvez fosse bom sair do meu normal.

Pelo menos, era o que eu esperava. E precisava.

Declarações finais: 🍂 Primeiro capítulo simples e básico pois a pobre da Madeline merece um pouco de paz antes das tempestades né? 😂

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Declarações finais:
🍂 Primeiro capítulo simples e básico pois a pobre da Madeline merece um pouco de paz antes das tempestades né? 😂

🍂 Não sejam leitores fantasmas, por favor 🤎

𝐀𝐟𝐭𝐞𝐫 𝐲𝐨𝐮 | 𝐀𝐥𝐢𝐜𝐞 𝐂𝐮𝐥𝐥𝐞𝐧Where stories live. Discover now