16. ACASOS

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Hate The Way - Sofia Carson
Eu odeio o jeito que você diz meu nome
Eu odeio seus lábios perfeitos nos meus
Se eu pudesse, eu cortaria os freios
Eu odeio que eu não posso fazer nada além de ficar acordada pelo resto da noite."

Any

Eram 1 e meia da madrugada. Eu e Josh tínhamos acabado de voltar do jantar com nossos dois amigos.

— Ainda não acredito que Noah foi dormir com Shiv — comentei. — Tipo, quê?

— Eles são rápidos! — o loiro gargalhou enquanto colocava seu casaco no suporte ao lado da porta. Ele trancou o apartamento e me seguiu no caminho para o quarto.

Ao me lembrar dos momentos do jantar, lancei-lhe um olhar sedutor inconscientemente. Logo, tentei disfarçar, mas percebi que só piorei a situação quando Beauchamp sorriu.

Que caralhos estou fazendo?

Um silêncio rápido surge e eu faço questão de quebrá-lo:

— Eu... — Pensei no quê podia dizer — eu to morrendo de sono. Vou me trocar, ok?

Por que eu disse isso? Por que ele precisa saber?

Era inegável afirmar que eu estava fora de mim. O garoto havia me desconcertado com as suas provocações durante a refeição.

Depois dos carinhos repentinos, foram alguns sussuros, e depois algumas piscadinhas. Eu sabia o que aquilo significava, mas não podia acreditar.

Claro, aquela sensação já havia sido percebido durante o baile de máscaras, mas decidi ignorá-lo. Só podia ser efeito dos Rossini's.

Todavia, naquele momento, completamente sóbria, o sentimento existia e era ainda maior.

Até poucas semanas atrás, eu o odiava. Como isso desapareceu tão rápido?

Mesmo que meu corpo pedisse o contrário, deitei-me na cama sozinha, sem dizer "boa noite" ou qualquer outra coisa. Tinha medo do que sairia da minha boca caso eu abrisse.

Entretanto, Josh não se deitou logo em seguida.

Ele se aproximou da minha cama e, por pensar que eu estivesse dormindo, acariciou minha cabeça e assim finalmente falou:

— Boa noite, Any.

Foi só depois disso que finalmente consegui cair no sono.

...

305 - Shawn Mendes
"São 3:05
Estou em um passeio de montanha-russa
Esperando que você não mude de ideia

Eu não quero deixar ir, nunca tive tanta certeza na minha vida."

3:05. Minha garganta estava seca e implorava por um copo de água no meio da madrugada.

Levantei-me ainda com muito sono, então nem me dei conta de acender as luzes. Apanhei o copo mas quando estava prestes a voltar, o ambiente se iluminou.

O susto fez com que eu largasse o copo da mão e ele se espatifou inteiro no chão.

— Por deus! — exclamei. — O que você tá fazendo aqui?

Josh surgiu de repente. Aparentava estar muito cansado.

— O que você tá fazendo acordada e no escuro?

— Ué, estou com sede e com muita preguiça de acender a luz. Mas agora você fez isso por mim e... bem, veja os resultados. — Apontei para os cacos de vidro espalhados e nós rimos.

— Isso vai dar muito trabalho.

Então, agachei-me e passei a pegar os pedaços cortantes com a mão.

— Cuidado! — ele avisou.

Tarde demais.

Um dos cacos já havia entrado na minha mão.

— Você está com tanto sono assim? — disse ele sorrindo. — Fique aí, vou pegar meu kit de primeiros socorros.

Josh voltou em alguns segundos e sentou no sofá branco. Ele me chamou e eu sentei ao seu lado, colocando minha mão em seu colo.

— Isso vai doer um pouco, tá? — avisou, já que teria que tirar o caco de vidro com uma pinça. Assenti e pressionei os meus lábios.

Quanto senti a partícula sair do meu dedo, soltei um suspiro de alívio.

Josh, então, limpou o machucado — que por sinal, havia sido mais profundo do que eu imaginava — e enrolou um band-aid por sua volta.

Lancei-lhe um sorriso e um olhar grato. Ele o retribuiu. Entretanto, permanecemos nos encarando por mais tempo do que o necessário

— Obrigada, Josh. Agora, por favor, nunca mais me assuste daquele jeito!

— Claro — disse o loiro, rindo. — Mas prometa-me que nunca mais vai tentar pegar cacos de vidro com a mão. Que ideia foi aquela!?

Nós rimos e permanecemos nos mirando.

Um frio atingiu a minha barriga e eu me senti como uma adolescente de novo. O que estava acontecendo?

O imã que surgiu entre nós no dia do baile pareceu estar de volta. Automaticamente, me mexi no sofá para estar colada em seu corpo. Josh pareceu satisfeito, já que, ao invés de se afastar, fez questão de se aproximar mais ainda.

Ele ajeitou os fios de meus cabelos para trás, o que só aumentou o frio na barriga. Coloquei minha mão sobre sua bochecha e analisei seu rosto por mais tempo.

— Já te falei que é muito bonito? — confessei.

— Não, na verdade. — Sorriu. — Obrigado. Você sabe que também acho você... bom, acho que você é deslumbrante.

Eu havia reparado em sua beleza desde o primeiro dia, mas tantas coisas aconteceram que... simplesmente parei de notar. Agora, esses sentimentos voltaram à tona.

Não queríamos mais perder tempo. Josh colocou sua mão em minha cintura e colou nossos rostos. As testas se encostaram primeiro, depois os narizes — ali, conseguia sentir sua respiração ofegante, combinando com a minha.

Levaram só alguns segundos para seus lábios estarem colados aos meus.

Seu beijo era doce e delicado. Nossos lábios pareciam se encaixar perfeitamente e nossos movimentos estavam em perfeita sintonia. Ele acariciava a minha cintura e eu fazia a mesma coisa em seu rosto.

Em um certo momento, nós interrompemos o momento e nos olhamos fixamente. Por algums segundos, pensei que Josh pudesse se arrepender, mas ele apenas disse:

— Agora, não há ninguém para nos interromper.

Ele me deitou no sofá e mordeu o meu lábio, logo após soltou um sorriso. Nossas pernas se entrelaçaram e senti meu coração acelerar.

Ele juntou nossos lábios de uma forma que não eram mais os lábios de Any e os lábios de Josh. Mas sim, lábios de Any&Josh.

Foi só naquele momento que percebi o quanto eu estava esperando por aquele beijo. Por que esperamos tanto tempo?

Não queríamos sair dali tão cedo.

Room 369 | BeauanyWhere stories live. Discover now