20. DESORDENS

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an ego thing - Lizzy McAlpine
Não é que eu te odeie,
eu odeio que isso machuque.

Any

Ao despertar, senti meus olhos ainda pesados, como se não tivesse descansado o suficiente. Memórias da noite anterior chegavam lentamente à minha consciência, mas ainda não me recordava de como havia parado em minha cama.

Algo estava errado.

– Josh? – chamei-o, mas não obtive resposta. Finalmente abri os olhos e percebi que estava realmente sozinha, o que era inédito. Noah e Josh nunca acordavam antes de mim.

Levantei da cama e troquei as minhas roupas, com objetivo de procurá-los pelo campus. Sabia que aquele era o dia que Bailey, um amigo de infância, chegaria e eu gostaria de estar lá para recebê-lo também. Usei o elevador e logo cheguei à área dos restaurantes.

Avistei-os em uma mesa e sentei-me, dizendo:

– Bom dia, meninos. – Mirei o garoto desconhecido na mesa. Tinha cabelos morenos, olhos da mesma cor e tinha uma feição agradável. – Você deve ser Bailey.

– Bailey, essa é Any. Any, este é Bailey! – Noah nos apresentou.

Entretanto, Josh parecia estar absorto em seus pensamentos, já que não havia dito nenhuma palavra desde então. Encarei-o e sussurrei:

– Está tudo bem?

Ele apenas assentiu em resposta, então decidi deixá-lo em paz. Seja lá o que fosse, ele parecia querer lidar com aquilo sozinho.

Tivemos uma conversa agradável enquanto tomávamos café da manhã e fizemos planos para o nosso dia.

– Poderíamos jantar na Times Square, não? E depois irmos naquela balada que está sempre cheia – Noah sugeriu animado.

Todos concordaram, exceto Josh – afinal, ele não parecia prestar atenção em nada do que estava sendo comentado.

– Josh? – Noah chamou.

Ele acordou de seu transe e apenas assentiu.

– Eu... eu acho que preciso ir – disse o loiro, se levantando rapidamente da mesa e provocando confusão em todos que ali estavam.

Logo me levantei e quando estava prestes a correr em sua direção, Noah segurou meu braço e me manteve parada. Falou:

– Any, não vá. — Assim, sentei-me de volta à mesa, até porque, Urrea o conhecia melhor do que qualquer outra pessoa. – Melhor o deixarmos sozinho.

...

Ao longo do dia, tentei conversar com Josh, mas sem sucesso algum. Das poucas vezes que consegui entrar no quarto, ele estava deitado em sua cama com um semblante terrível, sem a mínima vontade de olhar na minha cara. Mais um mal-estar, pensei.

Decidimos, então, ir ao jantar e à balada sem o garoto. Eu, Noah e Bailey pensamos que fosse melhor assim.

– Algum dos dois sabe o que aconteceu com Josh? – eu comentei, enquanto nos dirigíamos até o local.

Noah negou, e seu amigo disse:

– Bom, eu não o vejo há tempos... então também não sei o que está acontecendo.

– Devemos deixar isso pra lá – Urrea recomendou. – Sei que está chateada, Any, mas vai se machucar menos se deixá-lo em paz por algum tempo. Só relaxe, aproveite a festa ficando um pouco bêbada e... provavelmente tudo estará bem amanhã.

Provavelmente? Eu odiava aquela palavra.

Suspirei fundo, e as palavras presas em minha garganta finalmente se expeliram:

– O problema é que Josh é muito imprevisível.

Surgiu-se um silêncio após a minha frase e os dois garotos se entreolharam no banco da frente. Bailey vacilou um pouco, e pareceu se arrepender do que estava prestes a dizer. Já Noah, ponderou.

– Acho que devemos parar de falar sobre isso – disse Urrea logo depois de engolir em seco.

– Any está certa. – Bailey finalmente encontrou coragem suficiente para dar a sua opinião sem rodeios: – Mesmo que eu não esteja tão próximo dele agora, do pouco que me disseram, parece que Josh está sendo um pouco insensível.

Descarreguei os músculos tensionados e os dentes pararam de ranger em alívio. Ao menos alguém ali validava as minhas opiniões.

– Desculpe, Noah – ele continuou. –, sei que sempre irá defendê-lo. Mas, Any, eu te entendo. Você pode contar comigo.

Urrea optou por permanecer calado, então me senti na liberdade de desafogar-me nas palavras e joga-las para longe.

– Odeio que quando finalmente sinto avançar na relação com Josh, tudo se desmorona de repente sem nenhum tipo de explicação. É como dar 1 passo para frente, mas 3 para trás.

– Continue – pediu.

Bailey me escutou pelo resto da noite, e as confissões se intensificaram quando chegamos à festa e consequentemente, ao bar.

Claro, falamos sobre outros assuntos em respeito a Noah. Da mesma forma, May – o que descobri ser seu sobrenome em uma das conversas – parecia estar disposto a ouvir-me a qualquer momento que eu precisasse.

Costumava sentir isso com Josh.

Costumava.

Room 369 | BeauanyDonde viven las historias. Descúbrelo ahora