27. SINAIS

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Liability - Lorde
Você é um pouco demais para mim
Então eles dão um passo atrás, fazem outros planos
Eu entendo, sou um fardo
Te deixo louca, te faço ir embora
Sou um pouco demais para todo mundo

Josh

NOTA DA AUTORA: Atenção, leitores! A partir deste ponto, a história passará a abordar assuntos muito sensíveis que podem causar gatilhos em alguns.
Por favor, fiquem atentos e não ultrapassem seus limites.
Obrigada por lerem e se cuidem sempre!
Agora, vamos ao capítulo 27: SINAIS

...

O sol da manhã bateu em meu rosto e destacou a minha dor de cabeça diária. Entretanto, parecia pior daquela vez.

Peguei alguns dos meus remédios na gaveta e tirei uma roupa do armário, afinal, estava completamente nu por conta da minha noite anterior com Any. Por sinal, a garota não estava no quarto e imaginei que fora ler algum livro no jardim externo da Juilliard como sempre fazia.

Entrei no banheiro ainda sem as roupas e logo deparei-me com uma imagem não tão agradável no espelho: minha face estava péssima, com bolsas escuras abaixo dos olhos e boca um pouco pálida. Ah, e também haviam as cicatrizes.

No momento com Any, esquecera-me delas e foi lastimável relembrá-las daquela maneira. Por mais que ela tentasse disfarçar, eu consegui perceber em sua expressão uma certa preocupação e um pouco de vacilo antes de continuar o que estávamos fazendo. Eu também não gostava delas, e era justamente por isso que as escondi de Any.

Inesperadamente, senti uma ânsia gigantesca dentro de mim e corri até o vaso sanitário, quase arrancando a tampa de desespero. Os vômitos estavam ficando mais frequentes, mas não sabia se aquele era realmente um sinal ou apenas desgosto por mim mesmo e por tudo que estava escondendo.

Quando finalmente acabei, peguei as pílulas e as engoli sem água ou qualquer outro líquido de uma vez só. Lágrimas começaram a escorrer e eu as deixei livres, pois não sabia se aguentaria mais tempo com aquele segredo.

Escondia não somente de Any, mas de todos os meus amigos da faculdade nos quais eu também confiava. Meus amigos em Toulouse (como Noah e... bom, Bailey) e minha família eram os únicos que sabiam.

Aquilo já estava passando dos limites. Minha confiança e meu elo com Any estavam cada vez maiores, e... não, aquilo definitivamente não podia acontecer se ela não soubesse de nada – o que era o caso. Era tudo tão injusto.

De um lado, Any tinha certeza de que tudo estava bem e que terminaríamos a faculdade juntos e seríamos felizes por um bom tempo.

No outro, eu corria o risco de perder a pessoa que mais amava por algo que, em partes, não tinha controle.

As lágrimas e o desespero não paravam de aumentar, até que ouvi batidas na porta.

— Josh?

Any chamava-me e eu não tinha o mínimo de condições de atendê-la. Respirei fundo e tentei disfarçar pela minha voz:

— Há quanto tempo está aqui?

— Tempo o suficiente para saber que algo está errado — respondeu, batendo à porta mais uma vez. — Vamos, amor, abra.

Não há como esconder agora.

Era melhor que eu contasse do que se ela descobrisse de outra forma, certo? Então abri a porta e encontrei-a com um semblante preocupado.

Room 369 | BeauanyWhere stories live. Discover now