42. DESPEDIDAS

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Cancer - Twenty One Pilots
"Eu não irei te beijar
Pois a parte mais difícil disto é deixar você"

Any

Meu mundo paralisou-se por aqueles segundos.

Meu coração pulsava mais forte. O que estava acontecendo?

Eu não era capaz de controlar a minha própria respiração. Tentei chamá-lo ao ver a queda, mas minha voz parecia ter sido tomada pelo desespero. Ao invés disso, pelos poucos segundos que pareceram infinitos, eu apenas tive a visão de seu corpo caído no chão, com a taça quebrada ao seu redor.

Tudo parecia perfeito a apenas alguns minutos atrás. Agora, as lágrimas ameaçavam cair e não demoraram muito para fazê-lo.

Escutei as vozes de Noah desesperadas por seu amigo e... também fui capaz de perceber outra voz, que parecia ser a minha, constantemente dizendo: "Não, não, não."

Alguns dos convidados provavelmente chamaram pelo meu nome, encostaram em meus ombros a fim de conseguir a minha atenção, o que foi um fracasso. Meus olhos continuaram vidrados em Josh.

A única coisa que foi capaz de me salvar do transe não demorou muito para acontecer: Josh abriu seus olhos, mostrando não estar completamente inconsciente. Em um instante, eu já estava ajoelhada ao seu lado e segurando uma de suas mãos.

O garoto demonstrou querer dizer algo, mas foi interrompido por um desconforto: seu corpo se contraiu e ele agonizou por uma dor que eu queria que fosse minha.

Por que isso está acontecendo agora?

— Chamem uma ambulância! — Noah gritou, fazendo de seu pedido uma ordem para todos ali presentes. — Agora!

Josh apertou a minha mão com extrema força durante um dos picos de dor, tentando aliviá-la de alguma forma. Não pareceu funcionar, pois ele permaneceu petrificado, tremendo que a cada movimento, a dor aumentasse. Não podíamos fazer nada para ajudá-lo, além de esperar por ajuda.

Ao abrir os olhos novamente, Josh tentou dizer algo, mas não foi capaz. Então, tentou novamente.

Noah o interrompeu:

—Não precisa dizer nada. Eu só preciso que continue me escutando, ok? — implorou. — Fique aqui comigo.

O loiro assentiu, ainda batalhando contra sua agonia. Eu podia sentir seu olhar penetrando-me, como se tivesse todas as palavras do mundo prontas para sair, mas não conseguia.

No meu caso, tentei dizer: queria dizê-lo tudo o que não dissera antes; queria que Josh soubesse de todas as coisas que uma vez esquecera de contá-lo e... queria dizer que o amava. Eu não queria correr o risco de não dizer a tempo, entretanto, as lágrimas me impediram.

Depois de tanto tempo debatendo-se, Josh pareceu se entregar: ele inclinou a sua cabeça e começou a fechar os olhos. Até que não o deixei.

— Josh! — chamei-o, enquanto o choro apertava. —  Não faça isso. Por favor.

De alguma forma, ele escutou a minha súplica e voltou a tentar se reerguer. Mesmo assim, a sua angústia parecia estar longe de ir embora pois soltou um suspiro agonizante.

Estou tentando. — Foi a única coisa que Josh conseguiu dizer, em meio a todo o caos.

Seus olhos apertavam, seu pulso se contraia e a palidez era tanta que assustava-me. Eu nunca o havia visto em uma situação tão vulnerável.

Estava acostumada com a sua postura resistente, sempre mostrando força em relação à doença. Não daquela vez.

Os médicos da emergência finalmente chegaram, nos proporcionando um pequeno glance de esperança.  Eles fizeram alguns procedimentos de praxe, tentando estabilizar a situação de Josh, e mesmo que o fizessem esforçadamente, nada funcionava.

Room 369 | BeauanyWhere stories live. Discover now