TCHAU INSEGURANÇA

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Tomei um banho demorado e comecei a ficar nostálgica enquanto secava meus cabelos. Tanta coisa aconteceu nos últimos três anos; minha vida virou do avesso. Sinto que não sou mais a mesma Amanda. Mas o que mudou? Não consigo me compreender. Será o cansaço?

Saí do transe com o toque do meu celular.

*Henrique ligando.*

- Oi neném, aquele caso da dona Amélia que avaliamos pela manhã realmente era cirúrgico, acabei de sair da sala de cirurgia.

- Oi, vim para casa pensando nela. Ocorreu tudo bem?

- Sim, tudo sob controle. Finalizo aqui em 1h. O que acha de irmos preparar nosso jantar? Sei que seu dia foi exaustivo. Podemos curtir uma preguiça juntos.

- Eu adoraria. Mas hoje não dá, infelizmente. O Fred organizou um churrasco de aniversário do programa, fui intimada a comparecer.

- Tudo bem neném, vou para casa. Se diverte e aproveita. Me liga se precisar de carona.

- Obrigada por se preocupar. Mas vou dirigindo, estou cansada e não pretendo beber assim. Só vou para não fazer desfeita. Fiquei de buscar a Lari.

- Tudo bem então, nós vemos amanhã?

- Claro!

- Combinado, boa festa.

- Obrigada, bom descanso.

Entro no meu closet imenso e enquanto procuro uma roupa para usar nesta noite, meu pensamento continua voltado para Henrique. Nos conhecemos há sete meses no hospital, onde ambos trabalhamos. Desde então, nossa química foi incrível. Henrique e atencioso, carinhoso e prestativo, e, nos últimos cinco meses, estávamos ficando sem rótulos, sem cobranças. Ele já havia demonstrado interesse em firmar um compromisso sério, e eu o apresentei aos meus amigos e até à minha família - ele até passou o Natal conosco.

A sensação estranha de não tê-lo convidado para a festa me incomodava. Todos os meus amigos sabiam que estávamos juntos, então por que não o convidei para me acompanhar até a festa? Meu celular estava em minhas mãos, e eu ponderava fazer o convite a Henrique. Ele havia terminado o plantão e ofereceu-se para cozinhar para mim, um gesto gentil.

Mas então eu considerei o contexto da festa. Era um evento para os ex-participantes da edição do programa, onde relembraríamos o que vivemos. Henrique, sendo um médico cirurgião, se sentiria deslocado nesse ambiente. Decidi que amanhã, em vez disso, organizaríamos uma programação especial só para nós dois, algo que nos permitisse aproveitar nosso tempo juntos de maneira significativa.

Enquanto vasculhava meu closet em busca da roupa perfeita para a comemoração, comecei a me sentir insegura. As festas do Fred sempre eram elaboradas, e eu não tinha certeza do que esperar desta vez. Nada parecia certo: básico demais, comum demais, sexy demais... A incerteza se instalou, mas então meus olhos se fixaram em um vestido dourado, uma peça única feita especialmente para mim por um estilista renomado.

Peguei o vestido nas mãos e recordei o dia em que o estilista o entregou. Ele me explicou como desenhou cada recorte estrategicamente, pensando em cada curva do meu corpo. Era ousado, sem dúvida, mas espere um momento, era uma comemoração! Celebrávamos três anos desde que eu havia vencido o BBB. Por que eu estava me sentindo insegura? Eu tinha todos os motivos para usar esse vestido.

Decidi vesti-lo. Combinei-o com uma sandália preta básica, deixei meus cabelos soltos e lisos, e fiz uma maquiagem discreta. Afinal, o vestido era um espetáculo por si só. Olhei-me no espelho do banheiro e me apaixonei pelo que vi. Tirei uma foto, pronta para atualizar o Instagram e compartilhar esse momento especial com meus seguidores. Era hora de celebrar e me sentir confiante em minha própria pele.

CORPO EM CHAMAS (DOCSHOE)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt