LIGUE PARA AMANDA

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Henrique

Estou sentado na minha pequena sala no hospital, encarando uma pilha de prontuários médicos, mas minha mente está em outro lugar. Amanda. Seu nome dança na minha mente como um fantasma que eu não consigo afastar. A ferida está fresca, e mal consigo evitar pensar nisso.

Os médicos e enfermeiros correm de um lado para o outro, pacientes precisam de atenção, mas estou preso no meu próprio turbilhão emocional. Minha mão desliza sobre a superfície fria da mesa, tocando uma foto de Amanda que coloquei ali. É uma imagem de nós dois na minha chácara, sorrindo, felizes.

Eu fecho os olhos por um momento e me forço a me concentrar no trabalho à minha frente. A medicina sempre foi minha paixão, e não posso permitir que minha vida pessoal interfira no meu dever de cuidar dos pacientes. Mas, a cada diagnóstico que faço, a cada cirurgia em que participo, a imagem de Amanda surge como uma sombra pairando sobre mim. Será que o amor que compartilhamos significou algo para ela, ou foi apenas um tapa buraco? Não consigo entender.

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Naquela noite após o plantão, estava no meu lugar de sempre, no canto do bar, observando o movimento ao meu redor. O som das conversas animadas e das risadas preenchia o ar, enquanto Hugo, um médico meu amigo. se sentava ao meu lado, pedindo a de sempre, um uísque duplo.

- E aí, Henrique? - Hugo perguntou, com um sorriso de lado. - Como você está?

Balancei a cabeça, suspirando enquanto virava o meu copo.

- Estou bem, cara. Só um pouco atordoado com as notícias.

Hugo franziu a testa, preocupado.

—  Notícias? O que aconteceu?

Eu olhei para ele, com um olhar sério.

— Amanda foi para Miami, atrás de Antônio.

Hugo ficou em silêncio por um momento, processando a informação.

- Isso é sério?

Assenti com a cabeça.

- Sim, cara. Parece que ela finalmente se resolveu. E o pior de tudo, não teve a mínima consideração de me avisar, mandar uma mensagem.. sei lá

O barulho do bar parecia diminuir enquanto Hugo e eu conversávamos. Ele apertou o punho e deu um gole no seu uísque.

— Como você está lidando com isso?

Suspirei novamente, lembrando-me da minha conversa Isabella

- Eu não sei, Hugo. É difícil. Eu a amo, e por um momento, pensei em largar tudo aqui e ir atrás dela. Trazer ela de volta..

Hugo colocou a mão no meu ombro em um gesto de apoio.

— Pensa bem. Você é um cara forte, Henrique. Vai superar isso, não importa o que aconteça.

Eu sorri fracamente para ele, agradecido por seu apoio.

- Obrigado, Hugo. Ainda não conseguir digerir tudo, mais vai passar. Tudo passa, né?

Hugo acenou com a cabeça, concordando.

— Claro que sim.

Hugo esvaziou o copo e depois nos perdemos em uma conversa sobre nossos trabalhos no hospital. Os plantões intermináveis e as histórias surreais que vivíamos lá eram um dos nossos principais tópicos de conversa.

- Sabe, Hugo, às vezes acho que a loucura do hospital é mais fácil de lidar do que os problemas pessoais - comentei, tentando sorrir apesar da dor que ainda me corroía.

Hugo assentiu, entendendo perfeitamente o que eu queria dizer.

- É, Henrique, no hospital, pelo menos sabemos o que esperar. Na vida, as coisas são imprevisíveis.

Enquanto continuávamos a conversar, o relógio avançava, e Hugo eventualmente se levantou para ir embora. Ele bateu no meu ombro e desejou-me força.

- Se cuida cara. Qualquer coisa, me ligue - ele disse, antes de desaparecer na noite.

Fiquei mais um tempo no bar, afogando minhas mágoas nos goles finais do uísque. Quando finalmente decidi que era hora de ir para casa, peguei minhas chaves e saí do bar.

No caminho de volta para casa, a chuva começou a cair, tornando a estrada escorregadia. A visibilidade era baixa, e eu estava dirigindo mais rápido do que deveria, perdido em meus pensamentos. De repente, um carro surgiu na minha frente, sem aviso prévio, e não consegui frear a tempo.

O impacto foi assustador. Meu carro girou e bateu contra a mureta de proteção, fazendo-o capotar. Tudo ficou turvo e barulhento, e então, o silêncio.

Quando recobrei a consciência, estava preso nas ferragens, com sangue escorrendo do nariz e uma dor intensa.

Minha visão estava turva, e a dor era avassaladora. Eu sabia que estava ferido e em um estado grave. O barulho distante das sirenes se aproximava, e logo vi as luzes de emergência piscando. Socorristas se aproximaram de mim, fazendo o possível para me estabilizar enquanto me retiravam das ferragens.

Tudo parecia um borrão, mas uma voz penetrou na minha mente atordoada.

- Senhor, estamos aqui para ajudar. Para quem devemos ligar?

Eu lutava para respirar, para pensar, para lembrar. Mas uma lembrança clara surgiu em meio ao caos. Amanda, minha Amanda. Ela era a única pessoa que eu queria que soubesse sobre o acidente, a única pessoa que eu queria ver, segurar a minha mão naquele momento terrível. Era por causa dela que cheguei a esse estado.

Com dificuldade, consegui murmurar:

- Amanda... ligue para Amanda, por favor.

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O nome Henrique veio pra essa au, por gosta desse gato aqui que é muito meu crush! Vamos combinar que ele é o nosso Henrique de CORPO EM CHAMAS ?

O nome Henrique veio pra essa au, por gosta desse gato aqui que é muito meu crush! Vamos combinar que ele é o nosso Henrique de CORPO EM CHAMAS ?

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CORPO EM CHAMAS (DOCSHOE)Where stories live. Discover now